Sinopse: Em 'Infiel', sua biografia precoce, Ayaan Hirsi Ali narra a impressionante trajetória de sua vida, desde a infância tradicional muçulmana na Somália até o despertar intelectual na Holanda e a existência cercada de guarda-costas no Ocidente.
Livro: Infiel
Autora: Ayaan Hirsi Ali
Tradução: Luiz Antônio de Araújo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 504
Até pouco menos de um mês eu nunca havia ouvido falar de Infiel. Talvez porque não costume ler biografias (hábito que preciso mudar urgentemente), mas a verdade é que eu vinha perdendo um livro de qualidade ímpar.
Decidi pela leitura de Infiel bem por acaso. O tema de novembro para o Desafio Literário 2012 era autor africano e me pegou em um momento meio complicado (mais conhecido como falta de planejamento), então decidi baixar o livro que fosse ler. Vasculhei em uma lista de indicações e fui para o google em busca de ajuda. Infiel foi o primeiro que consegui baixar em português e a qualidade do texto era muito boa, com tradução original e tudo.
E foi isso. Não escolhi Infiel, o livro é que me escolheu. E que leitura maravilhosa foi esta! A autobiografia de Ayaan é fortíssima, mas muito envolvente. A escrita da mulher é eficaz, pontual, sem exageros e muito menos excessos. E é de um senso crítico sem tamanho. Impossível ler e não se forçar a pensar. Alias, devo me corrigir, o leitor não é forçado a pensar, a reflexão vem naturalmente, porque não tem como tomar contato com as coisas que Ayaan nos apresenta e não pararmos pelo menos alguns instantes para reflexão.
Infiel é dividido em duas partes: a primeira conta a história de Ayaan ainda na África, desde a sua infância (e até mesmo um pouco antes dela, já que comenta inclusive sobre a história de sua mãe e de seu pai) até o início da vida adulta. A segunda parte me pareceu um pouco menor (eu li no kindle, então não tenho uma noção exata do número de páginas usado) e conta sobre o período que Ayaan passou na Holanda, desde a sua fuga de um casamento organizado por seu pai com um completo desconhecido, passando pelo asilo recebido no país europeu e o seu engajamento na política holandesa, especialmente na luta pelos direitos das mulheres.