Resolvi assistir The Fall sem saber muito bem sobre o que era o filme. Há alguns meses eu via imagens no tumblr e ficava encantada com as cores (pois é, eu sou atraída por cores, em especial as fortes e contrastantes). As poucas opiniões que colhi sobre o filme eram as mais variadas "melhor filme que eu já vi!!" , "belo, mas chatíssimo" e por aí vai.
Como não dá para ficar fugindo das coisas baseada no gosto alheio, dei a cara para bater e assisti. Não me arrependi. O filme me deixou uma impressão bem profunda e creio que será difícil esquecê-lo tão cedo.
A história em si é até bem simples, mas intensa. Já a parte técnica é estupenda. A qualidade interpretativa dos atores, em especial Lee Pace e a garota Catinga Untaru, a direção segura e ao mesmo tempo arriscada de Tarsem Singh, a fotografia belíssima e as cores (ah, sim, as cores)...
O filme é nitidamente dividido em duas esferas diferentes, mas que se mesclam ao longo de quase duas horas. Na realidade, que se passa em um hospital, está Roy, um dublê que se machucou em uma cena e perdeu a mobilidade das pernas ao mesmo tempo que teve seu coração partido pela ex-namorada, levando-o a desejar a morte, mas sem ter os meios de consegui-la. É quando conhece a pequena Alexandria, uma imigrante romena que está internada com o braço quebrado devido a uma queda.
O interessante do relacionamento dos dois é que Roy nitidamente quer morrer e decide usar Alexandria para consumar o suicídio. Para convencer a menina, passa a contar uma história e, ao mesmo tempo que ganha a confiança e o carinho da garota, ele a manipula para que o ajude a se matar, enquanto sutilmente explica suas razões para o que está fazendo.
Na outra esfera do filme, a fantasia, está a historia contada por Roy à Alexandria, obviamente vista por nós pela ótica da imaginação da garota. Como ela é muito jovem - e ao contrário das crianças de hoje em dia, não teve acesso ao cinema - sua imaginação era completamente livre. Eis o motivo das cores exuberantes, dos animais exóticos tais como o elefante que nadava em águas no meio de deserto, os flamingos, o macaco, da vastidão do deserto ou ainda dos rostos conhecidos por ela para interpretar os personagens (como o indiano, o escravo, o místico...).
A história de Roy vai se alterando a medida que seu humor se altera e também recebe pinceladas da própria mente inquisitiva da garota, que muitas vezes força Roy a mudar o rumo dos acontecimentos com suas perguntas e atitudes que, ela nem sabe, mas acabam influenciando o novo amigo inclusive na sua realidade.