Livro: Deuses Americanos
Autor: Neil Gaiman
Tradução: Ana Ban
Editora: Conrad
Nº páginas: 447
Terminei de ler Deuses Americanos há dois meses. Era minha leitura para o desafio literário de setembro e, obviamente, eu não consegui terminar a tempo. Como acabei só em outubro (ou início de novembro, não lembro mais), o prazo para a resenha já tinha passado e, no espírito do DL eu precisava fazê-la e enviá-la pelo menos antes do encerramento do ano. Por isso posterguei (algo que costumo fazer mais vezes do que é saudável), o que foi um erro sem tamanho. Agora não lembro lhufas do que eu queria dizer. Na verdade, acho que quem viu o meu vídeo "O que eu andei lendo - 07.11.2012" terá uma ideia mais apropriada do que eu realmente senti lendo o livro.
Minha relação com Neil Gaiman sempre foi meio complicada. Eu o acho um gênio. A forma como ele pesquisa e se preocupa em dar o melhor para o leitor é algo que me deixa bastante emocionada. Ele tem ideias brilhantes, diferentes e o leitor pode ter certeza que não ficará no lugar-comum enquanto lê algo do autor. Seus roteiros para o cinema e para a tv também tem esse toque primoroso, cheio de cuidados e carinho pelo público, sem falar naquele ar meio lúdico das histórias que ele cria.
Deuses Americanos é assim: um trabalho muito bem feito, com inúmeros personagens e cada qual com suas característica própria sem que elas se misturem ao longo das mais de 400 páginas de livro. O problema principal é que o leitor precisa ter uma atenção gigantesca para não se perder no meio de tanta gente que ele apresenta e de tantas histórias paralelas, ao ponto de você mal saber qual é a que estava seguindo inicialmente. Isso sem mencionar os detalhes... Neil Gaiman se atém a eles, ou melhor, os detalhes tem geralmente uma importância vital e se o leitor deixa passar ficará a ver navios mais para a frente. Agora me digam, como lembrar dos famigerados detalhes? Passados dois meses não consigo nem lembrar o nome dos personagens, quem dirá das minúcias!!!!
Comprei American Gods em fevereiro já pensando no Desafio Literário de setembro. E comecei a ler lá no início do ano mesmo. Mas e quem disse que o negócio foi adiante? Chegou julho e eu ainda estava na página 196 (era um pocket com mais de 500 páginas) e a leitura não rendia. Eu lia, lia, lia e não saía do lugar. Foi mais ou menos por isso que eu dei a mão à palmatória e comprei a versão em português. E, é claro, porque achei uma promoção. Esses livros do Neil Gaiman são absurdamente caros e só dá para comprar em promoção. Inclusive, comprei Lugar Nenhum agora em outra promoção, porque normalmente está mais de R$ 60,00...estou só esperando chegar, super ansiosa (não tem jeito...Gaiman é aquele autor que eu odeio amar, não consigo resistir).
Ler em português foi bem mais tranquilo (embora eu tenha ciência que na tradução, por melhor que seja, perde-se um pouco do brilhantismo da escrita do original), mas ainda assim o livro me venceu. Não consegui terminar o bendito dentro do prazo mensal do desafio e isso não me deixou muito feliz.
A história do livro é simples e ao mesmo tempo bem intrincada. Imagine como seria se os deuses (de todas as mitologias) vivessem aqui conosco, bastando apenas que as pessoas cressem neles para que existissem.
A América (mais precisamente os Estados Unidos, que é onde a história se passa) tem uma miríade de velhas crenças, já que é um continente que foi colonizado por diversos povos diferentes e cada qual com sua bagagem.
Deuses Americanos nos traz Shadow como personagem principal. Ele é um cara comum, mas nem tanto assim. Por algum motivo ele desperta o interesse de Wednesday (que fica claro que é um deus, mas só bem depois descobrimos qual), que o contrata como guarda-costas. Shadow se vê envolvido no meio de uma batalha mortal entre os deuses antigos e os novos deuses criados pelos tempos atuais: a tv, internet, cinema, eletrônicos, a tecnologia em si, e demoramos um pouco (pouco!? eu diria muito!) para sabermos qual o papel de Shadow nesta história toda.
O trunfo do livro é que Shadow é um personagem legal de seguir. Ele tem seus erros e defeitos, mas tem uma firmeza de caráter que nos permite ter identificação e nos importarmos com ele. O difícil é conseguir conectar todas as histórias. Tem coisas que acontecem que parecem tão sem sentido e tão fora de lugar que era inevitável a cara de 'o que raios esse homem está escrevendo!?' enquanto eu lia.
Mas é como eu disse, nada está ali por acaso e os detalhes tem importância. Aquela cena totalmente fora de contexto teria uma relevância sem tamanho para os acontecimentos mais à frente. Só é preciso o leitor lembrar dela, já que a bendita aconteceu a mais ou menos 300 páginas atrás... E é assim o livro inteiro. As pessoas não estão ali por acaso, os nomes devem ser lembrados, as minúcias precisam ser gravadas na memória do leitor. Sintam-se avisados.
Para finalizar, permitam-se reproduzir um parágrafo que chamou minha atenção e que me fez pensar um tantinho em algumas coisas em relação a nós, pobres mortais e pecadores que somos:
"Nem sempre nos lembramos das coisas que depõem contra nós. Justificamos, nós as cobrimos com mentiras claras ou com a poeira espessa do esquecimento".
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Desafio Literário 2012
Minha lista de livros para o DL
2 comentários:
Gailman não é aquele roteirista de Doctor Who?
Olha eu respondendo só 20 anos depois....
Sim, Neil Gaiman escreveu o episódio da Idris/TARDIS e também o episódio que passará na próxima semana.
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