Série: Doctor Who
Episodios: Journey to the centre of
the TARDIS
/The Crimson Horror/Nightmare in Silver
Temporada: 7ª
Nº do episódio: 7x11,
7x12 e 7x13
Data de
Exibição: 27/04/2013, 04/05/2013 e 11/05/2013
Roteiro: Stephen Thompson/Mark
Gatiss/Neil Gaiman
Direção: Mat King/Saul Metzstein/Stephn
Woolfenden
Próximo sábado é
o último episódio da temporada. Não sei se gosto muito deste negócio de
temporadas divididas ao meio, fica tudo tão curto. Quando penso que vai engatar
a marcha, acaba. E, pior, consegui me enrolar completamente e não escrevi por
duas semanas seguidas (desculpem, as coisas estavam realmente corridas por
aqui), o que significa dizer que esta será uma resenha tripla. Se um texto
duplo já é problemático (porque não dá para encaixar metade das coisas a serem
ditas), imaginem um texto de três episódios.
Só me resta
pedir desculpas mais uma vez, de coração.
Então, só para
manter a ordem, farei breves comentários, apenas apontando o que mais me chamou
atenção de cada episódio e abrir o microfone para discussão, porque nestas
horas a voz do povo é o melhor incentivo para o debate.
Esse era um
episódio muito esperado por todo mundo já que a TARDIS tem o seu próprio
mistério e há algo nela que simplesmente atrai. Desde sempre a nave chama a
atenção dos fãs, mas eu creio que quando tivemos a oportunidade de vê-la
fornecer o seu poder à Rose surgiu aquela vontade natural de conhecer o que
realmente acontecia ali no seu interior. O episódio escrito por Neil Gaiman (The
Doctor’s Wife) aguçou ainda mais o desejo dos fãs, pois tornou a TARDIS mais
palpável ao transformá-la em uma figura de carne e osso, mesmo que fosse apenas
por alguns breves momentos. E não há a menor dúvida de que a nave vem mostrando
seus caprichos desde que Clara deu às caras na vida do Doutor. Então era mais
do que natural toda a expectativa em torno desse episódio.
Eu achei bem
interessante como tivemos a oportunidade de conhecer um pouquinho mais do que
acontece dentro da nave (e foi bem pouco mesmo, porque pelo visto a TARDIS é
praticamente infinita e se rearranja a seu bel-prazer). Um dos momentos mais
emocionantes foi quando pudemos finalmente ver a biblioteca (belíssima!) e a
piscina (fica ali dando sopa e ninguém para usufruir), sem falar das lembranças
dos antigos ocupantes da TARDIS. Eu sempre fico feliz quando conectam as coisas
em Doctor Who, mesmo que sejam apenas pequeninos detalhes.
Mas o que
realmente bagunçou a cabeça de todo mundo foi A História da Guerra do Tempo. Como Clara conseguiu ler o que estava escrito? Supostamente o
livro foi escrito em gallifreyano e a TARDIS não traduz o idioma de Gallifrey.
E como ter a sorte grande de achar o nome do Doutor no meio de um livro daquele
tamanho? A propósito, quem escreveu o livro, já que o Doutor é o último
sobrevivente? Bom, tem também todos os Daleks que vivem aparecendo por aí, mas
não imagino um Dalek escrevendo um livro contando sobre a grande guerra que
eles perderam.
O episódio em si
foi um presente a todo fã de Doctor Who, com lembranças de acontecimentos
passados, cenas escorregando pelo tempo por meio de uma fenda causada no
interior da TARDIS, e nós nos emocionando com diálogos que já ouvimos vezes sem
conta e ainda assim sempre nos trazem uma alegria meio sem explicação.
Para os que não prestaram
muita atenção ou até ouviram, mas não conseguiram captar tudo (afinal, umas
foram apenas murmúrios ao fundo), o site da BBC fez uma listinha (pode ter
mais, essas foram as que eu anotei antes da página sumir) das vozes ouvidas no
interior da TARDIS durante a confusão que os irmãos Van Baalen criaram:
- Susan, a neta do Doutor, em An Unearthly Child, explicando o significado da TARDIS, e também chamando por Ian Chesterton;
- O Terceiro Doutor explicando para Jo Grant em Colony in Space sobre como a TARDIS é dimensionalmente transcendental;
- O Quarto Doutor discutindo engenharia transdimensional com Leela em The Robots of Death;
- A própria TARDIS perguntando se ‘sexy’ é o seu nome em The Doctor’s Wife
- O Nono Doutor reafirmando para Rose que nem as hordas de Genghis Khan conseguiram atravessar as portas da TARDIS;
- Amy Pond refletindo sobre estar no espaço, em The Beast Below; e por fim
- Martha Jones tentando entender a TARDIS em Smith and Jones.
O episódio em si
foi bem simples, quase infantil, a novidade estava mesmo em desbravar a nave. É
claro que foi muito legal vermos como Tricky não era um andróide e foi enganado
pelos irmãos por todo aquele tempo e como no final ele era o mais humano dos
três, e também descobrirmos que as criaturas monstruosas que os perseguiam era
na verdade uma versão de todos eles no futuro (a hora que o Doutor percebe que
mais uma vez deixou Clara morrer deu um aperto no coração), mas no final das
contas o que realmente chamava a atenção eram os corredores e salas da TARDIS.
Era poder ver cada sala, o seu centro, o coração, a sala de controle, como ela
se consertaria...o que realmente era possível acessar e o que ela manteve
guardadinho apesar de tudo.
Não foi nem de
longe um dos melhores episódios da série (nem mesmo da temporada), mas valeu a
pena pelos pequenos prazeres que nos proporcionou.
The Crimson Horror
Já The Crimson
Horror foi o episódio mais Sarah Jane Adventures que Doctor Who já fez. Se não
fosse a falta de Sarah Jane (saudades da Elisabeth Sladen) eu poderia dizer que
estávamos vendo o spin off the Doctor Who. Com a diferença de que SJA tinha um
público alvo declaradamente infantil e era uma série deliciosa de assistir quando
a pessoa tinha isso em mente.
Eu adoro Madame
Vastra, Jenny e Strax e é sempre bom vê-los, embora a presença dos três
ultimamente tenha servido principalmente para infantilizar os episódios. Isso
não é uma crítica, é apenas uma constatação. Os três são ótimos juntos, mas
definitivamente fazem o estilo diversão para crianças. Seria interessante um
spin off com eles agora que o povo ficou órfão da Sarah Jane.
A trama foi bem
rocambolesca, recheada de clichês, e aquele final...o foguete em plena era
vitoriana não me desceu bem.
A verdade é que
não sei muito o que falar desse episódio. Foi um episódio na média, divertido
em alguns pontos, ótimo rever Vastra, Jenny e Strax, melhor ainda ver o quanto
Jenny é boa no que faz e como tem carisma, mas fora isso não há nada que me
cativou particularmente. Foi apenas mais um episódio. Mais um vilão tentando
dominar o mundo com a história do apocalipse.
O mistério de
Clara continua sendo jogado em nossas caras a todo instante e não estamos mais
próximos de descobrir quem é ela, já que nada novo aconteceu com a garota. De
novidade só as crianças de quem ela cuida descobrindo que Clara é uma viajante
do tempo.
Se eu pudesse apagar
toda esta cena da história de Doctor Who eu faria. Tenho até raiva de
lembrar...uma lástima.
Nightmare in Silver
Eis um episódio
que provocou reações bem distintas nos fãs. Nunca há um consenso quando o
assunto é Doctor Who, mas um episódio do Neil Gaiman traz discussões ainda mais
palpitantes, já que ele por si só é um autor do gênero ‘ame ou odeie’.
Eu confesso que gosto
muitíssimo de Neil Gaiman, acho a sua escrita incrivelmente competente e ele é
muito inteligente, sempre jogando paralelos no texto, puxando temas interessantes
e fazendo menções a assuntos dos mais variados. Alguns facilmente reconhecíveis
pela massa que o lê e outros nem tanto (é preciso ter um conhecimento um pouquinho
mais especializado...e uma certa dose de boa memória, coisa que me falta). Mas os
seus textos são puros contos de fadas, ou melhor, uma ode à criatividade, à
imaginação e ao lirismo. Nada do que ele escreve está ali por acaso, tudo tem
uma conexão ou, na pior das hipóteses, é alguma homenagem a alguma coisa interessante
seja do mundo ficcional ou real.
Eu, embora adore
o autor Neil Gaiman (e a pessoa pública também), tenho grandes problemas com os
seus textos, já que não sou muito chegada em histórias tão esdrúxulas e com um
apelo tão infantil (mesmo quando são bem adultas e até macabras). Pois é,
difícil de entender essa relação de amor-indiferença que eu tenho por ele,
mesmo assim, sempre fico empolgada com algo novo de Gaiman e a simples ideia
dele escrever para Doctor Who já me tira o ar (e é claro que se ele for
roteirizar novamente eu ficarei tão ansiosa quanto fiquei das últimas duas
vezes).
Nightmare in
Silver foi um episódio tipicamente ‘estilo Gaiman’ de ser. E me atrevo a dizer
que talvez ele seja o escritor que mais compreenda e saiba roteirizar esse
ideal “mundo da fantasia” criado pelo Moffat e que vem permeando todas as
temporadas desde que ele assumiu, em especial a sétima.
Não vou nem
tentar falar sobre as inúmeras referências que Gaiman fez durante o episódio
(como o “see you next Wednesday”, uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço),
porque eu provavelmente perdi a maioria delas e qualquer coisa que eu escreva
será uma cópia barata de algum outro texto qualquer e, se for para copiar, melhor
nem começar. Mas vale informar que ele fez várias citações e referências (O
Turco, O Guia do Mochileiro das Galáxias e por aí afora), com alusões aos
autômatos dos séculos XVIII e XIX e é claro que aqueles que conseguiram
captá-las sentiram um algo ainda mais especial pelo episódio.
Gaiman também
usou e abusou de conhecimento antigo de Doctor Who, de várias regenerações
diferentes, em especial no tocante aos Cybermen. A ideia aqui era fazer dos
Cybermen um vilão novamente aterrorizante. Para alguns ele conseguiu, já outros
acham que toda a história do Cyber-Planner meio maluco foi a coisa mais sem pé
nem cabeça já criada. Isso sem falar de algumas coisas como os Cybermen matando
os humanos ao invés de convertê-los, ou ainda deixando-os lá em stand-by sem
fazer uma conversão real (como no caso das crianças e do próprio Webley.
Quanto ao Cyber-Planner
eu não tenho reclamações. Sim, eu sei que o diferencial dos Cybermen é
justamente o seu perfil lógico e desprovido de emoções, e o Cyber-Planner, como
o responsável por criar e digirir os planos e estratégias dos Cybermen deveria
ser o mais racional de todos eles, mas aqui eu abro uma exceção porque ele
estava sendo construindo justamente dentro do Doutor, a mente mais maluca que
o(s) universo(s) poderia conceber. Como o Doutor ainda não tinha sido
completamente absorvido, nada mais natural que o Cyber-Planner ainda estivesse
contaminado pela forma do Doutor pensar e agir.
E cá entre nós,
as cenas entre o Doutor e o seu alterego mau foram as melhores do episódio.
Matt Smith esteve brilhante. Aliás, ele é um grande ator e às vezes esquecemos
disso porque o seu Doutor é tão maluco e excêntrico. Eu olho para o seu Doutor
e sempre penso nele como uma versão mais jovem (embora seja bem mais velho) do
Primeiro Doutor.
Minha única
reclamação destas cenas duplas de Matt Smith foi a forma como decidiram fazer a
troca entre um e outro no nosso plano. Enquanto a disputa era dentro da mente
do Doutor, estava tudo perfeito, com os lados bem definidos (os pensamentos
gallifreyanos x a rigidez lógica do cyber-planner...que visual lindo!) , as
memórias de todas as regenerações surgindo (é sempre um deleite, e a cena foi
muito legal) e o Doutor no controle do seu cérebro. O problema eram as cenas
aqui fora, onde o corpo do Doutor ficava pulando de lado em lado, deixando a
situação com uma comicidade irritante.
Outro problema
grave do episódio para mim foram as crianças. Não é nem mesmo o fato delas
viajarem com o Doutor (não foram as primeiras, não serão as últimas...embora a
forma como introduziram os dois na história para que acompanhassem o Doutor e
Clara foi a coisa mais sem noção já criada na série...alguém lembra de todo o
drama que Rose enfrentou para encontrar o Doutor perdido nas páginas da
História!?), o grande mal aqui é que aquelas crianças eram muito chatas. Angie
subiu rapidamente para o posto de personagem mais irritante já criada em Doctor
Who. Artie, coitado, ficou apagadinho ao lado da irmã chata e até poderia ser
melhor explorado, mas se limitou a ser peso morto. Nem para fonte de
preocupação real esses dois serviram! Por mim o episódio poderia facilmente ter
excluído a presença dos dois que não faria a menor diferença para o
desenvolvimento da história.
Um personagem
que foi muito mais interessante para os acontecimentos foi Porridge, o
Imperador covarde. Que ator carismático que é Warwick Davis. Era impossível não
gostar do seu Porridge. Algumas vezes eu pensei na possibilidade dele ser o
Imperador, mas não tinha bem certeza (apesar de todas as pistas, em especial a
forma como a Capitã o tratava). Só poderia ter passado sem a cena em que Angie
salva o dia com o seu ‘ninguém está prestando atenção em nada, só eu? Ele é o
Imperador’ (bom, quase isso). A garota irritante não merecia a honra de ser a única a perceber quem era
Porridge na verdade, aliás, ela não merecia nem estar na série!
Mais uma vez o
paralelo entre as atitudes do Doutor (na Guerra do Tempo e também nas escolhas
que foi fazendo ao longo da vida) e algum outro personagem foi jogado na nossa
cara. Não foi nada sutil, mas funcionou sem parecer que foi empurrado garganta
abaixo só para um efeito dramático. Palmas para o roteirista.
E por falar em
roteirista, Gaiman comentou sobre várias cenas que foram cortadas na hora da
edição (algumas chegaram inclusive a deixar alguns pontos meio ‘no ar’, sem
explicação), enquanto outras não chegaram nem a ser filmadas (uma pena), o que
é normal em qualquer coisa feita para a TV ou cinema, mas sempre fico
encasquetando sobre o que o roteirista realmente queria dizer e que não foi
possível. E é claro que tem as adições por parte do Head Writer (o Moffat),
como a famigerada cena em que o Doutor comenta sobre a saia muito justa de
Clara ao final, a qual obviamente não foi escrita por Gaiman.
Inclusive, esse
episódio deu uma mexida com os ânimos dos fãs na questão do relacionamento
entre o Doutor e Clara. Há uma atração entre esses dois como quis colocar o
Cyber-Planner ou o interesse tão presente do Doutor é apenas pelo mistério que
Clara representa? E esse prequel do Season Finale que foi liberado logo após o
episódio? Qual a natureza real do relacionamento desses dois?
As apostas são
altas. Povo surgindo com mil e uma teoria...algumas relacionadas com Rose,
outras com River pré-primeiro encontro com o Doutor, outras com River pós
Biblioteca, e outras ainda falando sobre uma amálgama de companions...isso vai
longe.
Eu só sei que o próximo
sábado será o último e depois só no especial de 50 anos. A ansiedade aqui é
grande.
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