Série: Doctor Who
Episodio: The Name of the Doctor
Temporada: 7ª
Nº do episódio: 7x14
Data de
Exibição: 18/05/2013
Roteiro: Steven
Moffat
Direção: Saul
Metzstein
“Eu não sei quem
eu sou. É como se eu estivesse sendo despedaçada em um milhão de partes e há só
uma coisa que eu lembro: Eu tenho que salvar o Doutor.
Ele sempre está
diferente, mas eu sempre sei que é ele.
Algumas vezes eu penso que estou em
todos os lugares ao mesmo tempo, correndo a cada segundo apenas para
encontrá-lo, apenas para salvá-lo, mas ele nunca me ouve. Quase nunca.
Eu voei para
este mundo em uma folha. E ainda estou voando. Não acho que eu vá pousar algum
dia.
Eu sou Clara
Oswald. Eu sou a Garota Impossível. Eu nasci para salvar o Doutor.”
(minha tradução
mequetrefe)
E assim começou The Name of the
Doctor. O primeiro minuto do episódio já explodiu o meu raciocínio e eu
virei geleinha pelos quarenta e tantos minutos restantes. Chorei, gritei (de
nervoso, de emoção, de alegria, de raiva) e ri como uma louca o episódio
inteiro. Esse final de temporada mexeu de tal forma comigo que não sei o que
falar. O impacto foi absurdamente grande e faz três dias que tenho tentado
traduzir em palavras a balbúrdia que está o meu pensamento. Sem muito sucesso,
devo acrescentar.
Enfim, terminou
o mistério de Clara Oswin Oswald. Não poderia ser mais simples, e por isso
mesmo tão forte. Clara é realmente nada mais do que uma garota humana normal, e
ainda assim, é aquela que aceitou morrer inúmeras vezes, em inúmeros corpos,
sempre um eco dela mesma, para que o Doutor não fosse apagado da existência.
O Doutor influenciou
muita gente, salvou e destruiu mais povos do que é possível contar, mas acho
interessante que seus companions nunca estão ali à toa, sempre tem um papel
determinante em sua vida.
Foi de um carinho sem tamanho de toda a produção de Doctor Who ao dar aos fãs a oportunidade de terem um vislumbre das demais regenerações do Doutor. Essa conexão que estão fazendo com as antigas temporadas de Doctor Who torna a série mais homogênea e inevitavelmente desperta a curiosidade pelos episódios clássicos.
O difícil, pelo
menos para mim, é conseguir entender exatamente como esta dispersão de Clara
pela timeline do Doutor funciona. Ela viveu vidas completas, creio eu, algumas
nascidas na Terra, outras em planetas diversos e até mesmo uma vez em Gallyfrey
(uma Time Lady ou apenas uma gallifreyana que por acaso era técnica de
TARDISes). Talvez tenha influenciado o Doutor em silêncio algumas vezes (várias
vezes, provavelmente, caso contrário A Grande Inteligência teria vencido),
houve ocasiões que sua influência foi mais palpável, como a que sugeriu que ele
furtasse a TARDIS correta (a TARDIS que o queria com ela e o aceitaria) e por
duas vezes conseguiu que o próprio Doutor tomasse conhecimento de sua
existência. O que inevitavelmente acabou levando ao seu encontro real com o
Doutor e a acompanhá-lo em suas aventuras.
O que me tira o
sono são duas coisas distintas:
1) Nas duas
vezes que o Doutor a incluiu em sua vida, ela não lembrava quem era ele e qual
era a sua missão. Por que nas demais vezes ela sabia exatamente para o que nascera
independente de ter contato ou não com o Doutor?
2) Clara diz que
tudo aquilo já aconteceu e ele lembrar-se dela por duas vezes é a prova disso. No
passado do Doutor ela já corrigiu a devastação provocada pela Grande
Inteligência, portanto Clara deve ser a pessoa a entrar na timeline do Doutor e
corrigi-la. Sendo assim, por que o Doutor recorda das duas últimas vezes, mas
não do dedinho de Clara em sua primeira aventura, furtando a TARDIS? A menos
que a escolha da TARDIS tenha sido a última alteração feita tanto pela Grande
Inteligência quanto por Clara, e por isso por todo esse tempo o Doutor não
havia conhecido ainda a garota, mas agora já se lembre do seu primeiro encontro.
Outro ponto alto
do episódio foi a despedida de River Song. Como eu gosto desta personagem e de
sua interação com o Doutor! Não é todo mundo que entra na história do Doutor
dando a própria vida para salvá-lo. E os dois já passaram por tanta coisa
juntos. Centenas de anos se encontrando e reencontrando, brigando e se amando criando
um vínculo que é muito difícil romper. A hora que ele reconhece a existência de
River e confessa o quanto o faria sofrer falar com ela, quebrou o meu pobre
coração. O Doutor precisa viver todos os dias sabendo que ele foi o responsável
pela morte de River há mais de 300 anos, e por todo esse tempo ela esteve presa
a um mundo virtual, simplesmente porque quando ele a ‘salvou’ não tinha a menor
ideia da importância que ela teria para ele no futuro ou mesmo imaginou que River
permaneceria naquele mundo virtual por tantos séculos.
Eu gostei da
forma como trouxeram a River pós-biblioteca para a vida do Doutor. Não é como
se a Biblioteca tivesse sido invalidada, muito pelo contrário. Ela esteve mais
presente do que nunca e por isso foi tão mais dolorido. Juro que não entendo as
pessoas que não gostam da Professor Song.
O beijo foi um
toque especial. Apaixonado, sofrido, real. Mas a frase do Doutor logo após o beijo foi ainda melhor: “Since nobody
else in this room can see you, God knows how that looked”. (minha
tradução mequetrefe: “como ninguém mais nesta sala consegue ver você, sabe Deus
o que isso pareceu”). Impossível não rir...especialmente porque era exatamente
o que eu estava pensando naquele momento.
O que eu não
consegui engolir muito bem foi o motivo da ida para Trenzalore. Tudo bem, eu
entendi que Madame Vastra achou que seria necessário fazer a mesa redonda com
as pessoas mais próximas ao Doutor para falar do suposto mistério que o
prisioneiro avisou (por que ela chamou a River pós-biblioteca e não uma versão
qualquer da River ainda viva!?), mas não podia fazer um chamado para o próprio
Doutor e esperar ele dar as caras e avisá-lo? Teria impedido alguns
problemas....Jenny não teria morrido (fico feliz dela ter sido revivida ao
final, pois adoro a Jenny, mas seria ainda mais emocionante se ela tivesse
morrido definitivamente) e ninguém seria levado a Trenzalore como chamariz para
o Doutor. E sem o Doutor aparecer no planeta, não teria Grande Inteligência
interferindo com a timeline dele e por aí vai.
Mas como esse
foi o plot que arrumaram para levar o Doutor e Cia para o planeta cemitério,
não vou criar muito caso, mesmo porque os motivos para ele ir à Trenzalore no final
das contas foram irrelevantes, o que importava mesmo era o que aconteceria lá.
Duas coisas na
TARDIS morrendo em Trenzalore me deixaram levemente preocupada: o vidro rachado
(que é justamente o que acontece quando o Doutor pousa no planeta...era de se
imaginar que se a morte fosse muito tempo depois a TARDIS já tivesse se
consertado, não?), e o interior (que é o atualmente usado pelo Doutor, não tem
jeito). E agora, José!? Isso quer dizer que o Doutor vai morrer de vez nesta
regeneração!? Ou eles simplesmente vão ignorar Trenzalore no futuro do Doutor?
Ou ainda, puro erro de continuidade?
E por que ao
morrer a tumba do Doutor guardava as cicatrizes das passagens do Doutor ao
longo dos universos? Certo, ele disse que corpos eram ‘chatos’, mas a verdade é
que em outras ocasiões ele teve um corpo ao morrer (como em Turn Left, por
exemplo). A menos que, após morto há algum tempo, o corpo de um Senhor do Tempo
se transforma em energia, marcando a timeline de cada um. É difícil seguir o que
é oficial e o que é mutável na história de Doctor Who...
E o grande
final, aquele que tirou o sono de todo fã ao redor do mundo: John Hurt. O
Doutor diz que essa é a parte dele que fez coisas que ele não faria usando o
nome de Doutor. As teorias já começam a pipocar.
1) Esta é uma
versão entre o 8° e o 9°, que fez coisas horríveis na Guerra do Tempo e por
isso o Doutor o apagou de sua existência. Eu acho que é a mais provável ("O que eu fiz, eu não tive escolha. Eu fiz em nome da paz e da sanidade"), mas também seria a opçã que mais me desagradaria. Primeiro porque isso diminuiria o papel do Oitavo na Guerra do Tempo (e já tivemos tão pouco dele...deixem-no ao menos ser o responsável por acabar com a guerra), e depois porque isso invalidaria todas as vezes que o Doutor falou sobre o que fez, a destruição, a culpa... Tudo o que ele fez foi uma escolha consciente, ele fez como Doutor e nunca negou isso.
2) John Hurt é
uma versão anterior à primeira regeneração. Ele é o motivo pelo qual o Doutor
abandonou o próprio nome e se tornou O Doutor. É a minha teoria preferida
(embora o próprio Doutor diz que ‘esse é aquele que quebrou a promessa’, o que
dá a entender que já fosse chamado de Doutor antes de cometer as atrocidades
que cometeu).
3) É o Valeyard
(a amálgama das regenerações anteriores, que aparece entre a Décima Segunda e a
última regeneração....ainda não vi o episódio que o Valeyard aparece, por isso não
posso falar muito sobre o assunto). Não gosto muito desta teoria também, mas
ainda acho mais interessante que a teoria 01.
4) Bom, ele
também pode ser The Storm ou The Beast (conforme mencionado pela Grande
Inteligência), duas formas pela qual o Doutor é conhecido, mas como eu não sei
lhufas sobre elas, não me atreverei a falar besteira por aqui. Se alguém tiver
alguma contribuição a respeito, sinta-se à vontade para compartilhar.
E é
isso...resta-nos esperar até dia 23 de novembro para o aniversário de 50 anos
de Doctor Who, onde o mistério será revelado. Até lá, há tempo de sobra para
fundir a cuca tentando descobrir quem é John Hurt no passado do Doutor (e ainda
continuar surtando com a maravilha que foi The Name of the Doctor).
Sometimes it’s like I lived a
thousand lives in a thousand places.
I’m Born, I live, I die. And always
there’s the Doctor.
Always I’m running to save the
Doctor. Again, and again, and again.
And he hardly ever hears me. But I’ve
always been there.
Right from the very beginning. Right
from the day he started running.
…
I don’t know where I am. I don’t
know where I’m going or where I’ve been.
I was born to save the Doctor, but
the Doctor is safe now.
I’m the Impossible Girl and my story
is done.”
Um comentário:
Olá... Meu nome é Rafaela e sou uma "aprendiz" de whovian ainda, mas posso dizer que achei seus resumos de Doctor Who dos mais completos e fáceis de se entender que encontrei. Confesso que nao cheguei a esse episódio ainda, mas acabei por ler o texto, uma "fraqueza" minha kk ;D Estou apreensiva com a continuidade da série, ansiosa pelo especial dos 50 anos e torcendo para que Moffat se supere mais uma vez, mas que desfaça pelo menos alguns nozinhos da nossa cabeça. Bem, acho que é isso. Espero que não tenha parado com o blog, acompanharei sempre. Obrigada pela atenção. Beijos importados de Gallyfrey.
Postar um comentário