Série: Doctor Who
Episódio: Robot of Sherwood
Número do Episódio: 8x03
Data de
Exibição: 06/09/2014
Roteiro: Mark
Gatiss
Direção: Paul
Murphy
Quando vi o
trailer de Robot of Sherwood eu não esperava muita coisa, por isso foi com uma agradável surpresa que eu percebi que me
diverti horrores assistindo a esse episódio. Ele foi leve, divertido e eu me
encantei pelas atuações. Nunca pensei que fosse gostar tanto assim de um
episódio escrito pelo Mark Gatiss (sempre fico com o pé atrás quando é ele o
roteirista). É bem verdade que o episódio tem alguns defeitos, mas a maior
parte deles eu só percebi quando comecei a ver os comentários alheios que me
forçaram a pensar um pouco mais no que foi apresentado em tela, mas a verdade é
que, enquanto eu assistia, a única coisa que eu fazia era me divertir.
O clima do
início do episódio, com o Doctor e Clara na TARDIS teve todo um ar de fantasia
que eu gostei muitíssimo. A forma como eles conversavam, a música de fundo,
tudo contribuiu para dar um toque de conto de fadas. Eu só gostaria de saber o
que tanto o Doctor tem escrito aqui e acolá desde a premiere. Está tentando achar Gallifrey? Ou é algo que ele faz
inconscientemente? Será que tem a ver com a tal Terra Prometida? Ou nada tem a
ver com nada e todos esses cálculos com giz só estão ali para distraírem o
espectador?
Toda a interação
do Doctor com Robin Hood foi hilária. Sim, eram situações tolas e até infantis,
mas nem por isso menos divertidas. Eu entendia perfeitamente a incredulidade do
Doctor em relação a Robin Hood. Eu confesso que passei o episódio inteiro
esperando alguém desmascarar Robin e seu bando, e fiquei um pouco desapontada
por tudo ser real. Não sei explicar, mas eu sempre espero que, quando o Doctor
se aventura no passado da Terra, ele se atenha à verdade. Bom, o mais próximo
da verdade possível. Algumas alterações são necessárias pelo bem do desenrolar
dos episódios, mas tornar uma lenda e todos os seus pormenores em algo real me
incomodou. Tudo bem que teve todo o diálogo no final falando sobre os mitos
(que foi muito pertinente e, talvez, o diálogo mais bem escrito e emocionante do
episódio inteiro), mas ainda assim tudo foi perfeito demais para encaixar com o
que é conhecido como a lenda de Robin Hood, o que me deixou ainda mais irritada
com isso.
Mas foi ótimo
ver um outro lado do Doctor, após todo o drama pelo qual ele passou nos dois
primeiros episódios. A rabugice dele foi ótima, ao mesmo tempo em que eu me
divertia ao vê-lo testando todo o bando de Robin. E, não dá para negar, Robin
ri demais para ser real, quem é que consegue acreditar naquela alegria toda!?
Eu preciso
aproveitar o momento para elogiar a atuação de Peter Capaldi, que trouxe uma
leveza muito própria para a comédia do Doctor e me lembrou tanto de alguns Doctors
antigos que eu só conseguia sorrir.
Sim, eu sei que
estou me repetindo ao falar do quanto me diverti com o episódio, mas é que
fazia muito tempo que eu não assistia a um episódio e me sentia tão bem durante
o processo. E eles escolheram atores perfeitos para darem vida a Robin Hood e o
Xerife de Nottingham. Tom Riley tem todo
esse ar de anti-herói sorridente e safado em quem você quer confiar. Já Ben
Miller é o avesso. Ele sempre parece o vilão, mas ainda assim é difícil odiá-lo
(ou levá-lo muito a sério), porque algo nas suas expressões facial e corporal o
faz carismático.
A única decepção
foi Marian que, a meu ver, não fez muito coisa. Certo, ela ajudou na rebelião
que libertou o Doctor e se impunha contra os desmandos loucos do Xerife, mas
tenho a sensação de que ela não tinha uma função real além de simplesmente
existir e ser a Marian de Robin.
Uma coisa que me
impressionou foi como o Doctor não foi exclusivamente o salvador da humanidade,
solucionador de todos os problemas e detentor de todas as respostas como ele
vinha sendo há um bom tempo. Ele reclamou e aproveitou a situação, pensou um
pouco, analisou as coisas e chegou a conclusões, mas Clara e o próprio Robin
tiveram participações bem mais ativas. De certa forma me lembrou um pouco o
Primeiro Doctor, que sempre deixava os companions se virarem, pois se achava
superior demais para se intrometer em pequenas querelas, e quando se intrometia
sempre acabava arrumando mais confusão (embora fosse sim o responsável final
pela solução). Eu vi muito disso no Doctor nesse episódio, apesar de que o
sentimento nessa situação em particular era que ele não acreditava na
veracidade do que vivenciava, o que o levou a agir como um maluco meio perdido
o episódio inteiro.
Quanto a Clara
eu tenho sentimentos conflitantes. Ela foi um pouco contraditória e em algumas
situações eu tinha a sensação de que faltava realismo à personagem. Eu entendo
a sua felicidade por conhecer Robin Hood e perceber que tudo era exatamente
igual às lendas, mas o que eles estavam vivendo era real e eu esperava dela uma
reação à altura do perigo que enfrentaram, do Xerife e dos robôs (saídos do
nada, mas, na verdade, eles eram o menos importante, o que se destacava no
episódio era justamente a jornada que levaria o Doctor a perceber que ele era
sim um herói, mesmo que não visse a si mesmo desta forma. E não é interessante
que ele passou os últimos encontros com Clara perguntando se era um homem bom
só para descobrir que no fundo ele é o herói dela? Ela passou a acreditar no
impossível por causa dele?). Durante todo o tempo Clara agiu como se fosse tudo
uma peça de teatro, uma brincadeira, um livro de histórias, o que, devo
admitir, aumentava em mim a sensação de que nada daquilo fosse real e, por fim,
me deixasse tão injuriada ao mostrarem que era tudo verdade.
Eu sei que Clara
é forte, destemida, inteligente e muito capaz. Foram ótimas as atitudes dela ao
longo do episódio, como colocou o Doctor e Robin nos seus devidos lugares e
como lidou com toda a situação com o Xerife, mas ainda assim faltou a ela um
toque de realidade. Isso me incomodou um pouco.
Já a respeito da
história em si, não há muito o que falar. Era claro que o objetivo de Gatiss
nunca foi fazer um roteiro brilhante e extremamente inteligente, com um caso
difícil de ser solucionado e com situações complicadas e plausíveis. Os
acontecimentos pouco importavam e muito menos o Xerife e os robôs (caso
contrário não teria contado sobre o que era a história logo no título), o que
estava sendo mostrado era a interação daqueles personagens, era a outra faceta
deste novo Doctor que ainda está se descobrindo e que continua a surpreender
com suas atitudes e comentários quase sempre inesperados. Como não adorar um
episódio desses?
Robot of
Sherwood provou que é possível fazer um episódio descontraído e ainda assim
cheio de reflexões e profundidade.
Observações:
- Que coisa mais
linda aquele vestido da Clara! Mas poderiam ter maneirado no cabelo, que estava
lindo, mas era impossível arrumá-lo daquele jeito nos segundos que ficou dentro
da TARDIS.
- Excelente a
luta de espada x colher entre Robin e o Doctor. Sorte do Doctor que estava
comendo iogurte um pouco antes de desembarcarem.
- Eu lembrei
muito do Primeiro Doctor porque foi o que eu mais conheci da era clássica, mas
vi muita gente lembrando do Segundo e do Quarto com esse episódio.
- Sentido nenhum
alguém que está atrás de ouro para fazer a nave funcionar oferecer como prêmio
uma flecha de ouro, mas tudo bem.
- Ao que parece
o Xerife era um humano que ficou ferido na ocasião da queda da nave espacial e
foi reconstruído como um cyborg, mas a cena, que envolvia decapitação, foi
deletada em respeito às mortes ocorridas no Reino Unido recentemente.
- Uma das imagens do banco de dados de Robin Hood era ninguém menos que Patrick Troughton, o Segundo Doctor, que intepretou Hood em 1953 em (mais) uma série de tv.
Nenhum comentário:
Postar um comentário