Série: Doctor Who
Episódio: Time
Heist
Nº do episódio: 8x05
Data de
Exibição: 20/09/2014
Roteiro: Stephen Thompson e Steven
Moffat
Direção: Douglas
Mackinnon
Sem dúvida
alguma o melhor episódio da temporada até agora. Em minha opinião, é claro,
sintam-se à vontade para discordar. Mas assisti ao episódio duas vezes e o
prazer foi o mesmo, não é sempre que isso acontece.
Time Heist foi o
episódio menos conexo com os demais e, talvez por isso, tenha se assemelhado
tanto com uma outra época de Doctor Who , onde os fãs apenas esperavam uma
aventura empolgante, personagens interessantes e saberem o que estava
acontecendo na tela, sem ficarem teorizando para o futuro ou esperando ansiosos
para que os roteiristas saibam o que estão fazendo e em algum episódio expliquem
os ganchos deixados em aberto e façam tudo ficar coerente.
Praticamente
tudo funcionou em Time Heist. É incrível como a adição de companheiros certos
dá uma renovada positiva na série. Até agora nenhum dos personagens adicionais
apresentados tinham me cativado e eu fico muito feliz se nenhum reaparecer.
Porém, isso não aconteceu dessa vez. Psi e Saibra tinham carisma, conteúdo e
funcionaram muito bem com Clara e o Doctor. Arrisco-me a dizer que Psi tem muito
mais química com Clara do que Danny. E aqui não estou falando de relacionamento
amoroso, porque não foi isso o que o episódio quis implicar, e sim de se
encaixarem em cena, amizade pura e simples. Seria ótimo se Psi e Saibra
pudessem estender sua temporada na TARDIS, eu creio que a série teria muito a
ganhar com uma tripulação de quatro e não apenas de um (o Doctor) e uma
companheira eventual (Clara) que trata as aventuras no tempo/espaço como um
estorvo à sua vida de verdade.
Inclusive, isso
é algo que já comentei outras vezes. Eu sinto falta de companheiros que fiquem
em tempo integral na TARDIS. Não gosto desta sensação de que o Doctor precisa
mendigar migalhas do tempo de Clara e que ela o trata como um hobby, quase um
incômodo. Sem falar que o Décimo Segundo parece ser bem mais preciso quando se
trata de levar a TARDIS para algum lugar ou tempo específico. Seria muito mais
producente se Clara o acompanhasse por um tempo e depois ele a deixasse
exatamente em um ponto X da vida dela para que continuasse como se nunca
tivesse saído. A menos que ela ficasse viajando com o Doctor por mais de, sei
lá, sete anos (o que não é comum nos acompanhantes, principalmente nos que
estão noite e dia com o Doctor), acho pouco provável que as pessoas notassem
uma diferença tão grande na aparência física dela. Esse vai e volta para a vida
e a TARDIS me enlouquece.
Apesar disso,
gostei da cena inicial. É incrível como não tem uma única peça de roupa que não
fique linda em Jenna Coleman. Esta garota não é real!!! E a forma como o Doctor
se fazia de desentendido para o encontro que Clara teria era simplesmente
hilária. O que me traz ao último comentário que o Doctor faz no episódio, de
que seria difícil alguém superar um assalto a banco em um mero encontro
romântico. Não creio que isso signifique que o Décimo Segundo ainda se enxergue
como namorado de Clara, muito pelo contrário. Porém, ele com certeza briga por
um espaço na vida da garota, por importância no dia a dia dela e não gosta de
ser deixado de lado. O Doctor, apesar dos pesares, sempre foi bastante orgulhoso
e centrado em si mesmo e ter que aceitar que alguém preferiria a vida comum a
passar tempo com ele desvendando o espaço não é uma coisa que ele aceite muito
bem.
Seja como for,
mesmo um pouco forçada Clara embarcou na história do assalto. E o episódio foi
perfeito em nos esconder como eles chegaram até o banco, pois se fosse uma
história linear ela não teria a menor graça.
Achei ótimo que
eles apagassem suas memórias quando já estivessem no planeta e como o Doctor
assumiu a liderança naturalmente. Os questionamentos de Saibra e Psi também
eram muito apropriados, e as desculpas que o Doctor dava para manter-se no
comando eram as melhores. E a verdade é que ele está tão acostumado à posição
que ela vem naturalmente, pois ele não tem a menor dúvida de que ninguém ao
redor é mais adequado ao papel e isso acaba contagiando as pessoas. No fundo
acho que esse é o motivo de todos o seguirem, e não exatamente o seu intelecto.
Gostei bastante da
interação da equipe durante o assalto e criei um vínculo muito rápido com Psi e
Saibra. Fiquei incrivelmente angustiada quando Saibra foi capturada pelo Teller
e quando decidiu acabar com a própria vida para não virar ‘sopa’. Ainda que a
série tenha ‘revivido’ a personagem, é de uma força sem tamanho a cena em que o
Doctor dá a ela a possibilidade de escolher o suicídio para não sofrer um
destino muito pior. E não foi com menos emoção que eu senti a morte de Psi.
Pensar que ele deu a vida por Clara, alguém que ele tinha acabado de conhecer,
e o quanto doía nele não ter lembrança de pessoa alguma que possa ter amado algum
dia. Foi uma cena impactante e descobrirmos que os dois estavam vivos não diminuiu
a força do sacrifício.
E quando temos a
confirmação que o Arquiteto é o próprio Doctor percebemos que não faria o menor
sentido que ele tivesse enviado aqueles dois para a própria morte. Aceitar o
fim da vida durante o percurso é algo natural e necessário em algumas ocasiões,
mas forçar alguém à morte conscientemente nunca encaixaria na personalidade do
Doctor, mesmo o Décimo Segundo, que não se esforça para ganhar o amor e a
aprovação dos que o cercam.
Desde o início
eu imaginei que o Teller não fosse mau. As correntes, a caixa onde ficava
hibernando, tudo indicava que o alienígena era manipulado por Delphox. E é
interessante pensar que a própria Delphox não era uma vilã. Ela apenas era uma
funcionária fazendo o seu trabalho. Karabraxos sim era uma pessoa sem muito
caráter e amor à vida alheia, mas ainda assim é difícil classificá-la como
vilã.
Sinto por
Delphox/Karabraxos ter uma participação tão pequena. Keeley Hawes é uma grande
atriz e esteve ótimo no papel, mas ela pode muito mais e foi, de certa forma,
desperdiçada, ainda que tenha sido Karabraxos a responsável por toda a trama,
afinal.
Observações:
1) Só tenho uma
perguntinha: o Doctor sempre teve um telefone dentro da TARDIS, onde alguns
ligavam e pediam ajuda, então por que ele instalou (ou ativou) o telefone de
fora da TARDIS (que até agora apenas a tal mulher de The Bells of Saint John e
Clara tinham o número)?
2) Achei legal
que o Doctor falou para Clara trocar os sapatos quando iam assaltar o banco.
3) O banco de
dados acessado por Psi para chamar o Teller para si trouxe imagens de vários
criminosos que já passaram pelo universo de Doctor Who, seja na própria série,
seja nos seus spin off (como John Hart, de Torchwood e O Trickster, de The Sarah
Jane Adventures).
***
Publicado também no site Teleséries.
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