terça-feira, 15 de setembro de 2009

Deixe Ela Entrar - Let The Right One In


Em uma época em que vampiros estão na moda, em especial os saídos de adaptações literárias (True Blood, Crepúsculo, e mais recentemente Vampire Diaries ou mesmo as adaptações de quadrinhos, como 30 Dias de Noite), Deixe Ela Entrar – Låt den rätte komma in no original ou como é mais conhecido, Let The Right One In –surpreende pela inovação. Não é um filme de terror, embora tenha sua dose (quase homeopática) de sangue. Ele se preocupa muito mais em explorar o interior de seus personagens, o que os motiva e como lidam com as agruras do dia a dia do que com o medo que surge em alguém ao se deparar com um ser que vive da morte alheia.

Embora ainda não tenha lido o livro que deu origem à filmagem sueca, ficou perceptível que o filme dá pinceladas em assuntos que com certeza são melhores explorados na obra literária. Alcoolismo, pedofilia, preconceito, bullying, psicopatia, nada é deixado de lado, apesar de não ser o enfoque principal.

O próprio tema de Deixe Ela Entrar é um tantinho diferente dos filmes de vampiro usuais. Trata do surgimento de uma relação intensa e de sentimentos verdadeiros entre o garoto Oskar (Kåre Hedebrant), profundamente marcado por abusos constantes de seus colegas de escola, a ponto de sonhar em secreto matá-los, e Eli (Lina Leandersson) a nova moradora do apartamento ao lado, que não é uma criança como outra qualquer.

E é neste momento que a falta de um substantivo comum de dois gêneros em português para designar um adolescente faz-se sentir. Embora no livro seja explicitado em certo ponto, o filme propositalmente não deixa claro se Eli é homem ou mulher. Apesar da tendência feminina da personagem, e de ser interpretada por uma atriz (fantástica), Lina proporcionou a Eli uma androginia bem pensada, assim como a própria personagem que aparenta ser mulher, mas afirma por duas vezes não o ser. E nem menciono a idade. Eli diz ter 12 anos...há muito, muito tempo.
Com um ritmo lento e bem estruturado, uma direção consistente e atuações bem acima da média, Deixe Ela Entrar é um sopro de ar fresco em um gênero que prima pelos desastres constantes. E a estranheza de ver um filme falado em sueco é um atrativo a mais nessa obra onde o próprio clima, que alterna entre o branco profundo dos dias de inverno e a escuridão gelada da noite, é um personagem por si só.

Resta saber se o filme virá para o grande público brasileiro ou passará somente nos circuitos alternativos, o que seria uma perda sem tamanho.

4 comentários:

naomi disse...

1. o leiaute novo ficou joiado;
2. bateu vontade de ler o livro!

Mica disse...

Eu confesso que eu gostava mais das cores do layout antigo, mas estava me irritando a falta de espaço entre um post e outro (além de certas dificuldades com as fotos).
Estou lendo o livro, é muito bom. É mais horror que o filme (que definitivamente não é, apesar do tema) e explora melhor um lado mais cru e pérfido da natureza humana.
Acho que deveria ler sim, Naomi. Aliás, deveria ver o filme também ^_^.

Solimar Antonio disse...

Até que gostei do filme, apesar de achá-lo meio paradão.

Acredito que não é o tipo de filme que agradará o público brasileiro, nem será lembrado por multidões, mas vale a pena conferir!

Sérgio disse...

Oi Mica, como vai?

Eu assisti a algumas semanas este filme sueco (Let The Right One In) e fiquei impressionado com sua originalidade; É uma história fantástica! Até onde sei este filme está sendo exibido até hoje numa mostra de cinema em São Paulo e em outras mostras em poucas cidades no país e o lançamento em dvd está previsto para maio/2010 (segundo o pessoal da mostra de cinema de São Paulo)

Agora quanto ao livro, desejo muito lê-lo e gostaria de saber se você tem alguma informação se esta obra será traduzida para o português e comercializada no Brasil?

Um abraço!

Postar um comentário