quinta-feira, 29 de abril de 2010

Glee - Home (1x16)


Série: Glee
Episódio: Home
Temporada: 1ª
Número do Episodio: 16
Data de Exibição nos EUA: 27/04/2010


Finalmente Glee em sua plena forma, com o elenco afinado e músicas que casavam perfeitamente com o desenvolvimento da história. Esta é a série que eu amo.

Embora não tenha trazido músicas poderosas como em The Power of Madonna, Home foi muito mais eficaz na execução de suas obras. Aqui a história não foi simples pretexto para os números musicais, muito pelo contrario. O enfoque foi no desenvolvimento dos personagens e as músicas (belíssimas e muito bem executadas) foram a cereja do bolo, o toque especial que a série sempre nos traz para nos deixar completamente rendidos a ela.

Nessa semana curiosamente o enfoque não foi nos protagonistas, mas sim nos excluídos. Bom, e em Finn, mas ele foi o suporte para Kurt brilhar nesse episodio e não o inverso. E como Kurt brilhou. Pela primeira vez a série o mostra como um ser humano tridimensional. O garoto foi egoísta e apaixonado, o que o levou a tentar unir o seu pai à mãe de Finn. Mas pelo visto ele não pensou nas conseqüências. Esse relacionamento não seria apenas a desculpa perfeita para os dois estudantes virem a morar sob o mesmo teto (sim, Kurt sabe que Finn é heterossexual, mas isso não o impede de lutar pelo que quer, não é? Quem diz que o amor entende de lógica?), mas principalmente, a união de Hudson e Hummel significava que Kurt teria que dividir a atenção, o respeito e a admiração do pai com outro rapaz muito mais próximo do que o pai considerava um filho perfeito. Kurt não contava com o seu próprio ciúme quando armou para a Sra. Hudson e o Sr. Hummel se encontrarem.

E se Kurt se mostrou apaixonado e ciumento (da admiração paterna), Finn se mostrou incrivelmente egoísta. Eu aplaudi quando sua mãe surtou e o convidou a sentar ao lado da urna com as cinzas do pai e assistirem juntos à TV. Meu Deus, ela era viúva à quase 16 anos, que tipo de filho é Finn se não pode entender que a mãe é acima de tudo mulher e tem o direito de amar e ser feliz? Embora, bem no fundo, eu entenda a reação do garoto, já que é a primeira vez que vê a mãe procurando ocupar o lugar que antes era exclusivo do pai.

Home sem dúvida alguma explorou a humanidade dos personagens melhor do que qualquer outro episódio. E, depois da facada nas costas que foi Kurt e Mercedes anunciarem no episódio passado que entrariam para as Cheerios, em Home tivemos a oportunidade de nos sensibilizar com o drama desses dois. Enquanto Kurt estava disposto a tudo para ser aceito, Mercedes se sujeitou a um sacrifício que pessoa alguma tem o direito de pedir de outra, muito menos a professora de uma escola. Se bem que a tal professora é Sue Sylvester e dela pode se esperar tudo (e para ser bem sincera, Sue estava anormalmente plácida e gentil no decorrer da coisa toda).

Quinn apareceu muito pouco, mas suas palavras foram incrivelmente sábias e por incrível que pareça Quinn tem se mostrado uma das personagens mais humanas e reais da série. A cena em que a loura consola Mercedes foi muito tocante e suas palavras motivaram a colega de uma forma que ninguém mais tinha conseguido. Por isso o desabafo de Mercedes ao final foi tão especial....e Sue saiu por cima mais uma vez.

Já o drama da falta de espaço e do reencontro de Will com April foi um show à parte. Embora o motivo principal da busca do professor por um lugar para o New Direction tenha sido basicamente criar uma oportunidade para Kristin Chenoweth dar o seu show (e que show!!), a história foi conduzida de forma tão brilhante que tudo pareceu perfeitamente crível e adequado ao que acontecia no restante do episódio.

Personagens de carne e osso, dramas plausíveis, história bem escrita...tudo bem diferente dos dois episódios anteriores. As músicas até podem não terem sido as mais bombásticas, mas o episódio foi irretocável.

E alguém percebeu que Rachel não teve nem um único solo para contar história? Normalmente eu reclamaria (a voz dela é fantástica), mas a verdade é que o episódio foi tão redondinho que sinceramente Rachel e seus dramas não se encaixariam. Ela estava muito bem ali, agarradinha com Jesse no plano de fundo. Só sinto por ser o terceiro episódio com Jonathan Groff e só tê-lo ouvido cantar lá na sua primeira aparição.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Stargate Universe - Faith (1x13)

Stargate Universe – Faith (1x13)

Data de Exibição: 16/04/2010

Written by Denis McGrath

Directed by William Waring


Faith foi um dos episódios mais simpáticos da série até o momento. E embora eu saiba que esteja abusando um pouco da palavra ‘simpático’ ultimamente, foi exatamente esta a sensação que eu tive desse episódio.

Absolutamente nada aconteceu, mas foi delicioso assistir com tranqüilidade as equipes voltando a se entenderem. E o misterioso planeta no meio de um sistema solar recém criado pode significar absolutamente nada, mas também pode indicar que grandes mudanças estão para acontecer.

E embora o nome do episódio tenha sido “Faith” – Fé, a série abordou muito timidamente o tema. Sim, o tal planeta pode ter sido feito por uma raça alienígena que nada tem a ver com eles e que poderia voltar e destruí-los, mas também poderia ser uma criação especial para a tripulação da Destiny (pelos mesmos alienígenas ou, quem sabe, pela mão de um Deus? Sim, eu sei que Deus propriamente dito não foi mencionado, mas é uma suposição, não? Já que estamos falando em criação de algo totalmente do nada e fora das leis usuais...).

Seja como for, a tripulação estava necessitando desse momento para se reencontrar. Depois da cisão entre militares e civis (e da insurreição abafada pelo grupo que detém as armas da nave) uma forma de coexistência pacífica entre os grupos era mais do que urgente. E os recursos naturais da Destiny estavam se acabando, o que significa que uma descida a um planeta provedor era mais do que um luxo. Mais providencial do que a nave parar justamente diante de um planeta perfeito para suas necessidades é impossível.

Um mês se passou durante o episódio, e é claro que não vivenciamos tudo com os personagens, mas pudemos ver os indivíduos reaprendendo a conviver e isso é o que realmente importa. E a série não foi indiferente ao dilema dos personagens. Achei de muito bom tom a frieza entre Matt e Chloe, apesar do óbvio cuidado que o rapaz ainda tem por ela. Assim como foi importante mostrar o reparo da Destiny e a forma como pela primeira vez Rush trabalhou em grupo e como as coisas podem fluir melhor quando civis e militares cooperam entre si e não ficam de brigas sem sentido.

Mas o que realmente moldou o episódio foi o drama de TJ. No início ficou claro que a ‘médica’ da equipe estava passando por algum problema, mas gravidez não foi minha primeira opção, embora tenha sido a mais lógica a partir do momento que a tenente chegou ao planeta. E eu posso compreender sua decisão de ficar para trás. A Destiny é praticamente uma prisão. Alimentação ruim, socialização precária e incerteza do futuro. Não é de admirar que a tenente preferisse criar seu filho em terra firme, ao ar livre do que nos corredores frios e indiferentes da nave Ancient. Mas ainda mais compreensível é sua aquiescência às ordens de Young ao final. A jovem literalmente abriu mão de sua felicidade e de sua vontade pelo bem da população. Li em algum lugar um pensamento interessante que mencionava a festa da tripulação por estarem todos juntos mais uma vez (bom, na verdade por terem suprimentos, mas isso não vem ao caso), enquanto a lágrima silenciosa de TJ demonstrava o quanto havia custado para ela aquele passo em direção ao Coronel.

E por falar no Coronel Young, ele pode ter melhorado sua atitude nesse episódio, mas perdeu totalmente a minha confiança. É engraçado como um dia eu já torci por ele e TJ, mas hoje tudo o que sinto ao olhá-lo é desprezo. A tenente merece homem melhor ao seu lado para criar seu filho.

No fim Faith não fez absolutamente nada, nem ao menos discutiu a fé de forma corajosa, mas estabeleceu o equilíbrio que a tripulação precisava para continuar e não se matar na primeira oportunidade. E mais importante do que qualquer coisa, me fez satisfeita enquanto assistia.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Stargate Universe - Divided (1x12)

Stargate Universe – Divided (1x12)

Data de Exibição: 09/04/2010

Written by: Joseph Mallozzi & Paul Mullie

Directed by: Felix Enrique Alcala


Divided foi um episódio que fez jus ao nome. Eu mesma fiquei extremamente confusa em relação aos meus sentidos. Achei um dos melhores episódios da série até agora ao mesmo tempo em que senti uma raiva tão grande enquanto assistia, que quase desliguei o computador e desisti no meio. E embora tenha ido até o final, terminei Divided xingando todo personagem da série (ou pelo menos, todos os militares).

O roteiro eu achei bastante inteligente e consistente com o rumo dos acontecimentos. E finalmente pude sentir orgulho de Chloe na série (e achei aquelas cenas no início as melhores do episódio inteiro). Eu sei que são poucos os que concordam comigo e pelo que eu li em praticamente todo lugar, minha voz é um mero sussurro na multidão dos que enxergaram o episódio de outra forma, mas a verdade é que eu consigo me identificar profundamente com os civis que integram a tripulação da Destiny.

É estranho para mim reagir de forma tão passional às atitudes dos militares da nave, já que eu sou usualmente fã das forças armadas e de suas regras e hierarquias (mas não se enganem, não sou a favor de guerra alguma). Mas ao contrário das outras séries da franquia Stargate, onde o controle era militar, as operações eram completamente militares e poucos civis interferiam (e quando o faziam não era sob o controle hierárquico rígido, mas sim a um tipo de interação que mais se aproxima de uma empresa), na Destiny o que ocorre é uma ditadura. E para piorar a cadeia de comando cheira mal. Young é fraco e é desestruturado para o comando, Scott é idealista e Greer é irreverente e acha que a ação vem antes da razão. Os cientistas civis não tem voz ativa. Eles são simplesmente comandados e se não obedecerem são subjugados pela tripulação armada.

Eu entendo que os cientistas faziam parte do grupo de pesquisa enviado ao planeta para descobrir como operar o nono Chevron e que eram subordinados aos militares, mas é bem diferente você fazer parte de um grupo de pesquisa, e você estar exilado em uma nave em uma parte desconhecida do universo recebendo ordens sobre absolutamente tudo de um grupo militar que não te ouve (embora queira fazer de conta que ouve) e que quando você discorda te colocam contra a parede com a arma apontada para você.

Esse clima de insatisfação vem crescendo há um bom tempo, mas a situação de Young e Rush foi o clímax. Acredito que mesmo aqueles que não gostavam do cientista acabaram aderindo à sua causa, não por confiarem nele, mas por confiarem ainda menos em um Comandante que joga um membro da tripulação em um planeta para morrer, somente por não saber como lidar com ele.

E é aí que entra o meu orgulho por Chloe. A garota esteve sob o fio da espada, foi capturada e só voltou porque Rush a salvou. Se dependesse de Young ela teria morrido no ataque que ele desferiu contra a nave alienígena (aquele ataque que eu creio com todas as minhas forças que ele apenas insistiu porque temia a volta de Rush). Então Chloe agiu conforme a sua consciência. Não se importou em ferir os sentimentos do namorado ou mesmo de Eli (as duas pessoas que mais gosta e respeita naquela nave), mas posicionou-se do lado que acreditava estar correto.

Minha opinião? O Comando da Tripulação deveria estar na mão de um triunvirato ou de um líder civil. Eles são os cientistas, são eles quem pode entender como a Destiny funciona ou como levá-los de volta para casa ou para um planeta onde possam sobreviver. Enquanto isso, a segurança ficaria a cargo dos militares. Quando fosse uma missão em terra, a hierarquia militar teria a precedência. Quando estivessem em situação de ataque inimigo, o comando militar assumiria, como o é em uma guerra. Mas sempre respondendo aos civis, afinal, aquela ali não é uma nave de guerra, mas uma nave de exploração.

Entretanto, é claro que minha opinião pouco importa para os produtores da série, e lá foram os militares se aproveitar do buraco no casco deixado pelos alienígenas azuis e retomar o comando da nave. E pior, Young teria os matado todos com sua sede por dar alguns tirinhos no espaço. Se não fosse por Rush insistir nos escudos, era uma vez a tripulação da Destiny.

E por falar em Rush, fiquei com pena dele com o localizador implantado próximo ao seu coração. Meio providencial a médica para fazer a cirurgia, mas tudo bem, eu relevo.

Pergunto-me agora como ficarão as coisas daqui para frente. O clima não estará bom entre civis e militares e não posso dizer que seja por culpa dos amotinados. E sinceramente não creio que esta foi a última vez que ouvimos falar dos alienígenas azuis.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Stargate Universe - Space (1x11)

Stargate Universe - Space (1x11)

Data de Exibição: 02/04/2010

DIRECTED BY - Andy Mikita

Exatamente quatro meses após o seu último episódio, Stargate Universe volta à TV. E embora eu seja uma defensora ardorosa da série e fique vidrada todo santo episódio, não posso negar que não senti a menor falta nesses quatro meses de hiato. Isso é preocupante. Se nem uma fã como eu, que não perde um episódio por nada e que faz campanha pró SGU para todo mundo, não senti diferença entre ter a série no ar ou não, imaginem para os que assistem mais por obrigação ou em lembrança às outras séries da franquia!

Talvez o grande problema seja a falta de identificação com os personagens. E isso é curioso, já que SGU é a primeira das séries Stargate que tem um enfoque principal nas pessoas e não nas viagens off-world. Mas é a pura verdade, enquanto em SG1 ou em SGA nós sentíamos empatia pelos personagens e os tínhamos quase como da família (e, portanto, sentíamos falta quando não estavam semanalmente na nossa TV), em Universe tanto faz como tanto fez aquele bando de gente preso na Destiny. É claro que gostamos dos coitados exilados no espaço (eu realmente adoro o Rush e o Eli), mas alguém aí sentiria falta de verdade de algum deles saísse da série? Eu sei que eu não.

Mas falta de saudades à parte, o que importa é que Universe voltou do hiato com um dos episódios mais movimentados de sua história. Tudo bem, tiveram seus defeitinhos aqui e acolá, mas falaremos disso mais tarde. Por ora, vamos nos deleitar na primeira batalha espacial da série. E quem se importa se os efeitos especiais estavam primários? É um mero detalhe. O legal mesmo foi ver o povo encontrando outra raça alienígena e partindo para o ataque...ou melhor, para a defesa. Até ignoramos o óbvio (não teria como Scott e Greer baterem de frente com os caças inimigos com aquele transportador lento e grande) em prol da alegria de sabermos que a Destiny enfim saiu do marasmo e enfrentou alguma emoção.

A boa notícia é que, a despeito dos efeitos sofríveis na batalha espacial, os utilizados na raça alienígena foram muito bons. É bem verdade que eles só estavam usando aquela roupinha de borracha preta em prol dos momentos que os humanos apareceriam na nave inimiga, mas isso é o de menos. O importante aqui foi vermos outra raça, que obviamente não fala o nosso idioma (e isso eu achei particularmente legal) e tampouco tem conhecimento de quem somos nós. Aliás, acredito que agora saibam um pouquinho mais, já que reviraram a mente do Rush e mesmo da Chloe.

Entretanto, não há dúvidas de que os alienígenas estão atrás da Destiny. E não é de hoje. Se é que alguém ainda se lembra, lá no início da série nós vimos uma pequena nave decolando da Destiny sem qualquer explicação. Pois é, eis nossa explicação. Os homenzinhos azuis estavam de olho na nave Ancient há um bom tempo, e a atitude desmedida do Coronel Young ao deixar Rush para trás, foi a brecha que os azulzinhos precisavam.

E por falar no Young, eu cheguei ao ponto onde passei a odiar o Coronel. Até agora eu estava em uma zona meio cinzenta, não gostava nem desgostava. Ele sempre me pareceu fraco para o comando, ainda mais em uma operação importante como esta em que eles estão, mas eu enxergava certa humanidade no personagem (mais pela sombra de relacionamento que ele teve com TJ e pela confiança de O’Neal no Coronel). Space destruiu completamente qualquer respeito que eu pudesse ter por ele e tudo que ele recebe de mim no momento é o meu desprezo.

Não foi apenas deixar Rush para morrer, mas todo o autoritarismo inconseqüente dele, as conversas prepotentes e arrogantes com Wray (e aqui abro um parêntese para dizer que Ming Na está perfeita na série, apesar da personagem odiável na maioria das vezes) e por fim o ataque à nave inimiga.

Peço desculpas aos que acreditam piamente que o Coronel estava apenas atirando para salvar a tripulação da Destiny, ou mesmo que era uma forma de desviar a atenção dos azuis para que Rush pudesse escapar, mas para mim, o que o Coronel estava realmente fazendo era apagar os traços da sua própria covardia. Ele estava disposto a matar Chloe se com isso conseguisse eliminar Rush de vez e não deixar ninguém descobrir que ele o havia abandonado no planeta propositalmente.

E eis aqui duas das coisas que mais me incomodaram nesse episódio: a captura de Chloe e o retorno tão rápido de Rush. É claro que eu queria Rush de volta, mas teria sido muito mais interessante deixá-lo longe por mais alguns episódios. Daria um ar de expectativa muito maior. Mas não, assim como destruíram em tempo recorde todo o clima angustiante que construíram no episódio Time (1x08), os produtores não souberam aproveitar a oportunidade que criaram em Justice (1x10).

Agora Rush está de volta, mais traiçoeiro e vingativo que nunca e vai fazer de tudo para desacreditar o Coronel. (alguém aí se arrisca a dizer se Eli mostrou o vídeo para Young por voltar a acreditar nele ou se vem gravando as conversas da tripulação a mando do Coronel?)

O outro ponto, como eu mencionei, foi a captura de Chloe. Não que eu tenha me incomodado com ela zanzando pela nave em pleno ataque inimigo (na verdade, acredito que ela não tenha se dado conta de que estavam sendo atacados até ser tarde demais), mas precisava mesmo ser ela a ser levada? Já não basta ser a civil bonitinha que divide a cama com o oficial mais bonito da tripulação, ainda tem que fazer dela a donzela em perigo? É reduzir demais a personagem. É torná-la ainda mais inútil do que já é.

Definitivamente está na hora desses roteiristas começarem a escrever boas cenas para a Chloe, porque só de um rostinho bonito não vive uma personagem.

E eles podem fazer quando querem. Esse episódio foi a prova de que podem entremear cenas de ação com desenvolvimento psicológico e, o mais importante, com participação mais efetiva e de qualidade de maior parte do elenco. É só lapidarem a jóia bruta que tem nas mãos, apararem a aresta e as coisas começarão a andar.

Só faço mais um pedido antes de acabar: não fiquem matando/incapacitando personagem a torto e a direito. A Destiny não tem uma tripulação tão grande assim para a série se dar ao luxo de eliminar gente como se fossem baratas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Doctor Who 5x01 - The Eleventh Hour

Doctor Who - The Eleventh Hour (5x01)
Exibição: 03/04/2010
“Amy Pond, você precisa saber de algo importante sobre mim. É importante e um dia sua vida pode depender disso: Eu sou definitivamente um homem louco em uma cabine”.


Doctor Who está de volta e melhor impossível. Bom, sempre é possível melhorar, mas definitivamente não há o que reclamar do episódio de estréia desta nova temporada. Contrariando as vozes lamuriosas da grande horda de fãs que choravam a saída de David Tennant e seu Décimo Doutor, Matt Smith nos apresentou um Décimo Primeiro Doutor completamente excêntrico e que acabou por cativar mesmo os fãs mais aflitos. Na verdade, as vozes que correm por aí afora é a de que The Eleventh Hour trouxe de volta o verdadeiro espírito de Doctor Who.
Sem querer desmerecer David Tennant e seu cativante (e sofrido) Doutor, após quatro anos era chegada a hora de vermos mais uma faceta do Senhor do Tempo. Com Steven Moffat na produção da série e Matt Smith assumindo o papel que já pertenceu a outros dez atores antes dele, Doctor Who iniciou uma nova fase e isso fica evidente já no episódio inicial.
Para os que desconhecem a série (há alguém que ainda não sabe sobre ela!?), em poucas palavras Doctor Who mostra as aventuras de um alienígena conhecido apenas como Doutor. Ele, como todos de sua extinta raça (os Senhores do Tempo) podem ir e voltar no tempo e no espaço. Para isso usa a TARDIS, máquina viva que pode se camuflar em qualquer ambiente, mas que algumas décadas atrás ficou emperrada na forma de uma cabine de polícia azul. Basicamente a série é isso, viajarmos para trás e para frente, para a Terra ou para outros universos, sempre acompanhando o Doutor e quem quer que esteja viajando com ele em sua TARDIS. O diferencial está no fato de que o Doutor não morre, ele regenera com outra face e outra personalidade, mas com todas as lembranças que continuam fazendo dele o mesmo Doutor de sempre.
E é exatamente neste ponto que a nova temporada começa. O Décimo Doutor, após dar a vida para salvar Wilf (em The_End_of_Time_-_Parte_II) regenera mais uma vez. Não sei se porque o Décimo era alguém tão apegado àquela regeneração em particular, mas a energia que o Doutor libera dessa vez é tão poderosa que literalmente quase destrói a TARDIS e o coloca em queda livre para sabe Deus onde. Em um novo rosto e novo corpo ainda desconhecidos para ele mesmo, nós conhecemos o Décimo Primeiro ao mesmo tempo em que a pequena Amilia Pond o conhece. E tudo muda para ela, e para nós também.
O início, com o Doutor ainda descobrindo as manias do seu novo corpo, é delicioso de assistir. A pequena Amilia Pond cozinhando e tentando agradar aquele lunático que aparece todo molhado saindo de uma caixa azul é tão inocente e leve que nos faz lembrar que Doctor Who é sobretudo um programa para a família toda assistir. Não apenas crianças, mas com certeza não apenas adultos. E é por isso que esse episódio foi ainda mais especial, pois ele mesclou de forma magistral o mistério e diversão inocente que agrada qualquer criança (e para isso a pequena Amilia e a excentricidade do Doutor foram peças chave), com uma sensualidade velada e subtextos adultos feitos especialmente para os fãs com um pouquinho mais de idade (mas com um cuidado extremo para não cair na sexualidade barata que se encontra em todo canto nos dias de hoje).
O roteiro, escrito por Steven Moffat (novo produtor da série e o responsável pelos melhores episódios da era Russell T. Davies, em minha opinião) foi muito bem amarrado e ágil. Não o melhor de Moffat até agora, mas bom o bastante para deixar os fãs entusiasmados, e trazer de volta os que se sentiam um tantinho decepcionados com os rumos que a série vinha tomando nas últimas temporadas (o que não era o meu caso).
Mais interessante do que a ameaça à raça humana da qual o Doutor nos salva (e aqui vale dizer que não sei quem era pior para nós, o Prisioneiro Zero, que se escondeu na casa de Amy por longos doze anos e pouco fez que fosse do nosso conhecimento, ou se os Atraxi, que estavam dispostos a destruir a Terra para eliminar o Prisioneiro), foi a forma como os personagens foram apresentados em The Eleventh Hour. Desde o natal de 2005 não precisávamos conhecer um novo Doutor, e mesmo naquela época apenas ele era o elemento estranho na série. Agora, tudo era novo. Não tínhamos um único personagem que nos remetesse às temporadas passadas. E por incrível que pareça, não fez a menor diferença. O episódio foi tão Doctor Who, que por momento algum eu senti alguma estranheza. Era tudo tão familiar, apesar dos rostos diferentes e o Doutor continuava sendo tão ele mesmo, que a única coisa que consegui fazer de verdade foi sorrir feito uma tola durante o episódio inteirinho.
A química entre o Doutor e a nova companheira foi excepcional. Os dois funcionaram muito bem juntos. E é curiosa a forma como ele moldou a vida da garota sem nem ao menos perceber. Ao aparecer no meio da noite na casa de uma Amilia Pond ainda criança e mostrar toda uma nova realidade para ela, o Doutor acabou por criar a pessoa que Amy seria no futuro. Totalmente inconseqüente nos seus primeiros minutos pós-regeneração, o Doutor não teve a menor noção de que os cinco minutos que pediu para a garota esperar que ele voltasse, acabaram por serem doze longos anos. Período em que ela se sentiu abandonada, esquecida, louca, e ao mesmo tempo especial por ter conhecido um homem que viajava no tempo em uma pequena cabine de polícia azul, mas que ela nem ao menos tinha certeza se era real.
O reencontro dos dois foi épico. Totalmente alheio ao tempo que ficou longe, o Doutor invadiu a casa crente que a garotinha estava por ali, esperando por ele. E, bem, Amy de fato estava ali, mas de garotinha ela não tinha mais nada.
Eu achei de muito bom tom esta transformação que a personagem sofreu. Pudemos conhecer a garotinha inocente, que não tinha mais os pais, vivia com a tia e que depositou toda a sua confiança em um estranho meio maluco que apareceu no meio da noite caído do céu, e por isso fez tanto sentido quando vimos a jovem auto-suficiente que Amy se tornou doze anos depois. Muito boa a cena em que ela se passa por uma policial enquanto mantém o Doutor algemado. E a forma como ela se revela a ele...perfeita. Doze anos realmente é um longo tempo para se esperar por alguém. É engraçado isso, não? As outras companheiras criaram seus laços com o Doutor enquanto conviviam com ele, mas Amy teve doze anos para que a aparição do Senhor do Tempo moldasse sua vida, sem nem ao menos tê-lo ao seu lado por todo esse tempo. Apesar disso (ou talvez, por causa disso) os dois se encaixaram perfeitamente.
O mais curioso é que o Doutor é tão sem noção, que ao deixá-la ao final do episódio para voltar logo em seguida, ele consegue chegar dois anos depois. Mas ela o segue mesmo assim. A grande dúvida é: conseguirá o Doutor trazê-la de volta antes do seu casamento? Aliás, como ela teve coragem de segui-lo sabendo que ele é horrível com datas exatas?
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Algumas observações:
* Amy levantou alguma polêmica entre os britânicos mais conservadores. O fato da garota ser uma Kissogram (embora eu tenha cá comigo a impressão de que no fundo Moffat queria fazer de Amy uma stripper, mas não se atreveu devido ao público alvo de Doctor Who), usar uma saia micro e ainda ter o ‘topete’ de ficar olhando o Doutor se trocar (enquanto Rory decentemente olhava para o lado) fez com que algumas pessoas torcessem o nariz para a ‘sensualidade exacerbada’ do episódio. Eu particularmente acho essas alegações sem fundamento. Amy é espirituosa, jovem e sofreu grandes perdas na vida, o que fortaleceram o seu caráter e sua forma de agir diante do mundo. Ela é uma garota que sabe o que quer e como se impor. A sensualidade do episódio foi bastante velada e, como eu já mencionei, mais subentendida do que explícita. Algo para adulto compreender, não criança. Não sei como é o acesso dos jovens ingleses ao conteúdo impróprio, mas nossas crianças vêem coisas muito piores na TV todos os dias.
* Doctor Who é uma série ateísta. Interessante como isso se manifesta na oração de Amy ao Papai Noel e não a Deus.
* A TARDIS tem uma biblioteca e uma piscina! Certo, a TARDIS tem de tudo, mas é tão legal quando ouço os personagens mencionando as coisas que podem ser encontradas lá dentro.
* O Doutor tem uma nova Chave de Fenda Sônica, e desta vez ela é verde.
* A TARDIS está novinha em folha, e faz todo sentido ela ter se transformado. Achei muito legal como ela se destruiu com a regeneração do Doutor e como levou tempo se reformando. O mais interessante foi o Doutor não poder acessá-la enquanto ela se reconstruía.
* Com a nova TARDIS, o Doutor finalmente começa a abri-la com um estalar de dedos, como River Song mencionou no episódio “Forest of the Dead” (também escrito por Moffat).
* Lindíssima a música que toca enquanto Amy entra na TARDIS pela primeira vez. A trilha sonora desta série sempre me surpreende pela qualidade. Aliás, fico agradecida que Murray Gold tenha continuado responsável por ela.
* Enquanto o Doutor ameaçava os Atraxi deixando bem claro que a Terra tinha um defensor, então era melhor eles não ficarem zanzando por aqui achando que podiam fazer o que bem entendessem no terreno dos outros, foi mostrado brevemente a face de cada uma das regenerações do Doutor, bem como algumas cenas da série. Foi uma forma de unir o Décimo Primeiro a todas as outras regenerações que conhecemos ao longo das décadas. O rosto pode ser diferente, algumas atitudes também, mas ele é e sempre será o Doutor. E cá entre nós, foi uma belíssima homenagem. Fiquei encantada com a cena.
* Eu queria falar algo sobre Rory, mas sinceramente não sei o que dizer. Eu achei uma graça o personagem e espero de verdade que ele volte a aparecer e quem sabe até a viajar com o Doutor. É com ele que Amy irá casar? E por falar em casamento, o medo geral é de que Amy e o Doutor venham se envolver. Eu particularmente não me importo, desde que não seja algo de ‘amor verdadeiro e razão da minha existência’.
* A pergunta que Amy faz é procedente: por que ela? Algo me diz que não é casual a escolha do Doutor. Não é a simples solidão que o fez escolhê-la para acompanhá-lo.
* Parece que Moffat manterá o link sutil entre os episódios da temporada. “The Silence Will Fall”, essa foi a última frase do Prisioneiro Zero ao Doutor. O que ele quis dizer? A curiosidade, como era de se esperar, já me corrói.