Livros investigativos/policiais sempre me atraíram, mesmo assim só havia lido dois livros brasileiros com este gênero (Buffo & Spallanzani e o Xangô de Baker Street) e ambos há uma vida, nos idos da minha adolescência. Foi por isso que fiquei feliz quando O Momento Culminante, de Roberto Freire, caiu em minhas mãos. Em uma época que eu tentava ler alguma coisa nacional, nada melhor do que um gênero que eu gostasse bastante.
Infelizmente a leitura não fez jus às expectativas. O Momento Culminante se mostrou um dos piores livros que já li. Inicialmente pensei que a rejeição fosse porque eu tinha acabado de ler o ótimo Os Homens que não Amavam as Mulheres (Stieg Larsson), porém, mesmo depois de meses (fui obrigada a interromper a leitura, não me dava prazer algum) o livro continuou sendo tão ruim quanto na minha impressão inicial.
A idéia até era interessante, mas o seu desenvolvimento foi uma vergonha. O autor não conseguiu criar personagens cativantes ou que despertassem qualquer interesse no leitor. O detetive Leonardo (Leo) parece demais ser a projeção dos desejos íntimos da cabeça do autor (um transposição para o papel do que ele acredita ser o homem perfeito, sem vínculos emocionais, estudado, com dinheiro, acesso a praticamente qualquer círculo, qualquer mulher e muito inteligente e perceptivo) e ao leitor ele é um personagem divorciado da realidade, com o qual não conseguimos nos importar nem o mínimo necessário.
O caso – encontrar uma estudante de artes desaparecida e que se acredita ser o cadáver preservado em “vidro” encontrado pelo caseiro de Leo próximo a sua fazenda – é a única coisa que consegue levar o leitor página após página, mas mesmo ele vai se tornando cada vez mais fantasioso e absurdo e chega um momento que temos a nítida impressão de que o autor acha que somos idiotas por continuarmos a ler um desenrolar tão mal formulado. É como aqueles filmes ruins de ação que o protagonista consegue tudo, mesmo quando está claro que a forma lógica de agir não é aquela.
Como se não bastasse os graves erros no desenvolvimento da história, ainda somos forçados a uma escrita mediana e que parece ter sido formulada para chocar (a forma como o personagem se refere ao sexo, como introduz um relacionamento lésbico de personagens que jamais deram indicação deste tipo de preferência sexual, o que deixa ainda mais explícito os desejos íntimos do autor refletidos em seus personagens), mas que ao final só serve para demonstrar o quanto Roberto Freire é raso e o quanto fracassou no seu intento. Sem, é claro, mencionar os diálogos pífios e forçados (“fizemos um sexo gostoso”, entre outros que soariam ridículos na boca de qualquer pessoa real).
Fiquei triste por meu retorno à literatura brasileira ter sido com um livro de qualidade tão baixa. O próximo da lista é Olga, de Fernando Morais. Tenho esperanças muito maiores com este.
3 comentários:
Humm q pena neh q esse livro não é tao bom, li um policial essa semana de um escritor brasileiro, é muito engraçado, mas nao tem nada a ver com policial! ¬¬
Mica, um bom autor policial brasileiro é o Luiz Alfredo Garcia Roza. No primeiro livro o detetive Spinosa investiga um assassinato ocorrido num estacionamento na cidade do Rio de Janeiro e a partir daí a leitura sai fácil. É uma sucessão de ohhhhh e ahhhhhh até o final. Acho que vale a pena ler o livro, especialmente, pra quem conhece o Rio de Janeiro, onde se passa a história, pois a ação acontece em ruas conhecidas da cidade como a Rua do Ouvidor ou Sete de Setembro. Pra quem não conhece, vale a pena imaginar também. E ah, a história nada tem a ver com traficantes, ou seja, foge do clichê dos crimes que ocorrem na cidade.
Luiz Alfredo Garcia Roza....vou procurar. Obrigada pela dica, Vivian.
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