terça-feira, 9 de agosto de 2011

Torchwood: Miracle Day - The Categories of Life (4x05)

Torchwood: Miracle Day - The Categories of Life (4x05)

Com Categories of Life Torchwood: Miracle Day chega à metade da sua temporada. E não disse ainda a quê veio.

Eu geralmente sou uma pessoa otimista. Posso reclamar bastante, criticar mais do que as pessoas normalmente gostariam, mas mesmo assim sou bastante otimista. Sempre acho que pode e vai melhorar, que miraculosamente a série alcançará o seu maior potencial, etc, etc, etc. Por isso que vejo tanta série ruim. Alguma coisa dentro de mim sempre acredita que há algo que faça o esforço valer a pena. E é mais ou menos o que eu venho sentindo com esta nova temporada de Torchwood. Não é que a série esteja no seu melhor desempenho, eu é que sou otimista e persistente. Ou talvez seja em memória aos velhos tempos, à época que eu amava tanto esta série que mesmo já tendo assistido a temporada inteira, ainda acordava todas as quartas-feiras às 3h da manhã para reassistir ao episódio (quando passava na extinta People & Arts) e escrever a resenha com tudo fresquinho na memória.

O caso é que Torchwood está indo ladeira abaixo sem obstáculos. Tenho medo de onde isso vai dar. A série nunca teve o pé muito firme na realidade (pelo menos na nossa realidade, o que era o seu charme), mas ela era consistente consigo mesma, com o seu universo e suas loucuras e isso se perdeu. Acho que Russell T. Davies despirocou. E Jane Espenson não ajudou muito com seu roteiro completamente impraticável.

O que sabemos da temporada até agora?

- Jack e Gwen eram fugitivos e foram capturados pela CIA e extraditados para os EUA;
- Rex e Esther eram agentes da CIA e foram incriminados por terem se aproximado da Torchwood;
- Esther tem uma irmã com problemas psicológicos e a denunciou por maus tratos aos filhos;
- Rex tem pai e não se dá com ele;
- O pai de Gwen está doente e ela voou para Gales na tentativa de resgatá-lo das mãos do Governo;
- Rex e a Dra. Juarez se envolveram sexualmente;
- Vera Juarez se tornou um membro interino da Torchwood (que, segundo Rex, não existe mais, é só um nome que eles usam para se referir ao seu pequeno grupo, o que, devo dizer, é a decadência da decadência);
- Jilly Kitzinger se aproximou de Oswald Danes e de Vera Juarez e os colocou no meio dos acontecimentos, mas, embora ela aparente ter alguma importância (tanto que foi abordada por um homem misterioso durante o episódio), até agora nada aconteceu que corrobore esta sensação;
- Oswald Danes sobreviveu à pena de morte, tornou-se popular, pediu perdão na cena mais sem credibilidade da história e, não sei por qual motivo, a Phicorp resolveu usá-lo como garoto propaganda do Dia do Milagre;
- Existe um inimigo misterioso, antiquíssimo, que conhece Jack Harkness, é responsável pelo milagre e se comunica com seus subordinados geralmente por um telefone onde aparece a imagem de um triângulo;
- Ninguém mais morre, exceto Jack Harkness, que sabe Deus o porquê virou mortal (quem terá esse tipo de poder, quando nem mesmo o Doutor tem a menor ideia de como reverter o ponto estático que é Jack?);
- A Phicorp, uma mera indústria farmacêutica, tinha conhecimento do milagre e vinha se preparando para o grande dia e agora está por trás das Categorias de Vida que foram instauradas ao redor do globo;
- Já que ninguém morre, os países do mundo decidiram por categorizar os vivos em três estágios: 1) os que deveriam estar mortos, 2) os que estão doentes ou machucados, mas tem solução, 3) os saudáveis.
- As pessoas classificadas como estágio 1 são encerradas em um contêiner e incineradas.

Não sei se sou apenas eu, mas tenho a sensação de que em cinco episódios foram desenvolvidas bem menos coisas do que antigamente se desenvolvia em um único. A história não anda, nada se esclarece e, embora eu entenda a necessidade de conhecermos melhor o novo terreno e a nova equipe, isso poderia muito bem acontecer ao mesmo tempo em que a história caminha. Não é preciso parar tudo só para vermos alguns relances das personalidades da nova Torchwood.

E Categories of Life extrapolou as raias do absurdo. Carece de bom senso aquele que acredita que o público vai comprar uma história tão pouco embasada como esta que querem nos vender. Não posso acreditar que uma mulher como Vera Juarez, aparentemente chefe do setor cirúrgico (ou pelo menos da Emergência), que tomou as rédeas para si no painel que freqüentou, não saberia em tempo real qual a decisão que o seu painel tomou. E mais inadmissível ainda é tentarem nos empurrar a ideia de que os governos do mundo todo instaurariam uma medida tão drástica como as Categorias da Vida assim, da noite para o dia.

Não estamos falando apenas em categorizar quem está vivo e quem supostamente está morto, mas sim em tirar pessoas dos hospitais (onde muitas eram bem tratadas) em tempo Record e levarem-nas para acampamentos militares sem quaisquer estruturas. Não faz sentido!

Outra coisa sem sentido é vermos aquelas pessoas vivas, mas em estado vegetativo nos contêineres. Pelo que me lembro, uma das afirmações de Jack no episódio passado era a de que as pessoas estavam mais vivas do que o normal. Tivemos bons exemplos, como o homem que explodiu e teve a cabeça arrancada, mas continuou consciente, a mulher que foi esmagada e os olhinhos continuaram lá, piscando, muito vivos... por que então essas pessoas nos contêineres eram tratadas como mortas? Quero dizer, eu entendo a necessidade de incinerar os que não têm mais volta (queimados sem recuperação, membros – em especial a cabeça – arrancados, doenças terminais e tão contagiosas que a própria sobrevivência é um fardo para a pessoa), mas a maioria das situações tem volta dado o tempo necessário para a cura. Rex é a prova viva disso. Muitas vezes perdemos as pessoas não porque a doença ou o ferimento é incurável, e sim porque é tão agressiva a invasão que nosso corpo não tem tempo hábil de se curar. Agora temos todo o tempo do mundo. Incinerar indiscriminadamente é absurdo. Compreensível que alguns grupos defendam esta atitude, mas todos os países do mundo? E ainda colocarem a Phicorp por trás dos ‘acampamentos’ para onde os doentes foram transferidos? Não faz sentido! E, desculpem-me, mas eu não tolero ser tratada como idiota por produtor de tv que acha que está fazendo um roteiro sério.

E o que dizer da morte da Dra. Juarez? Tudo bem, admito, eu fiquei chocada. Era a nova personagem que eu mais gostava na série e pela importância que vinha demonstrando nos episódios eu me perguntava o porquê de não aparecer nos créditos de abertura. Agora entendi. Ela foi queimada viva. E pelo motivo mais besta que eu já vi. Como uma personagem inteligente como ela não foi perceber o desequilibro do homem com quem falava? Ficou cutucando onça com vara curta, é claro que saiu machucada. Ela tinha sim que denunciá-lo, mas confrontá-lo ali em um ambiente fechado, em um acampamento onde ele era a maior autoridade foi loucura total. E ela continuou insistindo, mesmo após ter recebido o primeiro tiro. Onde estava a roteirista com a cabeça quando escreveu esta cena? Aliás, este episódio inteiro? Nada foi coerente ali.

E já que estou falando de incoerência, posso muito bem mencionar Gwen e sua tentativa de resgatar o pai. Gwen tem sido a melhor personagem desta temporada, mas ela foi muito amadora em toda esta história. Primeiro sai dos EUA com passaporte falso (não sei quais contatos usou para conseguir um tão rápido) para salvar o pai, quando no episódio passado Esther levou uma bronca por ter contatado a família. Hipocrisia é pouca por aqui. Então chega lá e vai bater boca com atendente de fila, como se rodar a baiana funcionasse em algum lugar desta terra. Como obviamente não chegou a lugar algum, infiltrou-se na maior facilidade no acampamento (neste ponto eu perdôo, porque afinal, Torchwood sempre fez desses malabarismos absurdos mesmo, a diferença é que antes usavam de toda a autoridade da Torchwood) e estava tão avoada que sequer viu o pai ali deitado. Não faço ideia de como Rhys levou um caminhão até o lugar certo (acho que ele está fazendo o transporte dos contêineres, não?), mas a fuga foi tão atrapalhada que era óbvio que o pai acabaria tendo outro infarto. E agora o bom velhinho foi reclassificado como nº 1, ou seja, incinerador nele. Gwen nunca foi tão amadora na vida, nem mesmo quando era amadora.

O que nos leva de volta à velha história das categorias de vida. Como assim classificar o homem como 1 por ter sofrido um infarto? Se ele for operado e não tiver risco de morte, ele vai se recuperar tranquilamente...a menos que falte oxigênio no cérebro etc e tal. Não dá para levar a sério uma classificação dessas.

E por fim, mas não menos importante, Jack (o nosso herói recém promovido a coadjuvante de luxo) foi buscar ajuda de Oswald Dane para desmascarar a Phicorp. Até tu Brutus? E eu aqui, reclamando do amadorismo da Gwen, tadinha. É claro que Danes usou da informação de Jack em benefício próprio. O que mais Jack esperava?

E aqui estamos nós, cinco episódios depois e sem saber ainda absolutamente nada. Quem está por trás do milagre? Qual o seu envolvimento com Jack? Porque a Phicorp é com certeza apenas o laranja. E por que eles escolheram justamente Oswald Danes, um pedófilo assassino condenado para ser o seu porta voz?  Qual a função de Jilly Kitzinger nesta história toda? E principalmente, para que fazer do mundo imortal, se vocês vão colocar qualquer um no incinerador?

Preciso de um pouco de sentido na minha vida.

E para os fãs, peço desculpa por achincalhar o episódio, mas como fã eu mesma, dou-me ao direito de mostrar meu descontentamento e exigir ser tratada como um ser inteligente. Sempre amei Torchwood e seguirei firme e forte assistindo à série, mas se não fosse Torchwood e eu não tivesse uma relação de carinho e prazer com ela já de longa data, não sei se teria paciência para voltar semana após semana diante da falta de consistência que me tem sido apresentada.

Agora, é como eu disse, eu sou otimista e persistente, então vamos esperar por um pouco do brilhantismo que já vimos que RTD pode fazer quando realmente quer e não deixa seu ego ser maior do que o mundo. 

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