quarta-feira, 7 de setembro de 2011

True Blood: Burning Down the House (4x10) e Soul of Fire (4x11)

True Blood
Burning Down the House (4x10) e Soul of Fire (4x11)


Todo seriador percebe quando chegou o seu momento de pendurar as chuteiras com algum seriado, e parece que meu momento chegou com True Blood. Aguentei a duras penas esta quarta temporada, mas a verdade é que estou em um ponto onde cada episódio só me causa raiva e não mais qualquer tipo de prazer. Se já é difícil para mim como fã, não quero nem imaginar como deve ser difícil para os que lêem minhas resenhas, que a cada episódio estão mais amargas e mais difíceis de serem escritas.

Ultimamente não sei mais distinguir se o episódio está horrível ou se eu tenho esta sensação por estar tão irritada com o rumo que resolveram dar para a maioria dos personagens. E antes que me digam que é porque eu li os livros e fico comparando (algumas vezes é inevitável, admito, mas não é este o caso), a minha irritação não é por terem se desviado do desenrolar da trama dos livros. Eu já aceitei isso e estava de coração aberto esperando o desenvolvimento das novas aventuras. O problema é quando não conseguem ser coerentes (ou pelo menos interessantes) com as coisas que se propõe a fazer.

Sobre Burning Down the House eu quase nem consegui escrever. Terminei o episódio tão furiosa que tudo o que tive capacidade de fazer foi rabiscar algumas considerações irritadiças que não poderiam sequer ser chamadas de resenha. Mas depois de analisar mais friamente (e trocar algumas opiniões aqui e ali), sinto-me mais condescendente e por conseqüência mais disposta a enxergar os pontos positivos.

Gosto desta Sookie mais atuante. Tudo bem que a rajada de luz já ficou batida, mas é bom vê-la tomando o destino da própria vida nas mãos. Os roteiristas deram uma escorregada feia durante o seu período idílico com Eric (personagem que, em minha opinião, perderam a mão durante a temporada), mas desde que Sookie desgrudou um pouco do vampiro louro ela pode demonstrar um pouco mais da personalidade fortalecida que deu às caras no início da temporada.

Não me entendam errado, eu sou fã de Sookie e Eric, quero os dois juntos e não a suporto com Bill, mas eu gosto dela com o Eric de verdade, e não este Eric apaixonado e disposto a dar a própria vida sem pensar duas vezes. Juro que eu quis matá-lo eu mesma quando o vi gritando com Pam por ela ter ousado salvar a vida dele e colocado a de Sookie em risco.

Eric poderoso e blasé e mesmo assim interessado em Sookie: muito legal. Eric bobo apaixonado: nem tanto. Ainda bem que ele tem Pam ao seu lado para cobrir as bases enquanto ele está pateteando por aí. Ou alguém vai me dizer que não ficou encantado com a alegria da vampira ao ver que o seu criador recuperou a memória? Eu, do lado de cá da tela, exultava com a felicidade dela.

A história das bruxas ainda não decidi se foi conduzida bem ou mal. Eu não gostei do rumo das coisas, mas se isso foi coisa minha (porque eu achava chatas as cenas, em especial as de Jesus e de Lafayette) ou se foi mal feito mesmo, não tenho como ter certeza. O que eu sei é que Fiona Shaw esteve sublime, fazendo-me odiar a personagem a cada aparição (com exceção do momento em que ela volta e fala com o Jesus, pois parecia uma menina animada e cheia de vida). É interessante observar que de vítima de agressão, Marnie se tornou a agressora.

Violência só gera violência, nunca é a solução para um conflito. E o agressor geralmente acaba ampliando o objeto do seu ódio e agressão (vide os humanos que Marnie aprisionou ou mesmo causou a morte), sempre se julgando no direito. É um círculo vicioso e não é possível torcer por nenhum dos lados nesta história (vampiros e bruxos), já que ambos estão errados em sua forma de ação e reação.

O que eu gostei foi de Antonia se mostrar uma pessoa (bem, um espírito) com compaixão. Ela tinha raiva sim dos vampiros, a ponto de vagar por séculos em busca de vingança, mas quando percebeu o mal que estava trazendo aos humanos com o seu comportamento doentio, ela voltou atrás e estava disposta a parar com a sua vingança pessoal. Eu não esperava isso de Antonia e achei legal essa troca de posições entre a bruxa espanhola e Marnie.

Uma coisa que percebi (mas sou meio lenta, só fui me atentar para isso no último episódio) é que pouquíssimo tempo passou desde que Sookie voltou de Fairyland. Foi o tempo de Eric confrontar os bruxos, ser enfeitiçado, Tara vir para Bom Temps e se unir à Marnie e tudo acontecer. Não deve ter passado nem uma semana nessa confusão toda. Muita coisa aconteceu para pouco tempo. E aqui estou falando de sentimentos, que fique bem claro.

Em um espaço muito curto Jessica se desencantou com Hoyt e apaixonou-se perdidamente por Jason (e nada tira da minha cabeça que foi sim culpa do sangue, pois Jason teve um ano e meio – de relacionamento do melhor amigo com ela - para se apaixonar pela vampira e só agora o desejo foi tamanho que não conseguiu resistir. O que não dá para entender é a paixão súbita de Jessica por ele, mas deixo o caso para mais um dos absurdos da série). E pior, Eric apaixonou-se por Sookie. A garota cair de amores pelo vampirão (desmemoriado ou não) da noite para o dia já é estranho, mas ele ficar tão impressionado destrói qualquer boa vontade que eu possa ter com essa coisa toda.

Mas se existe algo a que eu preciso chamar a atenção de vocês é a condução das tramas paralelas. Tenho visto muita reclamação do povo que True Blood tem uma profusão de personagens e isso confunde e estraga a série. Eu discordo. Os livros têm o mesmo número de personagens, e até mais, e nem por isso são confusos ou tem gente sobrando. A verdade é que na vida nós vemos e convivemos com várias pessoas, então há necessidade desse bando de gente aparecendo se quiserem manter o mínimo de verossimilhança. O problema não está no número de personagens, mas sim nas histórias capengas que insistem em criar para os coitados.

Tomemos Sam como exemplo. Ele sempre foi um sujeito adorável, amigo fiel, confiável etc e tal. Mas aí o que fazem? Decidem que ele precisa de uma história própria, que não pode só orbitar Sookie e ficar tranqüilo lá no Merlotte’s. E qual história que inventam para o pobre coitado? Uma família maluca, participantes de rinhas de cachorros e um irmão que não sabe a sorte grande que tirou ao conhecer Sam. O resultado disso foi Sam acabar atirando no próprio irmão, envolver-se com outros shifters (que foram devidamente ignorados após o início da temporada) e se apaixonar por uma shifter que foi casada com um lobisomem alfa problemático (porque, parece, nesta série o único lobisomem decente é Alcide....ou é o que querem que o povo acredite, porque eu acho o Alcide um hipócrita).

Nesta altura do campeonato já tinham percebido a burrada que foi criarem a família de Sam e usam Tommy para matar os pais e logo em seguida usam Markus (o lobisomem alfa) para acelerar a morte de Tommy. E claro que Sam, como ‘bom irmão’, foi tirar satisfação com Markus (porque ele não atirou no garoto para matar poucos meses antes, não, de jeito nenhum...). A hipocrisia correndo solta em True Blood mais uma vez.

O caso é que Markus não tinha querela nenhuma com Tommy. O garoto é que foi lá usando a pele do irmão e provocou a ira de um lobisomem alfa. Nem era a intenção de Markus a de socar Sam, mas sim de assustá-lo para deixar a ex-mulher do alfa em paz. Só que Tommy usou de toda a sua delicadeza para tirar o outro do sério (até eu queria bater no guri!) e acabou apanhando. Mas não foram os ferimentos da briga que mataram Tommy, e sim ter se transformado no irmão.

Não estou tirando a culpa do Pack na morte do garoto e tampouco tolerando violência aqui (afinal, fui eu que fiz o discurso de que violência gera violência), mas não vamos colocar todas as culpas sobre um homem quando ele não foi responsável por tudo de ruim que Tommy atraiu para si. E, diga-se de passagem, esta foi a forma da produção se livrar de um personagem indesejável e que foi erroneamente introduzido à trama.

Infelizmente mesmo fim teve o pobre Markus, de quem eu tinha gostado bem mais do que do próprio Alcide. Mas os roteiristas fizeram de tudo para manchar a imagem do alfa. Alguém quer que eu acredite que o alfa de um Pack de lobisomens abandonaria todos e fugiria para o México? Assim, do nada? Só por causa da filha? De jeito nenhum! Esses packs são mais unidos que....bem, faltou-me um trocadilho inteligente, mas vocês pegaram o sentido da coisa.

Por isso achei errado o que fizeram com Markus (que até então tinha se mostrado um alfa bem agradável. Violento? Talvez, mas ele é um lobisomem, o que há de se esperar do alfa de um Pack!?).  Mas ainda pior foi o que fizeram com Debbie Pelt. A garota passou pelo inferno depois do que aprontou na temporada passada, mas parecia realmente interessada em sua recuperação. Havia se entregado de corpo e alma para o relacionamento com o Alcide e o que ganha em troca? Um namorado mentiroso (muito descaramento de Alcide jurar que não vai mais procurar Sookie e na mesma noite ir atrás da telepata....Depois não querem que Debbie fique enciumada).

Como se não bastassem as mentiras, Alcide ainda priva Debbie do seu maior sonho: um filho. E ela aceita, porque o ama. Tudo bem, quase caiu na lábia de Markus, mas na hora H se negou a segui-lo, admitiu amar Alcide e ficou do lado do namorado. E mais uma vez, o que ganhou em troca? O repúdio.

Juro, eu nunca senti tanta raiva de Alcide quanto naquele momento. Não havia motivos para o repúdio (que é um ato extremo, muito drástico para um lobisomem). Até então Debbie não deu motivos para isso, muito pelo contrário, até ajudou Sookie quando a garota precisou! (tudo bem que eu acho que a intenção dela não era bem essa, mas foi isso o que fez) E se recusou a seguir Markus quando o seu alfa pediu.

Alcide, por outro lado, mostrou-se tão hipócrita quanto Sam. Chamou Markus de sociopata, mas estava lá no momento que a briga começou e viu que Markus só atacou por ter sido provocado. Não viu nenhum outro ato que corroborasse esta tese absurda. Foi orgulho ferido o que o levou a matar Markus, pura e simplesmente (assim como repudiar Debbie). Quem é o sociopata aqui, hein, Sr. Alcide? Quero ver explicarem agora para a menina que o pai está morto...

Algo que me agradou nesses dois últimos episódios foi o relacionamento de Terry e Andy Bellefleur. Eu, que tinha até esquecido que os dois eram primos, gostei muito das cenas dos dois no Forte Bellefleur. E é legal pensarem em dar uma solução ao problema do Xerife com V, pois esta foi sem dúvida a segunda pior trama que poderiam inventar para a série.
E quem diria que seria na família de Arlene que estariam os momentos mais agradáveis da temporada?

Aliás, parece que lembraram que existem fadas nesta série. O que será que tem em mente para o futuro? Juro que não tenho a menor ideia.

E semana que vem teremos o último episódio e minha última resenha. Se eu continuarei assistindo True Blood só o futuro dirá, mas independente de qualquer coisa, espero de verdade que a qualidade melhore nas próximas temporadas.

****
Um adendo: Não quis discutir o livro porque acredito que não seja isso o que os fãs da série esperam. Percebi que o povo não gosta muito de comparações (e só posso lamentar por tão poucos lerem a maravilhosa série escrita por Charlaine Harris, senão compreenderiam todo o meu amor), mas tem uma coisa que eu queria comentar.

No livro Alcide de fato repudia Debbie Pelt (que, vale lembrar, no livro não é uma lobisomem, mas uma shifter de algum outro animal que não lembro qual é....coiote ou raposa...e lobisomem só tem filhos quando acasala com outros lobisomens, o que não parece ser uma verdade em True Blood). Mas o motivo do repúdio é bem outro e muito mais consistente.

No livro, a luta contra os bruxos envolve todo o Pack dos lobisomens (do qual Alcide é bem atuante), mesmo porque há lobisomens entre os bruxos que estão aterrorizando Sherevport. E Debbie (que não está namorando Alcide desde que tentou matar Sookie prendendo-a no porta-malas do carro onde estava Bill, o que não quer dizer que o lobisomem não continue apaixonado pela ex-noiva) participa da batalha ao lado dos vampiros e lobisomens por lealdade a Alcide. No entanto, no meio da confusão, vê uma oportunidade e tenta matar Sookie.

Quando Alcide descobre, repudia a ex-noiva na frente de todo o Pack, levando-a à humilhação pública e a um total descontrole emocional (aqui vale lembrar que no livro Debbie nunca foi viciada em V e era uma mulher até bem elegante), o que conduz aos acontecimentos seguintes (que não comentarei aqui por ter a impressão que seguirão a mesma linha na TV e não quero soltar spoilers).

Nada de orgulho ferido. O repúdio no livro foi legítimo e esperado. Alcide pode ter seus defeitos na série dos vampiros sulistas, mas o maior deles é justamente o de ser apaixonado por Debbie a tal ponto que prefere não ver os defeitos da ex-noiva até que não pode mais fugir deles.

Seria demais eu querer um pouquinho de bom senso do personagem na serie de TV também? Principalmente quando Debbie vinha se mostrando bem mais carismática na TV do que jamais foi nos livros?

Só me resta lamentar.

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