terça-feira, 10 de julho de 2012

Review: Continuum (S01E06) - Time's Up


Série: Continuum
Episodio: Time’s Up
Temporada:
Nº do episódio: 06 (1x06)
Data de Exibição: 08/07/2012
Roteiro: Jeremy Smith e Jonathan Lloyd Walker
Direção: Rachel Talalay

Continuum voltou de sua semana de folga com um dos episódios que eu menos gostei até agora. É bem verdade que Time’s Up foi importante por nos mostrar toda a implicação política por trás das mudanças que irão ocorrer no governo do Canadá, mas eu não comprei a forma como eles nos apresentaram os acontecimentos.

Admito que não sou uma grande conhecedora da situação canadense atual e isso atrapalha um pouco na análise da questão como um todo. Não há a menor dúvida de que o episódio traça um paralelo com a história recente do Canadá (e a situação econômica mundial), possibilitando ao espectador comprar a ideia de Corporações assumindo o governo. As coisas não vieram do nada, as bases já estão lançadas há alguns bons anos, assim como a indignação de parte da população.

Ainda assim, não consegui me identificar com os protestos em frente a Exotrol e muito menos com a súbita participação de Julian no grupo de agitadores infiltrados entre os protestantes até então pacíficos. Eu sei que Julian se mobilizou especialmente após o discurso de Alec no episódio passado, mas para mim foi tudo rápido demais e explicado de menos.

Por outro lado, o episódio ganha pontos por colocar todas as cartas na mesa de uma única vez: Alec descobriu, agiu de acordo ao tentar proteger um membro da família, falou com quem precisava ouvir (o padrasto) e ao final – só ao final – contou para Kiera. Com isso os roteiristas começaram a trabalhar algo para o que vinham só dando rápidas pinceladas, que é o envolvimento da família de Alec na formação do Liber8.

O que não me agradou muito foram os flashbacks. Não sei explicar muito bem, mas não me sinto confortável com uma Kiera em cima do muro. O que mais me atraía na personagem era justamente esta fé inabalável que ela tinha no sistema, fosse ele certo ou errado. Uma Protetora que não acredita no sistema, é um alvo muito grande para o Liber8 no passado e, principalmente, para o nosso estilo de vida atual. Assim, chegará o dia em que, a despeito do seu amor pelo marido, filho (e, suponho amigos) que estão lá no futuro, ela preferirá ficar em 2012 porque não conseguirá mais engolir o governo da sua própria linha temporal. Sem falar que o episódio deu a entender que o marido não é esta pessoa que ela pensa que é e isso soa perigoso para mim.

Mas deixando essas preocupações de lado, embora eu tenha achado mal feitos todo o envolvimento do Liber8 com os tumultos e a investigação relativas ao sequestro da Presidente da Exotrol, sou obrigada a admitir que Kagame é um líder que sabe o que faz. Coloca Travis no chinelo. Para ele isso é jogo de estratégias e nesse ponto ele não se enrosca: Kagame é um excelente estrategista.

Achei um pouco exagerada a votação para a eliminação da Sra. Sherman. Não consigo acreditar que a população seria assim tão favorável à morte de alguém simplesmente por prováveis tramóias econômicas e políticas, principalmente quando esta eliminação seria causada por um grupo possivelmente terrorista (afinal, não é todo mundo que sai por aí raptando presidentes de empresas e obrigando-os a ler cartas de culpa na internet). Mas aqui eu esbarro naquele ponto que comentei lá no início: eu desconheço a situação canadense atual e tampouco sei como o povo de lá se sente a respeito das grandes corporações e a crise financeira que abala o mundo.

Para mim faz muito mais sentido a decisão de Kagame ao final: coagir Sherman a confessar seu crime, mas não matá-la. É muito mais eficiente e não corre o risco de perder o apoio popular.

Agora, pela primeira vez, começo a vislumbrar as sementes do Liber8 sendo plantadas em nossa geração. Onde isso irá levar a linha do tempo eu não sei, mas já ficou bastante claro que nesta história não há mocinhos e bandidos, todo mundo está em uma zona cinzenta. O que enxergamos é caráter ou falta dele, mas ainda não é possível dizer quem deve vencer esta guerra.



E para finalizar eu preciso comentar quatro coisas:

1) Adorei a cena de Kellog vasculhando o apartamento de Kiera e pegando a peça que ela escondia. Só não consigo entender porque Kiera ainda liga para ele, afinal, Kellog se desvinculou do Liber8.

2) Não concordei com a atitude de Carlos e Kiera em relação ao dinheiro e o resgate de Sherman e tampouco acredito que a empresa cederia 20 milhões com tanta facilidade, sem discutir mais acirradamente. Achei que os dois policiais foram muito arrogantes neste momento e por demais solícitos com um grupo terrorista. Eu sei que aqui não é os Estados Unidos, mas um pouco do lema "não negociamos com terroristas" bem que poderia ser empregado, não?

3) Era tão óbvio que aquele chefe da segurança era um dos responsáveis pelo sequestro que nem teve graça.

4) Sonya está se fazendo mostrar mais agora que Kagame retornou. Eu fico feliz, porque amo a Lexa Doig e é sempre maravilhoso vê-la em tela, mas também é legal porque as cenas entre os dois juntos são muito mais intelectuais. Ambos são inteligentes e se completam. Só agora dá para vermos porque ela seria uma boa escolha para substitui-lo na liderança. Espero que essa parceria continue por um bom tempo.

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