quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Livro: Retribution (Dark Hunter Series)

Livro: Retribution
Série: Dark Hunter
Autora: Sherrilyn Kenyon
Nº páginas: 369
Eu li a versão para Kindle, então não consta número de páginas.
Casal: Sundown e Abigail.

Eu ia colocar a sinopse oficial do livro aqui, como faço quase sempre, mas desisti. É tão grande que acabaria ficando maior que a minha resenha. Por isso vou fazer o meu próprio resumão. Vamos lá:

Imagine você ser um pistoleiro que mata em troca de dinheiro e não confia em ninguém além do seu parceiro. Isso até o dia que você se apaixona perdidamente e resolve largar tudo para se casar com a mulher dos seus sonhos. Tudo ia muito bem, até que no dia do seu casamento o seu parceiro e melhor amigo te trai descaradamente em troca da recompensa oferecida pela polícia, acerta um tiro na sua cabeça e ainda estupra a sua noiva enquanto você jazia morto às portas da igreja.

Esse é basicamente o motivo pelo qual Sundown (Jess Brady) faz um pacto com a deusa Artemis, a qual ouviu o grito angustiado da alma do pistoleiro à beira da morte e dá a ele um dia inteiro para se vingar do seu ex-parceiro. Em troca, ela fica com a alma de Sundown e ele passa a ser um Dark Hunter - um caçador que elimina uma raça chamada Daimon, que nada mais são do que os filhos de Apollo que não aceitaram a maldição que recaiu sobre eles (morrer no 27º aniversário) e passaram a se alimentar de alma humana para continuarem vivendo.

Tudo muito bonito, se não fosse Sundown encontrar mais de cem anos depois (na nossa era) uma jovem determinada a destruir os Dark Hunters e ele em particular. A coisa se complica quando eles se encontram, a garota é a cópia exata do antigo parceiro de Sundown e da sua ex-noiva e, pior de tudo, ela conseguiu matar um dos quatro Guardiões por engano, acreditando ser um Dark Hunter.

Daí para frente o que acontece é o básico: a garota, Abigail Yager, precisa se sacrificar para restaurar o balanço do mundo, caso contrário, Coiote, um dos dois Guardiões que representam o lado sombrio, iniciará o apocalipse (ou pelo menos um dos apocalipses possíveis). É claro que Abigail e Jess precisam trabalhar juntos para impedirem Coiote e ela acaba descobrindo que Jess não foi o responsável pela morte dos pais dela como ela sempre acreditou (e por isso vinha tentando caçá-lo há anos). Como já era era esperado, os dois se apaixonam perdidamente, o que facilita o relacionamento entre eles, mas complica um pouco a parte de 'sacrificar Abby para salvar a humanidade'.

Mais eu não vou falar no resumo rápido, mesmo porque ele não ficou nem tão rápido e nem tão resumido. No final das contas a sinopse original era melhor.

Talvez o negócio seja ver o book trailer (já que virou moda agora):


Agora, o que realmente importa em Retribution é que o livro é ruim e muito aquém dos demais livros da série Dark Hunter. Não é sem pesar que eu digo isso, pois sou fã assumida da série, como é possível ver pelos inúmeros posts que eu tenho sobre ela no blog (um deles bem recente, falando sobre o lançamento do segundo livro aqui no Brasil agora em agosto).

A série Dark Hunter é enorme e até então tinha o foco nos deuses gregos, atlantes, celtas e sumérios. Foi somente em Retribution que a autora resolveu incursionar no reino dos deuses indígenas americanos. Sherrilyn Kenyon inclusive escreve uma explicação bem legal no final do livro sobre como ela tem sangue índio e sempre gostou muito da sua cultura e sonhava em conseguir encaixá-los na mitologia dos Dark Hunter e agora conseguiu. Ou pelo menos ela acha que conseguiu, pois eu não gostei nadinha da mudança de foco.

Não sei explicar, apenas não caiu bem essa nova mitologia. A autora vem construindo uma mitologia bem intrincada com os antigos deuses gregos e afins, tem personagem a rodo em suas histórias e os novos deuses e Guardiões nativos americanos não se encaixam na história pré-existente da saga. Ainda mais se pensarmos que ela nem terminou de desenvolver a história que já vinha criando há anos. Têm personagens que os fãs anseiam por ver o passado (Savitar, Jared, Jaden, só para citar uns poucos) e eles nem sequer foram mencionados em Retribution. Pior! Acheron, o dono exclusivo do coração de todo fã dos Dark Hunter, só teve uma menção insignificante durante a história. A própria Artemis e Nick fizeram uma participação de luxo por alguns segundos e, para não dizer que o livro não era sobre Dark Hunters, ela mencionou Zarek e Sin em outra participação especial.

Desculpem, mas nós queremos saber sobre o que vai acontecer com a história que ela criou até agora, e não mergulhar de cabeça em outra mitologia completamente diferente. E foi um banho de imersão mesmo, pois os próximos dois livros (The Guardian e Time Untime) também são baseados na cultura nativo americano. 

Aliás, se quiserem ver os book trailers dos dois livros, estão aqui:

The Guardian


Time Untime


E essa foi apenas a ponta do iceberg!
Vejam bem, eu não tenho nada contra a cultura indígena, muito pelo contrário. Mas essa nunca foi a história de Dark Hunter. Tudo vinha convergindo para outra solução e de repente a autora coloca toda a sua trama em suspenso e começa algo completamente novo. E eu me pergunto: o que os outros deuses que até então não davam a mínima indicação de interagirem com os deuses nativo americanos, ficaram fazendo enquanto Coiote e os demais Guardiões estão tentando trazer o apocalipse ao mundo que também é deles?

E deixando a confusão de mitologias e excesso de personagens à parte (sim, porque a autora sempre conseguiu conduzir a situação...a série tem inúmeros personagens que interagem ao longo dos livros, embora cada livro seja fechado em si mesmo e apresente um casal chave que normalmente aparece novamente em outros livros posteriores ou anteriores), o livro em si é ruim. Não sei como é a experiência para quem nunca leu um livro da saga Dark Hunter (imagino que seja possível, já que cada livro tem início-meio-fim, um casal específico e explicações básicas sobre o universo que eles habitam), mas para a minha pessoa, que já leu todos os livros escritos até aqui, foi sofrível.

O casal é um cliché ambulante e falta aos dois carismas. Aliás, Sundown é mais carismático nos outros livros que aparece do que no seu próprio livro. Abigail é uma heroína irritante, facilmente manipulável, que troca de opinião e crença como troca de roupa e que foi capaz de abandonar a família adotiva muito rapidamente por uma historinha que ouviu de seus antigos inimigos. Tudo bem, eles até deram a ela alguns bons argumentos, mas mesmo assim era de se esperar que ela procurasse aqueles em quem supostamente confiava e amava antes de se entregar totalmente ao antigo inimigo para se sacrificar pela humanidade.

O amor repentino de Jess e Abigail também não é crível e tampouco eu conseguia torcer por eles. A cena de sexo dos dois no carro de Andy é tão despida de sensualidade que eu fiquei entediada lendo. Os dois não tinham química alguma. E a forma como se apaixonaram em menos de 24 horas não dá para aceitar numa boa. Tudo bem, eu entendo que havia todo um passado por trás (mas um passado bem remoto, do tipo ancestral, milenar), que os dois foram reencarnando por várias gerações, que ambos foram amaldiçoados etc e tal, mas mesmo assim não dava para engolir a forma como os dois se entregaram um ao outro de uma hora para outra. Não houve qualquer tipo de construção de amor, simplesmente aconteceu. E foi chato, chato demais.

Aliás, pergunto-me como podia ter tantos guerreiros maravilhosos apaixonados por Butterfly (Abigail), sendo ela tão sem noção como era. Totalmente desprovida de personalidade, chegava a irritar. 

Foram poucos os livros que me deram tanta raiva ler. O pior é que eu não conseguia largar, porque eu amo a série e quero ler a continuação, então, por mais difícil que fosse prosseguir, alguma coisa importante poderia aparecer de uma hora para outra e eu não queria correr o risco de perder qualquer coisa. Mas é um pouco (!?) frustrante quando a melhor parte do livro é a cena bônus ao final, que não absolutamente nada a ver com a história. A cena bônus traz Acheron na hora do parto de Tori e mais meia dúzia de personagens já velhos conhecidos nossos. É incrível que poucas páginas com Acheron (e Artemis e afins) tenham sido mais prazerosa que o livro inteiro com Sundown e Abigail. 

E não é porque Ash, Artie, Tori e os outros já são nossos conhecidos, mas sim porque a história fluiu muito melhor, com diálogos mais inteligentes e aceitáveis. Retribution tem personagens ruins, diálogos sofríveis (todo mundo parece igual! Sarcástico, com cara de mau, soltando piadinhas em horas chave e perigosíssimas, referências a programas de televisão, trocadilhos de mau gosto...) e desenvolvimento tão cheio de clichés que não dava para se surpreender em momento algum.

O que é mais triste é que Sherrilyn Kenyon escreve muito bem as histórias mitológicas (verdade seja dita, a parte mitológica do livro, mesmo não tendo nada a ver com os Dark Hunter, foi a mais palatável), as relações de amizade, as lutas, o entrelaçar das tramas e de personagens, mas a forma como ela usa os casais tem deixado a desejar. Há algum tempo eu tenho percebido que o romance tem sido o ponto baixo dos livros. Nem todos são ruins, mas as outras cenas, que não tem o casal principal são mais bem desenvolvidas e, por consequência, mais prazerosas de ler.

Acho que seria legal se ela fizesse alguns livros onde o casal não acabou de se conhecer e se apaixonou em 24 horas...onde o casal já se conhece há anos (Striker e Zephyra - casal de One Silent Night, estão aí para comprovar), ou que não são o único grande amor da vida do outro, onde os dois se apaixonaram, mas isso não anulou uma vida inteira onde outros amores podem ter acontecido - ainda mais na imortalidade dos Dark Hunters.  Sei lá, acho que ficaria mais fácil aceitar e principalmente mais fácil de nos identificarmos com eles. Já basta a irrealidade da mitologia da série (que é deliciosa, só frisando), não preciso de irrealidade completa nos relacionamentos também.

Enfim, Retribution foi uma decepção para mim. Demorei cerca de um mês para terminar um livro que normalmente leio voando. E durante todo esse tempo eu travei em qualquer outra leitura. Parecia praga! Mas acabou! E é um pouco dolorido quando você fica feliz com o término de um livro não porque estava curiosa com o final, mas porque não aguentava mais se forçar a virar página após página.

Mas sou otimista...The Guardian ainda mantém a mitologia nativo americana e mesmo assim eu acredito que será melhor e que irei me divertir. Preciso acreditar que Retribution foi o fundo do poço e que, daqui de baixo, só dá para subir.

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