terça-feira, 2 de abril de 2013

Review: Doctor Who - The Bells of Saint John (7x07)



Série: Doctor Who
Episodio: The Bells of Saint John
Temporada:
Nº do episódio: 7x07
Data de Exibição: 30/03/2013
Roteiro: Steven Moffat
Direção: Colm McCarthy

Este ano Doctor Who voltou no final de semana da Páscoa, o que me faz associar cada vez mais a série aos feriados importantes. Não que o episódio em si tenha feito qualquer menção à data, mas eu simplesmente não posso ignorar o grande presente que a BBC nos deu.

Fiquei muito satisfeita com esse episódio. Na verdade, satisfeita é pouco para expressar o quanto eu gostei de The Bells of Saint John e o quanto eu me diverti assistindo. Foi Doctor Who em sua melhor forma.

É incrível como Clara chegou revolucionando tudo. Adorei sua personalidade. Ela é fiel, astuta, divertida e explora um lado diferente do Doutor.

Li em algum lugar o povo falando (talvez tenham sido os próprios atores) que o Doutor agia como uma figura paterna para os Ponds e com Clara ele é o irmão mais velho. Não concordo totalmente. Eu achava que o Doutor agia com uma grande imaturidade perante Amy e Rory e, apesar de ter um cuidado de certa forma paternalista, no frigir dos ovos ele era como um filho para eles e não o inverso. Já com Clara ele realmente age com mais cautela, usando de um cuidado próprio de quem conhece mais e ainda assim se sente contagiado pela juventude de quem deveria saber menos mas é um mistério por si só. Resumindo: ele é o irmão mais velho, aquele que cuida e não aquele com quem ela tem que se preocupar.

Acho ótimo que Clara seja um mistério. É legal passarmos a temporada querendo saber quem é ela e por que morreu por duas vezes e ainda está viva e bem ao lado do Doutor. Como partes suas se espalharam pelo universo e pelos tempos? É um enigma grandioso e ainda assim não é esmagador. O Doutor pela primeira vez em um bom tempo foi o protagonista de sua própria história.

Quanto ao episódio em si, ele me pareceu uma grande homenagem a episódios passados e outras séries. Ou alguém não lembrou de Sherlock com todas aquelas anotações em tela do que estava sendo digitado no computador? E a menção do Doutor sobre a tristeza de ter a alma humana aprisionada na World Wide Web me remeteu imediatamente ao destino de River em Forest of the Dead. Como não lembrar?  Com certeza ele também lembrou.

O início, com o rapaz falando diretamente para a câmera nos fez lembrar de Blink, enquanto a mente sendo sugada pelos equipamentos eletrônicos nos remete à The Idiot’s Lantern e The Long Game. Não foi a toa que o episódio teve essa aura de Doctor Who pré-Moffat.

Ainda não tenho muita certeza da minha opinião sobre o início do episódio, com o Doutor hospedado no mosteiro, tentando decifrar Clara. Foi visualmente interessante e rendeu ótimas cenas, como o monge se benzendo ao ouvir o Doutor dizer que era uma mulher do outro lado da linha do telefone, ou ainda Clara comentando que ganhou o número dele de uma mulher, e mais uma vez mencionando “run you clever boy and remember”, mas não posso deixar de me incomodar um pouco com essas cenas do Doutor em pontos estranhos do tempo fazendo coisas absurdas que nada tem a ver com coisa alguma. Elas estão claramente ali para fins estéticos, não dão em nada.

Por outro lado, o ‘primeiro contato’ do Doutor com Clara foi bem legal. Como ele a trouxe de volta da nuvem para onde estava sendo feito o upload e o carinho com o qual cuidou da garota depois, permanecendo do lado de fora da casa, velando nada sutilmente. Ele já a viu morrer duas vezes, acredito que não encare bem a ideia de perdê-la mais uma vez.

Pergunta: Clara havia retido algumas condições intelectuais devido à sua ligação com o Wi-Fi e o upload incompleto. Mas e agora que ela foi completamente absorvida e baixada novamente para o seu próprio corpo? Imagino que o aumento na sua capacidade se manterá, mas e o do restante do povo que também foi baixado nos seus corpos após a completa absorção? Não acho que isso será mencionado em algum momento futuro, mas eu não pude deixar de questionar.

E por falar em Wi-Fi, gostei de trazerem de volta A Grande Inteligência (não fica muito bonita a tradução literal de The Great Intelligence, mas é o que tenho no momento). E ele manteve a aparência de Simeon, o que é um toque interessante e nos dá um rosto a um inimigo teórico.

A Grande Inteligência é um vilão da era clássica de Doctor Who, mas confesso que não sou muito conhecedora de seus rastros. Pesquisei aqui e acolá e vi que ela apareceu algumas vezes para o Doutor, mas já faz algumas encarnações que eles não tem contato. Em compensação, o Décimo Primeiro Doutor a encontrou no especial de Natal (uns dois séculos atrás) e agora novamente e, em ambas as vezes, Clara esteve presente. Coincidência, simples uso de um mesmo vilão pelo mesmo roteirista, ou há algo mais por trás disso?

É um pouco triste observarmos a forma como A Grande Inteligência resolveu agir dessas duas vezes, usando uma criança e condenando-a para toda uma vida de servidão. Fiquei de coração partido quando vi Kizlet ser abandonada ao final, perdendo toda a sua memória, restando pouco mais do que uma mente infantil no corpo de uma senhora. Acho que esses vilões que mexem com a mente humana tem uma capacidade muito maior de me atingir do que quaisquer outros que Doctor Who possa apresentar. Até hoje não me recuperei do destino de Donna.

A propósito, assim como tenho um certo desconforto quando passo diante de uma estátua qualquer, fiquei com uma leve cisma de olhar no meu ícone do wi-fi. E Doctor Who parece uma série tão inocente...

Mas agora Clara sobreviveu e é oficialmente a nova companheira do Doutor na TARDIS, que, é bom lembrar, está de cara nova. Gosto quando damos uma espiada no interior da TARDIS. É gostoso ver que não é apenas a sala de controle que existe na caixa azul.

E esta segunda parte da temporada nos trouxe várias mudanças. O interior da TARDIS está diferente, as roupas do Doutor também alteraram levemente(elas mudam, mudam, mas ficam sempre iguais), a abertura da série... Chamou a minha atenção esta nova abertura. Lembra as aberturas da era clássica, mas com um toque de loucura bem apropriado ao Doutor atual.

Quanto a Moffat, ele abriu a segunda parte da temporada escrevendo para a série, mas só retorna para o último episódio. Vamos ver o que o restante dos roteiristas nos reserva para o Doutor e Clara.

***
PS: Antes que eu esqueça, há três coisas que precisam ser mencionadas a título de curiosidade:

1) O livro que o garoto está lendo foi escrito por Amy (Amelia Williams). A capa, com uma garota e dois rapazes nos remete a duas possibilidades: a própria Amy, Rory e o Doutor, ou ainda a Sherlock. Por que Sherlock? Bom, tem a ver com as características físicas dos dois personagens ao fundo. São incrivelmente parecidos com o Sherlock de Cumberbatch e o Watson de Freeman.

2) O garoto diz à Clara que está no capítulo 10 do livro e ela comenta que o décimo primeiro é melhor e ele não vai conseguir parar de chorar. A sutileza...pergunto-me o que ainda vai acontecer com o nosso Doutor.

3) Começaram as teorias sobre a folha que marcava a página do diário de Clara. Um simples marca páginas sinalizando que o encontro com o Doutor era o início das aventuras dela? Seria aquela folha um exemplar seco da folha da árvore onde a pequena Clara se encontrou com o Doutor no prequel exibido pela BBC? Teria aquela folha algo a ver com o número 23, ano que Clara pulou na sequência escrita em seu diário? Seria a folha o início do fim do Décimo Primeiro Doutor? Façam suas apostas!

PS1: Sou só eu que acho esses títulos grandiloquentes e nada a ver com o episódio estranhos?

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