quinta-feira, 16 de maio de 2013

Doctor Who: Journey to the centre of the TARDIS (7x11), The Crimson Horror (7x12) e Nightmare in Silver (7x13)




Série: Doctor Who
Episodios: Journey to the centre of the TARDIS
/The Crimson Horror/Nightmare in Silver
Temporada:
Nº do episódio: 7x11, 7x12 e 7x13
Data de Exibição: 27/04/2013, 04/05/2013 e 11/05/2013
Roteiro: Stephen Thompson/Mark Gatiss/Neil Gaiman
Direção: Mat King/Saul Metzstein/Stephn Woolfenden


Próximo sábado é o último episódio da temporada. Não sei se gosto muito deste negócio de temporadas divididas ao meio, fica tudo tão curto. Quando penso que vai engatar a marcha, acaba. E, pior, consegui me enrolar completamente e não escrevi por duas semanas seguidas (desculpem, as coisas estavam realmente corridas por aqui), o que significa dizer que esta será uma resenha tripla. Se um texto duplo já é problemático (porque não dá para encaixar metade das coisas a serem ditas), imaginem um texto de três episódios.

Só me resta pedir desculpas mais uma vez, de coração.

Então, só para manter a ordem, farei breves comentários, apenas apontando o que mais me chamou atenção de cada episódio e abrir o microfone para discussão, porque nestas horas a voz do povo é o melhor incentivo para o debate.

Journey to the centre of the TARDIS

Esse era um episódio muito esperado por todo mundo já que a TARDIS tem o seu próprio mistério e há algo nela que simplesmente atrai. Desde sempre a nave chama a atenção dos fãs, mas eu creio que quando tivemos a oportunidade de vê-la fornecer o seu poder à Rose surgiu aquela vontade natural de conhecer o que realmente acontecia ali no seu interior. O episódio escrito por Neil Gaiman (The Doctor’s Wife) aguçou ainda mais o desejo dos fãs, pois tornou a TARDIS mais palpável ao transformá-la em uma figura de carne e osso, mesmo que fosse apenas por alguns breves momentos. E não há a menor dúvida de que a nave vem mostrando seus caprichos desde que Clara deu às caras na vida do Doutor. Então era mais do que natural toda a expectativa em torno desse episódio.


Eu achei bem interessante como tivemos a oportunidade de conhecer um pouquinho mais do que acontece dentro da nave (e foi bem pouco mesmo, porque pelo visto a TARDIS é praticamente infinita e se rearranja a seu bel-prazer). Um dos momentos mais emocionantes foi quando pudemos finalmente ver a biblioteca (belíssima!) e a piscina (fica ali dando sopa e ninguém para usufruir), sem falar das lembranças dos antigos ocupantes da TARDIS. Eu sempre fico feliz quando conectam as coisas em Doctor Who, mesmo que sejam apenas pequeninos detalhes.

Mas o que realmente bagunçou a cabeça de todo mundo foi A História da Guerra do Tempo. Como Clara conseguiu ler o que estava escrito? Supostamente o livro foi escrito em gallifreyano e a TARDIS não traduz o idioma de Gallifrey. E como ter a sorte grande de achar o nome do Doutor no meio de um livro daquele tamanho? A propósito, quem escreveu o livro, já que o Doutor é o último sobrevivente? Bom, tem também todos os Daleks que vivem aparecendo por aí, mas não imagino um Dalek escrevendo um livro contando sobre a grande guerra que eles perderam.

O episódio em si foi um presente a todo fã de Doctor Who, com lembranças de acontecimentos passados, cenas escorregando pelo tempo por meio de uma fenda causada no interior da TARDIS, e nós nos emocionando com diálogos que já ouvimos vezes sem conta e ainda assim sempre nos trazem uma alegria meio sem explicação.

Para os que não prestaram muita atenção ou até ouviram, mas não conseguiram captar tudo (afinal, umas foram apenas murmúrios ao fundo), o site da BBC fez uma listinha (pode ter mais, essas foram as que eu anotei antes da página sumir) das vozes ouvidas no interior da TARDIS durante a confusão que os irmãos Van Baalen criaram:

  • Susan, a neta do Doutor, em An Unearthly Child, explicando o significado da TARDIS, e também chamando por Ian Chesterton;
  • O Terceiro Doutor explicando para Jo Grant em Colony in Space sobre como a TARDIS é dimensionalmente transcendental;
  • O Quarto Doutor discutindo engenharia transdimensional com Leela em The Robots of Death;
  • A própria TARDIS perguntando se ‘sexy’ é o seu nome em The Doctor’s Wife
  • O Nono Doutor reafirmando para Rose que nem as hordas de Genghis Khan conseguiram atravessar as portas da TARDIS;
  • Amy Pond refletindo sobre estar no espaço, em The Beast Below; e por fim
  • Martha Jones tentando entender a TARDIS em Smith and Jones.


O episódio em si foi bem simples, quase infantil, a novidade estava mesmo em desbravar a nave. É claro que foi muito legal vermos como Tricky não era um andróide e foi enganado pelos irmãos por todo aquele tempo e como no final ele era o mais humano dos três, e também descobrirmos que as criaturas monstruosas que os perseguiam era na verdade uma versão de todos eles no futuro (a hora que o Doutor percebe que mais uma vez deixou Clara morrer deu um aperto no coração), mas no final das contas o que realmente chamava a atenção eram os corredores e salas da TARDIS. Era poder ver cada sala, o seu centro, o coração, a sala de controle, como ela se consertaria...o que realmente era possível acessar e o que ela manteve guardadinho apesar de tudo.

Não foi nem de longe um dos melhores episódios da série (nem mesmo da temporada), mas valeu a pena pelos pequenos prazeres que nos proporcionou.

The Crimson Horror

Já The Crimson Horror foi o episódio mais Sarah Jane Adventures que Doctor Who já fez. Se não fosse a falta de Sarah Jane (saudades da Elisabeth Sladen) eu poderia dizer que estávamos vendo o spin off the Doctor Who. Com a diferença de que SJA tinha um público alvo declaradamente infantil e era uma série deliciosa de assistir quando a pessoa tinha isso em mente.

Eu adoro Madame Vastra, Jenny e Strax e é sempre bom vê-los, embora a presença dos três ultimamente tenha servido principalmente para infantilizar os episódios. Isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. Os três são ótimos juntos, mas definitivamente fazem o estilo diversão para crianças. Seria interessante um spin off com eles agora que o povo ficou órfão da Sarah Jane.


A trama foi bem rocambolesca, recheada de clichês, e aquele final...o foguete em plena era vitoriana não me desceu bem.

A verdade é que não sei muito o que falar desse episódio. Foi um episódio na média, divertido em alguns pontos, ótimo rever Vastra, Jenny e Strax, melhor ainda ver o quanto Jenny é boa no que faz e como tem carisma, mas fora isso não há nada que me cativou particularmente. Foi apenas mais um episódio. Mais um vilão tentando dominar o mundo com a história do apocalipse.

O mistério de Clara continua sendo jogado em nossas caras a todo instante e não estamos mais próximos de descobrir quem é ela, já que nada novo aconteceu com a garota. De novidade só as crianças de quem ela cuida descobrindo que Clara é uma viajante do tempo.
Se eu pudesse apagar toda esta cena da história de Doctor Who eu faria. Tenho até raiva de lembrar...uma lástima.

Nightmare in Silver

Eis um episódio que provocou reações bem distintas nos fãs. Nunca há um consenso quando o assunto é Doctor Who, mas um episódio do Neil Gaiman traz discussões ainda mais palpitantes, já que ele por si só é um autor do gênero ‘ame ou odeie’.

Eu confesso que gosto muitíssimo de Neil Gaiman, acho a sua escrita incrivelmente competente e ele é muito inteligente, sempre jogando paralelos no texto, puxando temas interessantes e fazendo menções a assuntos dos mais variados. Alguns facilmente reconhecíveis pela massa que o lê e outros nem tanto (é preciso ter um conhecimento um pouquinho mais especializado...e uma certa dose de boa memória, coisa que me falta). Mas os seus textos são puros contos de fadas, ou melhor, uma ode à criatividade, à imaginação e ao lirismo. Nada do que ele escreve está ali por acaso, tudo tem uma conexão ou, na pior das hipóteses, é alguma homenagem a alguma coisa interessante seja do mundo ficcional ou real.


Eu, embora adore o autor Neil Gaiman (e a pessoa pública também), tenho grandes problemas com os seus textos, já que não sou muito chegada em histórias tão esdrúxulas e com um apelo tão infantil (mesmo quando são bem adultas e até macabras). Pois é, difícil de entender essa relação de amor-indiferença que eu tenho por ele, mesmo assim, sempre fico empolgada com algo novo de Gaiman e a simples ideia dele escrever para Doctor Who já me tira o ar (e é claro que se ele for roteirizar novamente eu ficarei tão ansiosa quanto fiquei das últimas duas vezes).

Nightmare in Silver foi um episódio tipicamente ‘estilo Gaiman’ de ser. E me atrevo a dizer que talvez ele seja o escritor que mais compreenda e saiba roteirizar esse ideal “mundo da fantasia” criado pelo Moffat e que vem permeando todas as temporadas desde que ele assumiu, em especial a sétima.

Não vou nem tentar falar sobre as inúmeras referências que Gaiman fez durante o episódio (como o “see you next Wednesday”, uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço), porque eu provavelmente perdi a maioria delas e qualquer coisa que eu escreva será uma cópia barata de algum outro texto qualquer e, se for para copiar, melhor nem começar. Mas vale informar que ele fez várias citações e referências (O Turco, O Guia do Mochileiro das Galáxias e por aí afora), com alusões aos autômatos dos séculos XVIII e XIX e é claro que aqueles que conseguiram captá-las sentiram um algo ainda mais especial pelo episódio.

Gaiman também usou e abusou de conhecimento antigo de Doctor Who, de várias regenerações diferentes, em especial no tocante aos Cybermen. A ideia aqui era fazer dos Cybermen um vilão novamente aterrorizante. Para alguns ele conseguiu, já outros acham que toda a história do Cyber-Planner meio maluco foi a coisa mais sem pé nem cabeça já criada. Isso sem falar de algumas coisas como os Cybermen matando os humanos ao invés de convertê-los, ou ainda deixando-os lá em stand-by sem fazer uma conversão real (como no caso das crianças e do próprio Webley.


Quanto ao Cyber-Planner eu não tenho reclamações. Sim, eu sei que o diferencial dos Cybermen é justamente o seu perfil lógico e desprovido de emoções, e o Cyber-Planner, como o responsável por criar e digirir os planos e estratégias dos Cybermen deveria ser o mais racional de todos eles, mas aqui eu abro uma exceção porque ele estava sendo construindo justamente dentro do Doutor, a mente mais maluca que o(s) universo(s) poderia conceber. Como o Doutor ainda não tinha sido completamente absorvido, nada mais natural que o Cyber-Planner ainda estivesse contaminado pela forma do Doutor pensar e agir.

E cá entre nós, as cenas entre o Doutor e o seu alterego mau foram as melhores do episódio. Matt Smith esteve brilhante. Aliás, ele é um grande ator e às vezes esquecemos disso porque o seu Doutor é tão maluco e excêntrico. Eu olho para o seu Doutor e sempre penso nele como uma versão mais jovem (embora seja bem mais velho) do Primeiro Doutor.

Minha única reclamação destas cenas duplas de Matt Smith foi a forma como decidiram fazer a troca entre um e outro no nosso plano. Enquanto a disputa era dentro da mente do Doutor, estava tudo perfeito, com os lados bem definidos (os pensamentos gallifreyanos x a rigidez lógica do cyber-planner...que visual lindo!) , as memórias de todas as regenerações surgindo (é sempre um deleite, e a cena foi muito legal) e o Doutor no controle do seu cérebro. O problema eram as cenas aqui fora, onde o corpo do Doutor ficava pulando de lado em lado, deixando a situação com uma comicidade irritante.

Outro problema grave do episódio para mim foram as crianças. Não é nem mesmo o fato delas viajarem com o Doutor (não foram as primeiras, não serão as últimas...embora a forma como introduziram os dois na história para que acompanhassem o Doutor e Clara foi a coisa mais sem noção já criada na série...alguém lembra de todo o drama que Rose enfrentou para encontrar o Doutor perdido nas páginas da História!?), o grande mal aqui é que aquelas crianças eram muito chatas. Angie subiu rapidamente para o posto de personagem mais irritante já criada em Doctor Who. Artie, coitado, ficou apagadinho ao lado da irmã chata e até poderia ser melhor explorado, mas se limitou a ser peso morto. Nem para fonte de preocupação real esses dois serviram! Por mim o episódio poderia facilmente ter excluído a presença dos dois que não faria a menor diferença para o desenvolvimento da história.

Um personagem que foi muito mais interessante para os acontecimentos foi Porridge, o Imperador covarde. Que ator carismático que é Warwick Davis. Era impossível não gostar do seu Porridge. Algumas vezes eu pensei na possibilidade dele ser o Imperador, mas não tinha bem certeza (apesar de todas as pistas, em especial a forma como a Capitã o tratava). Só poderia ter passado sem a cena em que Angie salva o dia com o seu ‘ninguém está prestando atenção em nada, só eu? Ele é o Imperador’ (bom, quase isso). A garota irritante não merecia  a honra de ser a única a perceber quem era Porridge na verdade, aliás, ela não merecia nem estar na série!


Mais uma vez o paralelo entre as atitudes do Doutor (na Guerra do Tempo e também nas escolhas que foi fazendo ao longo da vida) e algum outro personagem foi jogado na nossa cara. Não foi nada sutil, mas funcionou sem parecer que foi empurrado garganta abaixo só para um efeito dramático. Palmas para o roteirista.

E por falar em roteirista, Gaiman comentou sobre várias cenas que foram cortadas na hora da edição (algumas chegaram inclusive a deixar alguns pontos meio ‘no ar’, sem explicação), enquanto outras não chegaram nem a ser filmadas (uma pena), o que é normal em qualquer coisa feita para a TV ou cinema, mas sempre fico encasquetando sobre o que o roteirista realmente queria dizer e que não foi possível. E é claro que tem as adições por parte do Head Writer (o Moffat), como a famigerada cena em que o Doutor comenta sobre a saia muito justa de Clara ao final, a qual obviamente não foi escrita por Gaiman.

Inclusive, esse episódio deu uma mexida com os ânimos dos fãs na questão do relacionamento entre o Doutor e Clara. Há uma atração entre esses dois como quis colocar o Cyber-Planner ou o interesse tão presente do Doutor é apenas pelo mistério que Clara representa? E esse prequel do Season Finale que foi liberado logo após o episódio? Qual a natureza real do relacionamento desses dois?

As apostas são altas. Povo surgindo com mil e uma teoria...algumas relacionadas com Rose, outras com River pré-primeiro encontro com o Doutor, outras com River pós Biblioteca, e outras ainda falando sobre uma amálgama de companions...isso vai longe.


Eu só sei que o próximo sábado será o último e depois só no especial de 50 anos. A ansiedade aqui é grande.

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