sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Doctor Who: Time Heist


Série: Doctor Who
Episódio: Time Heist
Nº do episódio: 8x05
Data de Exibição: 20/09/2014
Roteiro: Stephen Thompson e Steven Moffat
Direção: Douglas Mackinnon

Sem dúvida alguma o melhor episódio da temporada até agora. Em minha opinião, é claro, sintam-se à vontade para discordar. Mas assisti ao episódio duas vezes e o prazer foi o mesmo, não é sempre que isso acontece.

Time Heist foi o episódio menos conexo com os demais e, talvez por isso, tenha se assemelhado tanto com uma outra época de Doctor Who , onde os fãs apenas esperavam uma aventura empolgante, personagens interessantes e saberem o que estava acontecendo na tela, sem ficarem teorizando para o futuro ou esperando ansiosos para que os roteiristas saibam o que estão fazendo e em algum episódio expliquem os ganchos deixados em aberto e façam tudo ficar coerente.

Praticamente tudo funcionou em Time Heist. É incrível como a adição de companheiros certos dá uma renovada positiva na série. Até agora nenhum dos personagens adicionais apresentados tinham me cativado e eu fico muito feliz se nenhum reaparecer. Porém, isso não aconteceu dessa vez. Psi e Saibra tinham carisma, conteúdo e funcionaram muito bem com Clara e o Doctor. Arrisco-me a dizer que Psi tem muito mais química com Clara do que Danny. E aqui não estou falando de relacionamento amoroso, porque não foi isso o que o episódio quis implicar, e sim de se encaixarem em cena, amizade pura e simples. Seria ótimo se Psi e Saibra pudessem estender sua temporada na TARDIS, eu creio que a série teria muito a ganhar com uma tripulação de quatro e não apenas de um (o Doctor) e uma companheira eventual (Clara) que trata as aventuras no tempo/espaço como um estorvo à sua vida de verdade.



Inclusive, isso é algo que já comentei outras vezes. Eu sinto falta de companheiros que fiquem em tempo integral na TARDIS. Não gosto desta sensação de que o Doctor precisa mendigar migalhas do tempo de Clara e que ela o trata como um hobby, quase um incômodo. Sem falar que o Décimo Segundo parece ser bem mais preciso quando se trata de levar a TARDIS para algum lugar ou tempo específico. Seria muito mais producente se Clara o acompanhasse por um tempo e depois ele a deixasse exatamente em um ponto X da vida dela para que continuasse como se nunca tivesse saído. A menos que ela ficasse viajando com o Doctor por mais de, sei lá, sete anos (o que não é comum nos acompanhantes, principalmente nos que estão noite e dia com o Doctor), acho pouco provável que as pessoas notassem uma diferença tão grande na aparência física dela. Esse vai e volta para a vida e a TARDIS me enlouquece.

Apesar disso, gostei da cena inicial. É incrível como não tem uma única peça de roupa que não fique linda em Jenna Coleman. Esta garota não é real!!! E a forma como o Doctor se fazia de desentendido para o encontro que Clara teria era simplesmente hilária. O que me traz ao último comentário que o Doctor faz no episódio, de que seria difícil alguém superar um assalto a banco em um mero encontro romântico. Não creio que isso signifique que o Décimo Segundo ainda se enxergue como namorado de Clara, muito pelo contrário. Porém, ele com certeza briga por um espaço na vida da garota, por importância no dia a dia dela e não gosta de ser deixado de lado. O Doctor, apesar dos pesares, sempre foi bastante orgulhoso e centrado em si mesmo e ter que aceitar que alguém preferiria a vida comum a passar tempo com ele desvendando o espaço não é uma coisa que ele aceite muito bem.

Seja como for, mesmo um pouco forçada Clara embarcou na história do assalto. E o episódio foi perfeito em nos esconder como eles chegaram até o banco, pois se fosse uma história linear ela não teria a menor graça.

Achei ótimo que eles apagassem suas memórias quando já estivessem no planeta e como o Doctor assumiu a liderança naturalmente. Os questionamentos de Saibra e Psi também eram muito apropriados, e as desculpas que o Doctor dava para manter-se no comando eram as melhores. E a verdade é que ele está tão acostumado à posição que ela vem naturalmente, pois ele não tem a menor dúvida de que ninguém ao redor é mais adequado ao papel e isso acaba contagiando as pessoas. No fundo acho que esse é o motivo de todos o seguirem, e não exatamente o seu intelecto.


Gostei bastante da interação da equipe durante o assalto e criei um vínculo muito rápido com Psi e Saibra. Fiquei incrivelmente angustiada quando Saibra foi capturada pelo Teller e quando decidiu acabar com a própria vida para não virar ‘sopa’. Ainda que a série tenha ‘revivido’ a personagem, é de uma força sem tamanho a cena em que o Doctor dá a ela a possibilidade de escolher o suicídio para não sofrer um destino muito pior. E não foi com menos emoção que eu senti a morte de Psi. Pensar que ele deu a vida por Clara, alguém que ele tinha acabado de conhecer, e o quanto doía nele não ter lembrança de pessoa alguma que possa ter amado algum dia. Foi uma cena impactante e descobrirmos que os dois estavam vivos não diminuiu a força do sacrifício.

E quando temos a confirmação que o Arquiteto é o próprio Doctor percebemos que não faria o menor sentido que ele tivesse enviado aqueles dois para a própria morte. Aceitar o fim da vida durante o percurso é algo natural e necessário em algumas ocasiões, mas forçar alguém à morte conscientemente nunca encaixaria na personalidade do Doctor, mesmo o Décimo Segundo, que não se esforça para ganhar o amor e a aprovação dos que o cercam.

Desde o início eu imaginei que o Teller não fosse mau. As correntes, a caixa onde ficava hibernando, tudo indicava que o alienígena era manipulado por Delphox. E é interessante pensar que a própria Delphox não era uma vilã. Ela apenas era uma funcionária fazendo o seu trabalho. Karabraxos sim era uma pessoa sem muito caráter e amor à vida alheia, mas ainda assim é difícil classificá-la como vilã.


Sinto por Delphox/Karabraxos ter uma participação tão pequena. Keeley Hawes é uma grande atriz e esteve ótimo no papel, mas ela pode muito mais e foi, de certa forma, desperdiçada, ainda que tenha sido Karabraxos a responsável por toda a trama, afinal.

Observações:

1) Só tenho uma perguntinha: o Doctor sempre teve um telefone dentro da TARDIS, onde alguns ligavam e pediam ajuda, então por que ele instalou (ou ativou) o telefone de fora da TARDIS (que até agora apenas a tal mulher de The Bells of Saint John e Clara tinham o número)?

2) Achei legal que o Doctor falou para Clara trocar os sapatos quando iam assaltar o banco.


3) O banco de dados acessado por Psi para chamar o Teller para si trouxe imagens de vários criminosos que já passaram pelo universo de Doctor Who, seja na própria série, seja nos seus spin off (como John Hart, de Torchwood e O Trickster, de The Sarah Jane Adventures).

***
Publicado também no site Teleséries.

Nenhum comentário:

Postar um comentário