terça-feira, 16 de março de 2010

Livro: A Mulher do Viajante no Tempo

A Mulher do Viajante no Tempo
(The Time Traveler's Wife)
Autora: Audrey Niffenegger
Eu gosto de romances. Nada piegas, melado ou moroso demais. As histórias repetidas à exaustão e que embromam tanto que todo o livro poderia ser escrito em 50 páginas, mas usa-se 350 (Christine Feehan veio à memória de alguém?) definitivamente não está entre as minhas listas de preferências.
Também gosto de ficção. Gosto do surreal, do antinatural, daquilo que sai do comum. E A Mulher do Viajante do Tempo é um pouco de cada.
Comprei o livro sem saber absolutamente nada sobre ele. Simplesmente li a contracapa e me chamou a atenção. Fico muito feliz por não ter sido enganada. O livro é delicioso.
A história é simples, mas contada de forma original e por incrível que pareça, nem um pouco confusa. Henry DeTamble seria um homem normal, não fosse uma disfunção genética que o leva a viajar no tempo. Passado e futuro fazem parte do seu presente, e infelizmente para ele, Henry não tem o menor controle de suas viagens. É só estar em um momento de estresse ou ter algum estímulo visual levemente diferente e puft, lá vai Henry para o passado ou futuro.
E foi durante essas viagens que ele conheceu Clare, sua futura esposa. Ela o vê pela primeira vez aos 6 anos de idade e volta e meia o revê ao longo de sua vida. Já ele, apenas a conhece bem mais tarde, no seu presente, sem ter a menor idéia de quem é a garota ruiva que parece o conhecer tão bem. E não tem jeito, a vida dos dois está totalmente entrelaçada e assim o será enquanto ambos viverem.
O livro vai e volta no tempo, sempre tomando o cuidado para nos situar na idade real de Henry e Clare, e é assim que a história desses dois vai se descortinando para o leitor, sem uma cronologia normal, mas com um sentido perfeito.
Nas mais de 400 páginas do livro, pude rir e chorar com seus protagonistas. É delicado ver a história de uma pequena menina que se apaixonada por um homem que vai e volta de sua vida, criando lembranças que serão guardadas carinhosamente. Ao mesmo tempo nos angustiamos e emocionamos com a vida de uma mulher que sofre com os sumiços do marido em seu presente, sabendo que ele está (entre outros lugares) lá no seu passado, construindo essas mesmas lembranças.
Mas não é somente de ternas recordações que vive Henry DeTamble. O viajante nada leva consigo além de si mesmo, o que significa que aonde quer que o bibliotecário vá parar, ele estará nu e perdido, o que traz sérios problemas para Henry. Furtar (roupas, dinheiro, comida), correr muito (polícia, bandidos, cachorros), passar frio (as viagens não respeitam clima ou local) e inúmeras outras dificuldades são constantes na vida do bibliotecário. Por outro lado, ele tem o privilégio de rever pessoas que amou e perdeu, ou a infelicidade de revê-las partindo sem nada poder fazer. Ou ainda, a chance de conhecer o seu futuro, o que pode ser um alívio em um momento de desespero ou o horror de descobrir coisas sobre si mesmo que nenhum homem deveria saber.
É impossível não se emocionar com a trajetória do casal. E por trazerem tantas experiências e tempos diferentes dessas pessoas, nós temos o privilégio de podermos nos identificar com períodos diversos da vida das personagens.
Sem dúvida alguma A Mulher do Viajante no Tempo foi um livro que valeu a pena ser lido. Não foi uma história vazia e que nada acresce ao leitor, muito pelo contrário. Ela é uma demonstração de amor, de entrega e de domínio do próprio destino, apesar da inevitabilidade da vida.
Eu recomendo.

***
PS: O livro foi adaptado para o cinema em um filme lançado em 2009 que no Brasil recebeu o nome Para Sempre Te Amarei, dirigido por Robert Schwentke e com o Eric Bana e Rachel McAdams nos papéis principais (o qual eu ainda não assisti, mas pretendo, o mais cedo possível).

[Edit] Assisti ao filme alguns dias depois de terminar o livro. É bem interessante, mas não consegue o mesmo efeito do livro. Primeiro porque ele conta a história de forma linear (mas acho que seria meio difícil as idas e vindas do livro serem adaptadas de forma compreensível no cinema) e segundo porque ele altera algumas coisas sutis, mas que faziam toda a diferença na caracterização dos personagens. Valeu a pena assistir, mas não traz a mesma satisfação do livro.

2 comentários:

Dani Fuller disse...

Para todo mundo eu recomendei assistir ao filme primeiro. Tem gente que pode se enrolar com o tipo de narrativa do livro. Eu me apaixonei pelos 2, apesar do filme ser bem bem bem bem resumido, mas é feito no capricho também. Assista logo! Pena que o dvd ainda não saiu por aqui. Assisti 2x no cinema e 1x no pc ehehehe

Christina Frenzel disse...

Mica, eu AMEI o livro e o filme (caso raro de 'casamento') =)
Já saiu em DVD, reassisti semana passada, vale a pena!

Beijocas,
Chris

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