domingo, 27 de junho de 2010

Ultraviolet (1998) - uma nova leitura dos vampiros


Descobri Ultraviolet por acaso. Uma colega mostrava imagens do Stephen Moyer (o chatíssimo vampiro Bill de True Blood, para os que não acompanham a série) quando mais novo e uma delas foi na série Ultraviolet, da qual eu nunca tinha ouvido falar.
Curiosamente também é uma série de vampiros, e é exatamente isso o que o personagem do Moyer é:  um vampiro. Mas cá entre nós, um sanguessuga muito mais competente do que o seu Bill em True Blood.
Apesar do atual modismo dos vampiros e afins, Ultraviolet é uma série bem diferente (talvez por ser Britânica), com um enfoque inovador. Bom, talvez não tão inovador, mas definitivamente competente.
Embora saibamos que a luta dos personagens é contra vampiros, o nome 'vampiro' não é mencionado nenhuma vez no seriado. Ou quem sabe eu deva chamar de minissérie, já que tem apenas uma temporada de seis episódios.
Segundo o criador, Joe Ahearne, ele escreveu e dirigiu todos os 06 episódios, e com isso não sobrou espaço na sua mente para criar uma segunda temporada. Imagino que tenha sido realmente desgastante, mas pelo menos isso nos garantiu um trabalho de qualidade e contínuo, onde as coisas não parecem diferentes de um episódio para o outro. Os personagens eram exatamente os mesmos, suas motivações também, e a raiva que nos faziam passar muitas vezes também era a mesma. Foi sem dúvida nenhuma uma das séries mais tensas que vi nos últimos tempos.
É interessante que uma série que nos deixa claro desde o início que vampiros existem nos mostre tão pouco deles. Toda a atenção dos episódios vai para os membros da unidade paramilitar (ligada ao Vaticano e dirigida pelo Padre Pearse, interpretado pelo excelente Philip Quast) que segue caçando os sanguessugas. O legal nesse conceito, é que os vampiros são realmente imortais. Mesmo após neutralizados e transformados em pó, eles podem se regenerar, por isso a unidade os guarda encapsulados e etiquetados longe de qualquer contato que possa disparar a regeneração.
Os três principais investigadores são pessoas que sobreviveram à morte (ou melhor, à contaminação e posterior neutralização) daqueles que eram mais importantes para eles. Jack Davenport (que vimos recentemente em Flash Forward) é Michael, um policial que descobre que o melhor amigo Jack (hello, Stephen Moyer!) virou vampiro pouco antes do casamento. Não é algo muito fácil de descobrir, e mais difícil ainda é manter a noiva do amigo (por quem ele é completamente apaixonado) no escuro sobre o assunto.
E talvez este seja o ponto forte e fraco do personagem. Ao mesmo tempo que é o seu amor por Kirsty (e talvez remorso por Jack) que o motiva a seguir em frente na caçada, e impulsiona a história para vários pontos diferentes, é este mesmo amor que me irrita demais, pois Kirsty é o ser mais indeciso da face da Terra. Eu não consegui descobrir qual era a dela, se amava Jack ou não, e se amava, por que azucrinava tanto a vida de Michael.
Mas nada é ao acaso em Ultraviolet e tudo sem o seu motivo para acontecer. Inclusive a surpreendente simpatia que eu senti pelos sanguessugas quando nem era neles o foco da coisa toda! Quero dizer, eu entendi plenamente o motivo de serem caçados, mas seria a política de tolerância zero realmente a mais correta?
Como disse o personagem de Thomas Lockyer, "se ele não pode notar a diferença, se você não pode notar a diferença, somos nós realmente tão diferentes?"
E esse foi o meu ponto de vista durante a série inteira. Não estamos falando aqui de vampiros desumanizados, desprovidos de intelecto e que vivem unicamente para matar, mas sim de indivíduos que escolheram tornar-se algo diferente  para continuarem a existir. Isso os impele a matar muitas vezes, pois precisam se alimentar, mas havendo uma outra alternativa, eles ainda deverão ser caçados? Não seria mais humano ajudá-los a encontrar uma alternativa que garantisse sua sobrevivência sem precisar matar? A política de 'atirar primeiro e fazer perguntas depois' não é muito preconceituosa e arrogante? O que faz de nós melhores do que eles?

Enfim, Ultraviolet instiga o espectador a pensar. É uma série inteligente, psicológica e não um terror sanguinolento descerebrado. Foi um achado. 

****
Criada por: Joe Ahearne
Detetive Michael Colefield: Jack Davenport
Dra. Angie March: Susannah Harker
Vaughan Rice: Idris Elba
Padre Pearse: Philip Quast
Frances Pembroke: Fiona Dolman
Kirsty Maine: Collete Brown
Jacob Keanault: Thomas Lockyer
Jack Beresford: Stephen Moyer

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