quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Amor por Acaso [Bed & Breakfast]

O que esperar de um filme dirigido por Márcio Garcia? Não muito, com certeza, mas se você se der ao trabalho de ver o trailer de Bed & Breakfast pode até ser enganado e achar que o filme talvez valha a pena. Sim, porque a bem da verdade é que o trailer é a melhor parte do filme.
Amor por Acaso (ou Bed & Breakfast) conta a história de Ana (Juliana Paes), uma brasileira, supervisora de uma loja de departamentos que perde o pai e herda uma dívida de R$ 500.000,00, sem falar do irmão que é viciado em jogo e precisa pagar R$ 8.000,00 se quiser continuar vivendo.
Para sorte da garota, o seu advogado (que só fala com ela em inglês, mas não posso pensar em nenhum motivo para isso além dele sentir saudades da sua terra natal, já que está morando no Brasil e advoga aqui) descobre um imóvel nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade de Webster, que supostamente é uma herança que o pai de Ana deveria ter recebido na ocasião da morte da mãe. A venda do imóvel pode salvar Ana da bancarrota, então a garota acompanha o advogado aos Estados Unidos para tomar posse do que acredita ser seu de direito.
O problema é que o imóvel está ocupado por Jake (Dean Cain, a verdadeira razão de eu ter ido ao cinema assistir ao filme) que alega tê-lo recebido como herança de Flo, uma antiga amiga.
O tema é batido, a resolução também. Ou alguém acredita que algum outro final seria possível que não Ana se apaixonar por Jake e ficar nos EUA administrando a pousada que ele construiu no imóvel? E nem mesmo as aventuras pelas quais os personagens passam no decorrer do filme são originais. Casal em lua de mel se agarrando a todo momento, faxineira latina que se agarra no sofá com o advogado, crítico de hotéis visitando a pensão e Ana auxiliando Jake na cozinha, o que dá um toque diferente, acolhedor e exótico à pousada, ex-mulher do protagonista chegando na hora H e demonstrando ser um poço de egoísmo...é preciso dizer mais?
Se pelo menos os atores salvassem a coisa toda, mas nem isso. Os brasileiros foram uma vergonha e demonstram mais uma vez que estamos anos-luz de uma interpretação de qualidade. Infelizmente nem os gringos salvaram o dia. Não tinha viva alma que soubesse interpretar. Dean Cain era o melhor deles, e isso já diz tudo. Eu amo o ator, de verdade, mas até eu sei que ele tem um corpo lindo, rosto maravilhoso e uma simpatia sem tamanho, mas que a interpretação não é o seu forte.
Por isso nem vou mencionar o absurdo que é a protagonista herdar uma dívida de quinhentos reais. Não tenho a menor idéia da legislação americana, mas aqui herdeiro só paga dívida do falecido até o montante da herança recebida, e mesmo assim apenas se aceitar a herança. Se não há herança, a dívida não transmite ao herdeiro. Ou seja, toda a razão de existir do filme é furada. Socorro!!!
Passe longe.

***
Márcio Garcia faz uma aparição relâmpago no final do filme, como um dos hóspedes em uma propaganda muito descarada de shampoo. Esse povo não tem vergonha na cara mesmo. E só aqui entre nós, acho que Márcio Garcia nunca envelhecerá. Parece que congelou no tempo.

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