Death’s Daughter – Amber Benson
Há muitos motivos para alguém comprar um livro, mas poucos o fazem por sentimento de culpa. Isso é reservado para seres raros (e tolos) como eu.
Sou fã de Amber Benson, a autora de Death’s Daughter. Para quem não a conhece (ou até conhece, mas não ligou o nome à pessoa), Amber interpretou Tara em Buffy (a personagem que veio mudar para sempre a vida de Willow e, por consequência, de todos ligados a ela). Desde então ela tem atuado mais por trás dos bastidores, com direção, roteiro e produção (embora continue atuando aqui e ali). Aventurou-se no mundo dos quadrinhos, escrevendo o roteiro de algumas obras (inclusive uma para Buffy) e também é corroteirista, coprodutora e diretora da série sobrenatural exclusiva para a internet, Ghosts of Albion.
Amber também está no twitter e é uma das pouquíssimas celebridades que eu sigo. E foi assim que eu cheguei a Death’s Daughter e Cat’s Claw, dois livros escritos por ela e que contam a história de Calliope Reaper-Jones, a filha da Morte. Ela postou alguns artigos que mencionaram seus livros e eu fiquei curiosa. Como nenhum tem tradução para o português, eu nem me preocupei em comprar, apenas os procurei na internet e baixei os benditos. E é aí que começa o meu sentimento de culpa.
Fiquei tão feliz por ter conseguido baixar os livros que comentei no twitter. Minhas palavras foram algo como “I finally got my hands on Death’s Daughter and Cat’s Claw. I’m so happy”. E qual não foi a minha surpresa quando Amber respondeu ao meu tweet agradecendo e dizendo-se muito feliz por eu ter adquirido seus livros!? O problema é que eu tinha baixando os benditos e me senti o ser mais baixo desta Terra. Então fiz um esforcinho, coloquei a mão no bolso e encomendei os citados livros (que tiveram que ser importados, pois não tinha por aqui, mas isso não vem ao caso).
Mesmo assim demorei cinco meses para ler o primeiro deles. Mas eis que terminei Death’s Daughter antes de encerrar 2010. Infelizmente não posso dizer que o livro me agradou. Não é ruim, mas também não é o meu objeto de consumo literário usual, a despeito do tema.
Como nada é fácil nesta vida, Daniel, o Protegido do Diabo é concorrente pelo cargo de Morte e para que Calliope alcance sucesso ela precisa completar três tarefas. O problema é que a garota fez o possível para se manter afastada do mundo sobrenatural durante toda a sua vida e, portanto, pouco sabe das provações que irá enfrentar ou como se virar em um mundo mágico.
Assim, o livro trata da jornada de Callie à sua nova posição e à necessidade de provar que não foi a responsável pelo rapto do pai, já que, afinal, é a maior beneficiária do seu desaparecimento.
O meu desapego com o livro não foi o tema, mas, creio eu, o público alvo. Tive a nítida sensação de que Death’s Daughter foi escrito pensando em garotas que tem entre 13 e 16 anos. Ele é bem juvenil, com soluções simples (não ruins, simples) e recheado de comentários da cultura teen. Sem falar que boa parte dos acontecimentos, Callie comparava com algum outro episódio de sua vida e o descrevia exaustivamente, o que apenas prolongava o livro e tirava o foco da história.
Mas o que realmente me tirou do sério foi a personalidade de Calliope. Ela tem um sarcasmo e uma ironia que me irritavam. Normalmente eu gosto de personagens sarcásticos, mas não quando eles o são 100% do tempo, e tão absorvidos consigo mesmos que não tem tempo de ouvir uma explicação completa da boca de outro personagem. Até seus pensamentos eram sarcásticos e autodepreciativos. Não houve uma única página no livro inteiro onde ela pensou como uma pessoa normal, com frases palatáveis ou sérias.
Ou talvez o problema seja que Amber Benson descreveu sua personagem parecida demais como uma pessoa real, repleta de pensamentos que costumam pipocar em nossas mentes nos momentos mais improváveis e que não dividimos com os outros para não parecermos personagens idiotas de uma comédia tola. Isso me deixava com a sensação de estar vendo uma daquelas sitcoms que infestaram as televisões, e todo mundo sabe que eu não gosto de comédias em geral.
Mas as últimas cinqüenta páginas do livro conseguiram prender o meu interesse mais do que as trezentas anteriores. Talvez porque ela cortou as trivialidades que apenas enrolavam e partiu para a ação.
Não posso dizer que é um livro ruim, mas está longe de ser uma das minhas preferências. Só acho que eu poderia ter escolhido melhor meu último livro do ano.
2 comentários:
a premissa *É* interessante, mas como sou fã da subsérie da susan sto-helit de terry pratchett [neta do morte de discworld] e pela sua própria resenha, vai pro fim da fila.
;)
Um dia eu tenho que começar a série Discworld. Mas são tantos livros que me sinto meio intimidada.
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