Série: Continuum
Episodio: A Stitch in Time
Temporada: 1ª
Nº do episódio: 01 (1x01)
Data de
Exibição: 27/05/2012
Roteiro: Simon
Barry
Direção: Jon
Cassar
Já faz um tempo
que não faço qualquer tipo de resenha de seriado. Há vários motivos, mas dois
são os principais:
- Falta de alguma
série que me tire do chão e vire o meu mundo de cabeça para baixo;
- Preguiça. De
pensar, de correr atrás de informação, de rever episódios, enfim, de parar e
fazer um trabalho legal e não apenas colocar impressões genéricas no papel. E
tem tanta gente boa fazendo resenha por aí que não dá para simplesmente
escrever qualquer coisa (e muito menos copiar a opinião e a pesquisa alheia).
Mas Continuum
mexeu comigo o suficiente para me fazer sentar na frente do computador e
escrever alguma coisa. Talvez não seja a melhor série de todos os tempos e nem
eu a mais tarimbada das críticas, mas para mim o que importa é que o episódio
piloto me empolgou e resolvi dividir essa empolgação com o mundo.
Sou fã de sci-fi
e, infelizmente para mim e outros fãs, as boas séries de ficção científica
estão rareando. Não ficamos sem, mas a qualidade do que tem por aí é duvidosa e
os cancelamentos (inclusive de preciosidades, o que é imperdoável) rondam
nossas vidas com angustiante amargor.
Por isso fiquei
feliz quando vi o tema de Continuum. Viagem no tempo, drama e ação em um único
seriado? O que mais eu poderia querer? Mas, admito, o que me deixou louca de
vontade de assistir a série foram os tweets massivos da atriz Lexa Doig
(@LexaShmexa) nas últimas semanas e na noite de estreia em particular. Eu amo a
Lexa Doig (de Andromeda) e mesmo que a série fosse uma bomba eu iria conferir.
Para minha
sorte, Continuum não foi uma bomba e eu saí bem feliz do primeiro episódio e
ansiosa pela próxima semana. Gostei inclusive, que ela passa aos domingos,
vindo preencher o vazio deixado por Once Upon a Time.
Os
acontecimentos do episódio foram simples, bem explicados, mas eficientes. O ano
é 2077, a democracia é passado e as Corporações são o Governo desta nova era.
Kiera é uma Protetora (uma espécie de policial) que, entre outras coisas,
prende terroristas. A última e mais importante prisão efetuada foi de membros
do grupo terrorista Liber8, responsável pela explosão de uma bomba no âmago das
Corporações, que acabou por matar inúmeros inocentes. O que Kiera não esperava
era que no momento da execução dos prisioneiros, eles se utilizassem de um
dispositivo que os fizesse viajar no tempo, levando-a de gaiato no navio.
A ideia era uma
viagem curta, que permitisse que os Liber8 impedissem que as Corporações
tivessem tamanho poder nos Estados Unidos. Mas acabaram voltando 65 anos,
parando no nosso querido ano de 2012.
A chegada dos
viajantes causou uma explosão sem tamanho, o que impediu que Kiera os
localizasse logo de cara, forçando-a a conseguir a cooperação da polícia local.
Claro que para isso ela usou de uma identidade falsa, uma história bonitinha de
gangues vindas de Portland para atacar o Norte e, mais importante de tudo,
precisou da ajuda de um jovem gênio que conseguia se comunicar com o
dispositivo implantado no cérebro dela.
Essa foi – na
minha opinião – uma sacada legal da série. Kiera está no mesmo lugar, mas 65
anos antes, e é justamente o momento que o garoto Alec Sadler (importante
membro da Corporação no futuro) começa a testar o seu dispositivo recém inventado,
que é nada mais nada menos do que a tecnologia utilizada no futuro pelos
Protetores.
Já virei fã do
Alec Sadler. O ator (Erik Knudsen, de Jericho) parece confortável no papel e é
fácil se identificar com ele. Na verdade, é o personagem mais palpável
apresentado neste piloto. E o mais interessante são as duas versões para viagem
no tempo que ele apresenta para Kiera:
1) O simples
fato de ter voltado no tempo já modificou o futuro e ele nunca mais será o
mesmo;
2) A sua
presença no passado sempre esteve lá na sua linha temporal, e o que acontece
agora é nada mais nada menos do que já aconteceu.
Alec se
identifica com esta segunda teoria (eu particularmente acredito que em algum
momento a primeira tese teve que ocorrer para então a segunda virar uma
constante) e o episódio nos dá algumas pistas que ele de fato está correto
(pelo menos no universo da série).
Kiera é a
protagonista e por enquanto não é possível se ter total certeza de qual caminho
ela irá trilhar. Neste episódio piloto ela se mostrou uma mulher prática,
competente e disposta a praticamente tudo para cumprir sua missão. Ela viajou
no tempo sem querer, mas já que está aqui (e de posse da tecnologia que permite
que Alec a ajude), tem toda a intenção de prender um por um os membros do
Liber8 que voltaram no tempo com ela, mesmo que para isso precise ameaçar
destruir os seus antepassados.
Mas Kiera não é uma
máquina (por mais que a série me lembre Terminator em alguns momentos). A Protetora
é casada e tem um filho, então voltar para a sua linha temporal provavelmente
será uma das prioridades da mulher.
Eu confesso que
não simpatizei muito com a personagem, mas também não a antagonizei. Gosto
muitíssimo da sua intérprete (Rachel Nichols), então tenho esperança de que vá acabar
gostando da personagem também em algum momento.
Quem eu não
gostei foi do ‘parceiro’ policial que ela arrumou em 2012. Carlos Fonnegra é
interpretado por Victor Webster, ator com quem não simpatizo nem um pouquinho.
Peguei birra com o coitado lá no passado, nos idos tempo de Mutant X e nunca
mais consegui gostar do rapaz. Ele me parece fraco e o seu personagem também
não o ajudou, coitado.
Só tem uma coisa
que eu realmente espero que não aconteça nesta série: Kiera se envolver
romanticamente com Carlos. Não me importo se ficarem amigos, se confiarem um no
outro, só não quero que caia no clichê ‘parceiros-que-se-sentem-atraídos-um-pelo-outro’.
Já tem tanto disso por aí que eu não quero mais do mesmo na minha nova série
sci-fi.
Além do mais, Kiera
é casada (e o marido é uma graça). É claro que não quero que a mulher vire uma
freira. A solidão faz milagres na hora de se abrir o coração para um novo amor
e, querendo ou não, o marido dela está “só” 65 anos no futuro. Mesmo assim,
acho que ela deve primeiramente focar sua atenção nos fugitivos e em encontrar
uma forma de voltar para o futuro. Se isso se mostrar impossível, tudo bem se
apaixonar de novo, mas não pelo seu parceiro, por favor. Não quero que a série
seja apenas mais uma entre tantas, eu quero um diferencial.
Sim, estou aqui
reclamando e isso nem aconteceu e nem deram sinais ainda de que irá acontecer.
Chamem-me de preconceituosa, mas a verdade é que quando colocam uma mulher bonita
e um homem bonito juntos trabalhando em parceria é porque o povo quer uni-los
mais cedo ou mais tarde (vide o atual exemplo de Elementary, que transformou
Watson em mulher só para não precisarem enfrentar o problema de uma possível
tensão sexual entre dois protagonistas homens). Dá a sensação de que é
impossível homem e mulher (se forem bonitos) conviverem sem que caiam de amor
um pelo outro.
Mas por enquanto
tudo vai bem em Continuuonlândia. O roteiro não foi o mais inovador, mas foi
competente, os personagens tem chance de crescerem e tudo pode tomar rumos
diferentes se a coisa for bem escrita e bem produzida.
A série já ganha
pontos por suas cenas futurísticas muito bem feitas (coloca os efeitos
especiais de Once Upon a Time no chinelo) e por usar um tema comum sem que
parecesse a mesma coisa que já vimos um milhão de vezes antes. Foi um brilhante
uso do antigo repaginado. E as cenas em que Kiera vai ‘baixando’ informações do
seu cérebro e mostrando a Alec, permite-nos dar uma espiada em sua vida no
futuro.
Pergunto-me
apenas se toda a ação se passará no passado ou se também teremos cenas em tempo
real no futuro e não apenas gravações.
E, é claro, tem
algo acontecendo no meio da família de Alec...aquela gente parece pronta para
uma revolta, mas ainda não deram pistas o suficiente para palpites mais seguros
(só digo aqui que eu adoro o Richard Harmon e estou muito feliz em vê-lo
novamente em uma série que eu assisto).
Outra coisa que
me intriga são os Liber8. Eu fiquei com a sensação de que eles não eram
bandidos. Criminosos e terroristas sim, mas com ideais talvez até
justificáveis. Mas suas atitudes em 2012 são dúbias, parecem pessoas de má
índole, no entanto não sabemos o que eles de fato têm em mente e quais são os
seus planos agora que se viram tão atrás na linha temporal.
Por enquanto
estou fisgada, a série me atraiu, a trama é envolvente e tenho esperanças em
relação aos personagens e ao desenvolvimento da história. Espero que não me
decepcione.
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