Sinopse: Anjo
Mecânico, volume inaugural de As Peças Infernais, conta como os antepassados
dos protagonistas de Instrumentos Mortais se conheceram. E como existe muito
mais mistérios entre eles do que se imagina.Através de Tessa
Gray, uma jovem órfã de 16 anos, somo apresentados aos Caçadores das Sombras da
Inglaterra Vitoriana. Como seus representantes do século Xxi, eles também
combatem os elementos rebeldes do submundo – vampiros e lobisomens. E são eles
que vão ajudar Tessa quando esta, ao sair de Nova York em busca do irmão, seu
único parente vivo, é raptada pelas irmãs Black. Mas Tessa não é
uma senhorinha indefesa. Dona do estranho poder de se transformar em qualquer
um apenas tocando em algum pertence dessa pessoa, é um objeto valioso para o
submundo. Ao lado do temperamental e misterioso Will e de seu melhor amigo
James, cuja frágil beleza esconde um terrível segredo, Tessa vai aprender a
usar seu poder e ganhar um lugar ao lado deles na batalha entre as trevas e a
luza. (sinopse disponível em http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26144)
Série: As Peças
Infernais
Livro: Anjo
Mecânimo
Autora: Cassandra
Clare
Tradutora: Rita
Sussekind
Editora: Record
Páginas: 392
Nem acreditei
quando vi que Anjo Mecânico seria lançado no Brasil. Eu ansiava por ler a série
As Peças Infernais desde que soube da sua existência. Mas como nem City of
Fallen Angels foi lançado por aqui ainda, não imaginava que Anjo Mecânico
acabaria chegando antes.
As Peças
Infernais é um prequel da série Os Instrumentos Mortais, da autora Cassandra
Clare, e se passa mais de 100 anos antes da história que já conhecemos. Bom,
pelo menos que eu já conheço, com certeza alguns leitores conhecerão esse
universo por meio desta saga e não da outra. O interessante desta nova série é
que ela faz uso do mesmo universo, mas sem obrigar ao leitor conhecer
previamente os outros livros.
O ponto negativo
é que, justamente por ser o início de uma nova saga, certas coisas precisam ser
explicadas ao novo leitor (e também à nova personagem, Tessa, que é novata
nesse negócio de Caçadores de Sombras, Vampiros, Lobisomens e afins). A autora
faz o melhor possível, mas fica evidente um certo desconforto nessas
explicações. O leitor antigo precisa revisitar o que já sabe e soa um tantinho
repetitivo (e meio incompleto), enquanto aquele que está conhecendo este
universo só agora acaba perdendo explicações mais aprofundadas, porque a autora
se esforça, mas não consegue deixar tão claro tudo o que há por trás de cada
grupo de seres sobrenaturais.
Os personagens
principais são Will Herondale, Jem Carstairs e Tessa Gray. Os dois primeiros são
Caçadores de Sombras (humanos com sangue do anjo Raziel, que são treinados
desde jovens para combater os demônios que tentam destruir a humanidade),
enquanto Tessa é um membro do submundo, embora tenha acabado de descobrir isso.
A garota possui um poder bastante curiosa de se transformar em qualquer pessoa –
viva ou morta – desde que possa tocar em algum objeto que tenha pertencido a
esta pessoa. O legal é que ela não apenas se transforma fisicamente, mas também
absorve as memórias e personalidade da pessoa, uma qualidade rara mesmo no
submundo. Ela obviamente é uma feiticeira (filha de um humano com um demônio),
mas os eventos que levaram ao seu nascimento são um dos mistérios do livro.
Jem, por outro
lado, também tem seus segredos, mas é o amor em pessoa. Eu sabia que gostaria
dele desde a sua primeira aparição, ainda no prólogo. E de fato, foi o
personagem que eu mais gostei no livro. Verdade seja dita, foi o único personagem
que realmente me prendeu (fora Magnus Bane, é claro, mas Magnus não conta, pois
ele já é personagem conhecido de Os Instrumentos Mortais).
Há duas coisas
em especial que eu gostei no livro: não deixa aquela sensação de ‘amor escrito
nas estrelas’, do tipo que é super clichê e que é óbvio que fulana terminará
com beltrano. Há um leve ar de romance no ar (é um YA, afinal de contas), mas
por enquanto ele não é o que move a história. E a protagonista pode ficar com
qualquer um. Pode ser Will, ou Jem, ou algum outro que aparece (pode até ser
Magnus! Por que, não?). Todos eles mostram-se personagens dignos, mesmo Will,
por quem eu tenho uma birra conceitual.
E por falar em
Will, quem já leu City of Fallen Angels já ouviu falar no Herondale. Ele foi
mencionado por Camille para Magnus, o que me deixou curiosa sobre o personagem
desde então, embora eu o imaginasse um tantinho diferente. Inclusive, Tessa
também já fez uma aparição relâmpago em um dos livros de Os Instrumentos
Mortais (embora não aparecesse seu nome, foi confirmado pela própria autora).
Bom, esta foi a
primeira coisa que eu gostei, a outra é o relacionamento entre Will e Jem. Os
dois realmente se amam. Aquele amor de irmão, companheiro, parabatai, enfim, confiam de fato um no outro, mesmo quando não
falam tudo sobre os seus passados. Geralmente vemos dois rapazes sendo amigos e
até confiando, mas não com esta entrega que os dois têm. Eu sinceramente fiquei
encantada com o afeto sincero e aberto dos dois.
Mas a despeito
de todos os relacionamentos que vão se desenvolvendo ao longo do livro (não só
possíveis romances, mas a amizade e a confiança, e até mesmo certos inimigos), Anjo
Mecânico é, sobretudo, centrado na aventura. Tessa começa o livro raptada e é
salva (meio por acaso) pelos Caçadores de Sombras e então nos vemos envolvidos
com a trama do livro: salvar o irmão de Tessa e achar e vencer o Magistrado,
personagem que parece comandar o submundo, e é o responsável pela captura de
Tessa e do seu irmão.
Não posso dizer
que o livro terminou sem que eu soubesse como a história estava se
encaminhando, mas mesmo assim valeu o caminho percorrido. É sempre bom conhecer
os antepassados de personagens que já aprendemos a amar (ou a odiar em alguns
casos). Porque, o que não falta em As Peças Infernais são sobrenomes conhecidos
(embora eu, ruim de memória que sou, nem sempre lembrava quem era o seu correspondente
na outra série da autora).
Por ora estou
tentando decidir qual lerei primeiro...City of Lost Souls (quinto livro de Os
Instrumentos Mortais) ou Clockwork Prince (sequência de Anjo Mecânico). É um
pouco engraçado ler duas séries da mesma autora em períodos diferentes, mas com
os mesmos sobrenomes de personagens. Você fica intrigado com o que houve nesse
meio tempo que levou ao nascimento desse povo todo que já conhecemos.
Cassandra Clare
fez um bom trabalho com essa sua nova saga e, embora sua escrita inicialmente
estava um pouco desleixada, aos poucos ela entrou nos eixos e voltou a ser a autora
com a qual eu estava acostumada. Mas eu credito esse início confuso à novidade
de estar escrevendo com personagens diferentes (e com um background diferente,
já que a história se passa em Londres, 1878) e desenvolvendo as coisas de outra
forma, embora dentro de um mesmo universo.
E tem a questão do casal. Pode
parecer loucura, mas não fazer um casal central e feito um para o outro, muda completamente
a narrativa de uma história e te obriga a repensar no que de fato importa na
história que quer contar. No entanto Clare logo se encontrou e voltou a ficar
confortável com o seu texto e nós leitores pudemos aproveitar sem culpa um
livro que é, entre algumas outras qualidades, muito gostoso de ser lido.
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