Série: Continuum
Episodio: Matter of Time
Temporada: 1ª
Nº do episódio:
04 (1x04)
Data de
Exibição: 17/06/2012
Roteiro: Sam
Egan
Direção: Michael
Rohl
A cada novo
episódio de Continuum novas facetas da série vão sendo reveladas. O maior medo
do público é que se torne um procedural como outro qualquer, deixando o sci-fi
de lado. É um risco, claro, principalmente porque Kiera é uma policial e é
impossível que 100% dos seus casos sejam sobre o Liber8. Mesmo assim eu tenho a
sensação de que não é esta a intenção da série. Posso estar enganada, mas
acredito que muitas surpresas ainda virão.
É claro que minha
opinião pode ter recebido influências da entrevista do ator Richard Harmon que
falava sobre o desenvolvimento do seu personagem (Julian Randol, meio-irmão de
Alec) e como as coisas tomaram um rumo inesperado neste núcleo, mas ainda assim
eu creio que os próprios acontecimentos implicam em um algo mais. Não consigo
acreditar que uma equipe iria basear um seriado voltado para o público ávido
por sci-fi somente no feijão com arroz. Simplesmente não faria sentido, principalmente
porque se eles não partirem para o não-convencional a série estará fadada a no
máximo duas temporadas de vida, ou a virar um policial e, neste caso, há
procedurais melhores por aí.
Bom, nesse
quarto episódio vimos o primeiro caso no qual Kiera se envolveu que não foi
provocado pelos seus colegas terroristas. Mas não foi um caso aleatório e
desnecessário, muito pelo contrário. Tudo o que acontece nos episódios tem uma
razão de ser e está intimamente interligado. E a mensagem foi bem clara: assim
como o Liber8 tem a intenção de modificar o passado a qualquer custo, Kiera tem
a intenção de manter o futuro intacto. A grande pergunta é: a que preço?
Ao decidir não punir Melissa pela morte do cientista ao descobrir a importância que Melissa teria no setor energético no futuro (Presidente da empresa com a qual o marido de Kiera viria a trabalhar, inclusive), Kiera cruzou uma linha importante: ela também está disposta a tudo, até mesmo fechar os olhos para um crime, desde que isso signifique que o futuro permanecerá incólume.
A pergunta de Alec
à Kiera se ela ao tomar esta decisão não estaria fazendo o papel de Deus
(exatamente como o Liber8) não é leviana. Porém é preciso analisar a situação
da Protetora por um ângulo diferente. Ela não pertence à nossa era,
supostamente não deveria estar aqui. Quão correto é tomar uma atitude sabendo
que modificaria o futuro? Não uma mudança hipotética, como a que
esperamos alcançar todos os dias com cada ato nosso, mas uma mudança real, que
poderia destruir o local de onde ela veio?
A vida é feita
de decisões, algumas mais importantes e globais que outras. Uma coisa é Kiera fazer
coisas que julga corretas sem saber qual o dano que trará para a sua linha
temporal, outra é ela tomar conscientemente uma decisão que mudará o seu
futuro. E, sinceramente, do que adianta fazer o certo no passado se isso
significa que jamais poderá voltar para a sua vida e sua família?
Por outro lado,
temos o Liber8 fazendo exatamente isso. A guerra que pretendem travar contra as
Corporações – a despeito de seus métodos – só pode ser considerada criminosa
quando analisada sob a ótica do futuro. Sim, eles são terroristas e as mortes
que vão deixando pelo caminho atestam contra eles, mas se analisarmos o grupo
aqui e agora, o que temos é um grupo pequeno, formado na sua maioria por
ex-militares, que combate em favor da Democracia e contra o totalitarismo das
Corporações (ou deveria ser, porque até agora eu não vi nada do suposto plano
em ação, só atos isolados e traumáticos).
Quem é o
criminoso? O grupo que luta pela Democracia e a manutenção do Estado tal qual
ele é, ou a Protetora que tenta derrubá-los de forma a permitir que um golpe de
Estado aconteça e o povo passe a viver sobre a opressão de um governo
totalitarista representado pelas Corporações e que não permite que sua própria
gente tenha poder de decisão?
Os flasbacks de
Kagame – o líder dos Liber8, que finalmente foi ‘cuspido’ no ano de 2012 – não deixam
dúvida de que ele não era uma pessoa agressiva, muito pelo contrário.
Acreditava no poder da oratória e da negociação. Seus métodos atuais são consequências
da opressão das Corporações.
É neste ponto
que eu entendo que a série deveria focar. Precisamos ver o que levará a nação a
se dobrar a um governo que tira dela o poder de decisão. E posso estar
enganada, mas tenho a mais firme impressão de que é neste aspecto da série que
a família de Alec terá importância. Em algum momento os Randol interagirão com
o Liber8 e com a própria Kiera, resta saber quando.
E já que toquei no
assunto ‘família do Alec’, ele menciona o pai ao falar sobre as formas de
restaurar o traje de Kiera. Assumo que ele falava do seu pai biológico e não de
seu padrasto, a menos que tenhamos novas surpresas por aqui e Roland Randol não
seja o tradicional homem do campo.
A propósito, foi
perfeito o encontro entre Kiera e Alec. Totalmente anticlimático (e por isso
ideal). Como será para ela conhecer a versão adolescente do homem que conhece
no futuro? E o quanto desse relacionamento entre os dois é pré-existente no
futuro? Estará tudo realmente acontecendo como deveria acontecer? Cada atitude
de Kiera e do Liber8 já estava escrita nas linhas do tempo e pertencem ao
passado do empresário Alec Sadler? Ou ele assumiu um risco ao mandá-los para
2012?
Agora os dados
estão lançados. O Liber8 quer guerra, Kiera quer o seu futuro intacto, Carlos
quer apenas cumprir o seu dever como policial e Alec....o que Alec realmente
quer?
Eu espero, do fundo
do coração, que a audiência se estabilize (ou cresça) e a série não seja
cancelada, pois ela é sem dúvida a menina dos meus olhos atualmente.
***
PS: Sim, eu sei
que não falei do encontro de Kagame com o grupo, nem mencionei o embate com
Kiera que levou a Protetora a escolher a vida do bebê, e tampouco comentei o
quanto essas lutas em slow motion me irritam...aliás, falei bem pouco sobre os
acontecimentos do episódio em si, que vergonha! Mas é que me empolguei na
divagação filosófica de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha e perdi o foco.
A culpa, no entanto, não é minha, e sim da estrutura do episódio que ficou
colocando caraminholas na minha cabeça).
PS2: Carlos vai
ficando cada vez menos canastrão e mais solto. E continuo sem ver qualquer
indício romântico entre ele e Kiera, o que é um bom sinal. Talvez haja
esperança para esses dois como parceiros, afinal de contas, e a série não caia
no clichê total.
PS3: Interessante
vermos que Kiera esperou anos para ingressar na CPS, mas o desejo sempre esteve
ali. O Liber8 pode ser o seu foco atual, mas o terrorismo na forma deste grupo
em particular não é o seu foco principal. É todo um estilo de vida que ela
tenta defender e, de certa forma, nós somos tudo contra o que ela lutou. Será
que ela pensa nisso de vez em quando?
PS4: Espero que
Alec consiga resolver o problema com o traje de Kiera. Há alguma coisa de
especial em vê-la usando da tecnologia do futuro. Sim, ela precisa aprender a
seguir os seus instintos, mas é todo o lance high-tech que faz dela uma
personagem legal.
PS5: Eu não
mencionei o Kellog, mas é que tinha esquecido completamente dele e só lembrei
do rapaz agora que vi o promo do próximo episódio. De certa forma eu gosto do
fato dele estar ajudando a sua própria família. É possível que sempre tenha
sido ele mesmo o responsável pela casa ter permanecido na família, ele só não
sabe disso. Aliás, eu seria uma péssima viajante do tempo. Se parasse de
repente 50 anos atrás iria morrer de fome, pois não tenho a menor idéia de onde
investir o dinheiro, quem ganha o que, quais os times de qualquer tipo de
esporte são vencedores e por aí afora. Acho que preciso ler mais jornal, ou
fazer uma listinha de possíveis investimentos para épocas diferentes da vida.
Ninguém sabe quando pode ser lançado subitamente para o passado...
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