sexta-feira, 22 de julho de 2011

Torchwood - Rendition (4x02)


Torchwood - Rendition (4x02)


A situação de Torchwood no momento é curiosa. A série está completamente sem identidade. Isso não quer dizer que esteja ruim, apenas que não se parece mais com ela mesma e tampouco ganhou cara própria. Por enquanto é um amontoado de acontecimentos. A maior parte deles são bons de assistir, mas falta à série aquele algo mais que conecte o espectador ao que está sendo mostrado em tela.

Neste segundo episódio vimos que a CIA está atolada até o pescoço na perseguição aos remanescentes da Torchwood, chegando ao ponto de se livrar de seus próprios agentes pelo simples fato de que tiveram algum contato com a agência britânica.

A forma como tem procedido, no entanto, tem sido um desastre total. Em qualquer série de respeito, Esther teria sido capturada antes de fugir do prédio. Mas Torchwood não é uma série de respeito, muito pelo contrário. Ela brinca justamente com o seu lado trash e absurdo que, no final das contas, foi o que sempre me agradou. O problema começa quando essas cenas absurdas contrastam com a aparência de seriedade que esta 4ª temporada tenta nos passar.

Antes os defeitos especiais e ajeitadinhas nas situações eram completamente esperadas, afinal, Torchwood é filha de Doctor Who e todo mundo sabe que Doctor Who é campeã na arte das ajeitadinhas escalafobéticas e defeitos especiais. Mas é difícil aceitar (ou mesmo esperar) por este tipo de cena na nova Torchwood, porque agora a série está com um visual todo novo, com ares mais graves, grandes explosões, luta corpo a corpo, armas de peso, então eu automaticamente espero maior responsabilidade de roteiro e de interpretação, sem deixar de fora, é claro, efeitos especiais de qualidade, porque, sinceramente, não dá para olhar para aquela agente com o pescoço quebrado andando em pleno aeroporto e levar a cena a sério.

E já que mencionei a agente, é uma pena que seja Rex o novo principal da série, pois eu simpatizei bem mais com Lyn Peterfield do que com ele. Mas talvez seja porque eu goste muito mais da Dichen Lachman do que de Mekhi Phiefer (não, não é isso. Eu também prefiro a Dra. Juarez ao Rex). Outro fator é que o roteiro parece ter sido escrito para nos fazer odiar o agente Matheson. Ele é arrogante e mente fechada, e a própria postura que adota consegue me tirar do sério. Mas ganhou pontos comigo por ter parecido acreditar que Jack é diferente e pode morrer.

Esther também tem se mostrado mais inteligente do que se esperava, e eu gosto um pouco do seu jeito tímido e doce. Embora, se eu fosse Esther, nunca teria jogado a minha credencial no lixo da pessoa de quem eu roubei a outra identificação...inocência tem limites). E como ela é basicamente uma analista de informações, acho que será bom tê-la no grupo.

Aliás...quem irá pagar pelas despesas da Torchwood agora?

A tentativa de assassinato de Jack no avião foi um pouco demais, em minha opinião. Quero dizer, não a tentativa em si, mas o povo preparando o antídoto com coisas que pudessem encontrar durante o voo. Acho estranho pensar em todos mobilizados quando não têm o menor motivo para acreditar que Jack vai morrer. A única que tinha convicção disso era Gwen e ela era tão prisioneira quanto ele.

Inclusive, estava pensando...como o governo/CIA sabia que Jack poderia ser eliminado? Teoricamente ninguém morre, não?

A parte leve do episódio ficou por conta das brincadeiras com a sexualidade do comissário de bordo (e resolveram variar um pouquinho e não fizeram Jack flertar com o rapaz. Em outras eras, nem mesmo a morte iminente teria impedido o capitão). Mesmo assim, eu teria usado de um pouco mais de sutileza. Da forma como fizeram, deu a impressão de que os diálogos só estavam ali para provar que a série continuou tranquila em relação à homossexualidade apesar de ter migrado para os EUA.

Continuo gostando da interação de Jack e Gwen. Ambos estiveram bem naturais o episódio inteiro e a cumplicidade entre eles era palpável. Porém, bem compreensível que ela o culpe pelos males que acometeram sua vida desde que o conheceu, principalmente porque se sentiu abandonada por ele durante todos esses meses.

O que eu gostaria mesmo de saber é o motivo de Jack ter voltado. O universo é grande demais para ele já ter se cansado de vagar por aí.

Uma coisa que o episódio explorou bastante foi as mudanças que a imortalidade trouxe para a forma como as pessoas lidarão com as doenças e seus vários estágios, bem como acidentes e ferimentos. Tudo o que conhecíamos não se aplica mais. Não é como se a humanidade estivesse gozando da imortalidade igual a que Jack possuia (que regenerava e não envelhecia). As infecções continuam se espalhando, os vírus contaminando, e logo os remédios ou deixarão de fazer efeito, ou irão acabar, ou pior, as doenças se multiplicarão de tal forma que a humanidade inteira será contaminada.

De repente tive uma visão do inferno: a Terra cheia de humanos velhos e necrosados, mas sem conseguirem morrer.... Torchwood está nos preparando para virarmos zumbis.

Seja como for, muito pertinente as ponderações da Dra. Juarez e a cada dia eu me torno mais fã da mulher.
O personagem que, ao que parece, terá grande importância na história é o pedófilo Oswald Danes. Continuo achando Bill Pullman assustador no papel e as cenas bizarras que fazem com ele são ainda mais inquietantes. Fiquei tão incomodada quanto a mocinha da tv ao vê-lo pegando a comida feito um desvairado (embora tenha entendido seus motivos), a diferença é que eu achei a cena em que ele chora supostamente arrependido tão ridícula, mas tão ridícula, que eu teria mandado o homem tomar vergonha na cara e aprender o que é arrependimento de verdade antes de vir a público implorar perdão.

Não me entendam mal, eu acredito em arrependimento sincero e em segundas chances e acho que mesmo um pedófilo assassino como Oswald pode mudar, mas não é assim de uma hora para outra e não seriam meras lágrimas nascidas de remorso e de um jogo de perguntas que o encurralou em plena tv que fariam o personagem mais humano para mim. A mocinha da tv foi tola, assim como qualquer um que tenha se deixado convencer.

Eu comentei anteriormente que tinha a sensação de que não gostaria dos rumos que a história de Oswald tomariam, e continuo afirmando a mesma coisa. Isso não está me cheirando bem.

Outra grande questão que se apresenta qual a importância da ruiva Jilly Kitzinger para a coisa toda. Ela é muito suspeita.
Seja como for, Torchwood está livre novamente, com dois novos membros forçados, sem qualquer verba, em um país estranho e com o único homem ainda mortal no comando. Admito, estou curiosa com o que virá a seguir. E os trailers (em especial o que saiu no Reino Unido no término do primeiro episódio) só aumentam a minha ansiedade.
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Antes do fim, é preciso explicar uma coisa. A parceria com a Starz mudou sim a cara da série e ainda não sei dizer se para melhor ou pior, ou se simplesmente mudou. Mas não posso reclamar da parceria, pois se não fosse por ela, muito provavelmente não teríamos uma quarta temporada de Torchwood. E a bem da verdade é que não foi apenas a ponte USA-UK aliada a um novo canal que fez a série mudar. O próprio formato, que passou a ser serializado e não mais episódico, alterou profundamente a estrutura de Torchwood.

Eu sinto sim falta das duas primeiras temporadas, da simplicidade das cenas, dos absurdos nos quais se metiam e das formas estranhas e impossíveis com as quais se livraram e lidavam com as situações, mas eu compreendo que para a serialização as coisas teriam que mudar, e o ar mais sério foi a primeira novidade que tivemos em meio a muitas que vieram depois. Ainda estranho olhar para a Torchwood de agora, pois eu era viciada naquelas duas primeiras temporadas trash e bizarras, mas estranhar não é o mesmo que não gostar. Ninguém discute o alto nível da 3ª temporada, e até agora estou satisfeita com o que me mostraram nesta quarta. Mas que Torchwood ainda precisa reencontrar a sua identidade, ah, isso precisa.

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