domingo, 31 de julho de 2011

Torchwood: Miracle Day - Dead of Night (4x03)


Torchwood: Miracle Day - Dead of Night (4x03)



A história de Miracle Day começa a ser desvendada naquele que é, para mim, o episódio que mais tem a cara da Torchwood que eu aprendi a amar nesses últimos anos. E, talvez por isso, gostei bem mais de Dead of Night do que dos episódios anteriores. Por algum motivo ele me lembrou da primeira temporada. Creio que tem a ver com o desenvolvimento dos personagens. Foi impossível não lembrar a época que Gwen começava a entrar na loucura que é fazer parte de Torchwood. Os créditos vão para Jane Espenson, que soube trabalhar as novas aventuras ao mesmo tempo em que aproximava à série ao que ela sempre foi.

Uma boa ideia mostrar as diferenças culturais e linguísticas entre os Estados Unidos e o Reino Unido por meio de conversas divertidas entre Gwen e Esther. Além de poder rir das situações e diálogos, ainda tirei algumas dúvidas de certas expressões que teimam em fugir da minha memória. Mas sem dúvida nenhuma o diálogo que mais gostei foi de Gwen e Rex enquanto ela dirigia. É nisso que dá dois turrões discutindo.

Por falar em Rex, a interação do agente com Jack tem melhorado a cada episódio. Continua me incomodando a arrogância de Matheson, mas ele tem se enturmado com a dupla britânica e acredito que em algum ponto ele até poderá se tornar um membro efetivo da Torchwood aos meus olhos.


O que não engoli muito bem foi Rex e a Dra. Juarez na cama. Nada contra a cena, muito pelo contrário. Foi de muito bom gosto e a forma como mesclaram com Jack e o barman ficou muito bonita, o problema é que foi muito repentina (e contribuiu para que eu lembrasse do quanto odiava aquela imagem de arrogância sedutora que o personagem de Mekhi Pipher tinha em ER).

Tão repentina, que quando eu assisti à cena, perguntei aos amigos se Rex já conhecia Juarez anteriormente ou se a conheceu quando se acidentou. Não que sexo casual e inesperado seja algo tão incomum assim, mas diante da situação, ficou parecendo forçado e muito conveniente para o uso que a história teria a seguir para a Dra. Juarez.

Muito mais sentido fez a cena de Jack com o barman. Tudo bem que a cena do sexo em si poderia ter sido suprimida sem a menor diferença para o desenrolar da história (tanto que no Reino Unido ela não será exibida), no entanto foi bom observar como Jack tem reagido à sua súbita mortalidade. É bem verdade que foi uma busca desesperada por afeto e contato humano – e o desabafo íntimo com Gwen ao telefone foi tocante e triste ao seu próprio modo – mas ao mesmo tempo foi o marco inicial para o retorno da velha personalidade de Jack. Não será de uma hora para outra, mas sinto que as coisas ficarão menos sombrias para o nosso bom e velho capitão.

Ainda não sei exatamente onde mora a lealdade de Jilly Kitzinger, se ela está por dentro das verdadeiras maquinações ou não (minha aposta é a de que está enterrada até o pescoço na lama toda e, se não estiver, ficarei bem decepcionada), mas gosto da personagem e sua ruivice toda na tela. E tudo o que trouxer mais tempo em cena para a Dra. Juarez tem o meu aval. Eis uma personagem que eu gostei desde que apareceu pela primeira vez. E ela não decepcionou até agora. É inteligente, pensa rápido, adapta-se às situações e, pode ser meio improvável que justamente a médica que atendeu Rex quando o agente sofreu o acidente seja uma das pessoas procuradas por Jilly Kitzinger para fazer parte de um grupo um pouco diferenciado de médicos nesta nova situação mundial, mas eu relevo em nome do andamento da história.

Muito bom vermos Gwen indo a campo, usando as lentes (seu último pedacinho de tecnologia resgatada de Torchwood 3 – confesso que fiquei um pouco triste quando a ouvi dizendo isso...mais alguém sente falta de Myfanwy?), entrosando-se com Esther e Rex e espionando o tal encontro promovido pela Phicorp. Por outro lado, não tão bom foi vermos Jack abordando Oswald e gravando as declarações do assassino. Esse desespero que o Jack vem sentindo me dá uma aflição tão grande que cenas assim me parecem exageradas, embora perfeitamente compreensível diante de tudo o que Jack já passou.

O ponto positivo dessa conversinha entre os dois foi a confirmação de que Oswald não sente qualquer tipo de remorso (alguém acreditava mesmo que ele sentisse!?) e que gostaria de poder morrer, enquanto Jack está sendo corroído pela culpa, solidão e agora, a mortalidade.

O que não entendo é como qualquer pessoa de bom senso pode acreditar que um ser patético como Oswald Danes pode servir de relações públicas para um caso como o apresentado pelas indústrias farmacêuticas. Não faz sentido! Não há qualquer tipo de ligação entre o pedófilo assassino e remédios. E por que eu devo acreditar que o público terá empatia com um homem que estuprou uma garota para logo em seguida matá-la, simplesmente porque ele sobreviveu à injeção letal e foi colocado em liberdade (nem mencionarei os inúmeros absurdos dessa tal liberdade) e chorou diante das câmeras?  Somos mesmo tão ignorantes e fracos de mente que corremos o risco de cairmos nessa tolice?

E como finalmente toquei no assunto dos remédios, ainda estou pasma. Se a imortalidade foi engendrada por uma companhia farmacêutica querendo obter lucros com remédios sem prescrição eu terei um ataque. Porque é sem dúvida alguma o enredo mais mequetrefe que alguém poderia bolar.

Inadmissível pensar que o Governo aprovasse uma lei liberando a medicação sem prescrição médica. Uma medida como esta já levaria ao caos no estado normal das coisas, com todo mundo morrendo direitinho, imaginem em uma situação esdrúxula como a imortalidade? Porque, sou obrigada a me repetir, as doenças continuam progredindo, as pessoas envelhecendo, os membros se deteriorando, a única coisa que não acontece é a morte. Então, pensar em uma população correndo às farmácias a cada dorzinha é assustador – e viciante, provavelmente.

O povo não sabe o que tem, qual a melhor medicação, o que faz mal ou que faz bem, e nem sempre o que aparentemente te cura, não te mata ainda mais rápido com algum efeito colateral. E ainda há a problemática das bactérias se fortalecendo e criando resistência à medicação, o que levaria as pessoas a procurarem por outros remédios ou a caírem nos hospitais com doenças sem novas curas estabelecidas, e assim haveria a superlotação e o surgimento agressivo de doenças há muito controladas ou mesmo doenças sequer vistas.

Não enxergo onde está a vantagem neste quadro, nem mesmo para uma empresa como a Phicorp. Eles têm a vantagem inicial, já que aparentemente sabiam do excesso de vida que assolaria o planeta e se prepararam com medicação em tonéis (supondo que não sejam os verdadeiros responsáveis pela nossa condição, porque essa ideia seria tão ridícula que não quero nem aventar a possibilidade), mas não têm como garantir que realmente sairão ganhando dessa nova situação legal. O povo não toma uma única medicação. As pessoas não são exatamente fiéis a uma indústria farmacêutica ou a um tipo de remédio. O povo compra o que é mais barato, o que foi recomendado pelos amigos, e sempre acaba mudando em algum ponto, seja porque não faz mais efeito, seja por quaisquer outros motivos. E, se o roteiro tiver o mínimo de bom senso, uma lei absurda como a da liberação de medicação nunca passaria pelo Congresso.

Nossa esperança é a de que, com certeza deve ter alguma maquinação alienígena por trás de tudo (é Torchwood, afinal de contas). O que faz lembrar-me do primeiro episódio de The Sarah Jane Adventures (saudades), que também contava com uma invasão utilizando-se de uma grande indústria.

Uma coisa que chamou a atenção de Jack e que provavelmente é importante e deve ser observada com mais cuidado e esta vivacidade dos mortos. Os nossos imortais não são como Jack, que se curavam. Eles continuam defeituosos, mas cheios de vida e consciência, sendo-lhes negado qualquer tipo de descanso reparador. Qual o objetivo de cobrir-nos de imortalidade, não nos dotar de regeneração, e ainda assim espalhar em cada humano uma vitalidade excessiva e inexplicável?

Gostaria de dizer que são por essas dúvidas que voltamos a cada semana assistir a série, mas não é nada disso, pelo menos não comigo. Eu volto religiosamente porque quero saber mais dos personagens e suas motivações. Se tiver uma ótima história sendo desenvolvida enquanto isso, muito melhor. Mas sou sincera ao dizer que tenho sentido falta de um toque mais alienígena à coisa toda. Tudo está muito pé no chão, cheio de problemas empresariais, conspirações financeiras e engodos governamentais. Está na hora dos nossos amiguinhos espaciais espaço darem às caras e dizerem a quê vieram. Só assim para a Torchwood s/nº fazer o que sabe fazer de melhor: proteger a humanidade da ameaça que vem do espaço.

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