Eu sou fã de Agatha Christie desde a adolescência. Lembro que devorei inúmeros livros em pouquíssimo tempo, porque se tem uma coisa que a autora sabe fazer, é envolver o leitor. Não é sem razão que ela é considerada a Dama do Crime.
Mas nem os melhores são perfeitos sempre e O Inimigo Secreto é prova disso. Tommy e Tuppence (também protagonistas de outros três livros e algumas outras histórias) são sem dúvida nenhuma os detetives mais sem sal criados por Agatha Christie. Eles tem a seu favor que a cada livro estão mais velhos e, portanto, menos tolos, e O Inimigo Secreto é apenas a primeira aventura dos dois, mesmo assim é difícil acompanhá-los página a página.
Aqui, Tommy e Tuppence são apresentados como jovens desempregados que se reencontram alguns anos após a guerra e decidem montar a sociedade Jovens Aventureiros Ltda. e, por acaso, vêem-se diante de uma investigação que pode mudar os rumos do Reino Unido. Para isso, precisam encontrar a jovem Jane Finn, desaparecida após o bombardeio do navio RMS Lusitania, e que acredita-se estar na posse de documentos que podem afundar a Inglaterra em um caos inimaginável.
O grande problema do livro é que ao casal falta carisma - ou pelo menos à Tuppence - e inteligência. Acostumada ao brilhantismo de Poirot e a perspicácia serena de Miss Marple, fica difícil acompanhar a falta de bom senso do casal e o ego inflado de Tuppence. E ainda pior são os elogios constantes que o casal recebe dos outros personagens por atos que para mim parecem no mínimo infantis.
Aos diálogos falta um toque de veracidade, tudo soa muito pomposo e fictício, difícil imaginá-los ocorrendo com pessoas reais. E a forma como todos são crédulos demais, como os personagens contam mais com a sorte do que com o cérebro e como se deixam engambelar por dissimulações tão claras, acabam tirando o brilho da história para o leitor.
Entretanto, se há uma coisa que Agatha Christie faz bem - inclusive neste livro - é manter o seu criminoso bem escondido até o final. Você desconfia, na verdade desconfia até demais, sem conseguir olhar para alguém sem duvidar, mas só vai saber quem realmente está por trás de tudo no final. E me agrada ter acertado. Coroada de incertezas, tamanhas as idas e vindas dos personagens, mas o que importa é que apostei minhas fichas no criminoso certo.
Mas fico feliz de serem poucos livros com o casal Beresford, não sei se teria ânimo para aguentar a personalidade daqueles dois por muito tempo.
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Sim, eu sei que o livro não estava na lista original do Desafio de Férias, mas já que li o bendito, por que não incluí-lo? (Confesso que comecei alguns meses antes, mas tinha empacado ainda no início e resolvi renovar os meus ânimos e terminá-lo a tempo de participar do Desafio. Como li mais de 80% em dezembro, vale, não vale?)
2 comentários:
eu confesso que não sou muito fã do casal, também... :o/ mas esse inda é o melhorzinho deles.
Esse é o melhorzinho? Vixe...
Eu não lembro dos outros, li alguns quando era adolescente, mas faz muito tempo, só recordo mesmo deles existirem. Agora, se esse já foi fraquinho, tenho até medo dos outros.
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