quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Desafio Literário/Férias - O Inimigo Secreto (Agatha Christie)

Eu sou fã de Agatha Christie desde a adolescência. Lembro que devorei inúmeros livros em pouquíssimo tempo, porque se tem uma coisa que a autora sabe fazer, é envolver o leitor. Não é sem razão que ela é considerada a Dama do Crime.
Mas nem os melhores são perfeitos sempre e O Inimigo Secreto é prova disso. Tommy e Tuppence (também protagonistas de outros três livros e algumas outras histórias) são sem dúvida nenhuma os detetives mais sem sal criados por Agatha Christie. Eles tem a seu favor que a cada livro estão mais velhos e, portanto, menos tolos, e O Inimigo Secreto é apenas a primeira aventura dos dois, mesmo assim é difícil acompanhá-los página a página.
Aqui, Tommy e Tuppence são apresentados como jovens desempregados que se reencontram alguns anos após a guerra e decidem montar a sociedade Jovens Aventureiros Ltda. e, por acaso, vêem-se diante de uma investigação que pode mudar os rumos do Reino Unido. Para isso, precisam encontrar a jovem Jane Finn, desaparecida após o bombardeio do navio RMS Lusitania, e que acredita-se estar na posse de documentos que podem afundar a Inglaterra em um caos inimaginável.
O grande problema do livro é que ao casal falta carisma - ou pelo menos à Tuppence - e inteligência. Acostumada ao brilhantismo de Poirot e a perspicácia serena de Miss Marple, fica difícil acompanhar a falta de bom senso do casal e o ego inflado de Tuppence. E ainda pior são os elogios constantes que o casal recebe dos outros personagens por atos que para mim parecem no mínimo infantis.
Aos diálogos falta um toque de veracidade, tudo soa muito pomposo e fictício, difícil imaginá-los ocorrendo com pessoas reais. E a forma como todos são crédulos demais, como os personagens contam mais com a sorte do que com o cérebro e como se deixam engambelar por dissimulações tão claras, acabam tirando o brilho da história para o leitor.
Entretanto, se  há uma coisa que Agatha Christie faz bem - inclusive neste livro - é manter o seu criminoso bem escondido até o final. Você desconfia, na verdade desconfia até demais, sem conseguir olhar para alguém sem duvidar, mas só vai saber quem realmente está por trás de tudo no final. E me agrada ter acertado. Coroada de incertezas, tamanhas as idas e vindas dos personagens, mas o que importa é que apostei minhas fichas no criminoso certo.
Mas fico feliz de serem poucos livros com o casal Beresford, não sei se teria ânimo para aguentar a personalidade daqueles dois por muito tempo.

****
Sim, eu sei que o livro não estava na lista original do Desafio de Férias, mas já que li o bendito, por que não incluí-lo? (Confesso que comecei alguns meses antes, mas tinha empacado ainda no início e resolvi renovar os meus ânimos e terminá-lo a tempo de participar do Desafio. Como li mais de 80% em dezembro, vale, não vale?)

2 comentários:

naomi disse...

eu confesso que não sou muito fã do casal, também... :o/ mas esse inda é o melhorzinho deles.

Mica disse...

Esse é o melhorzinho? Vixe...
Eu não lembro dos outros, li alguns quando era adolescente, mas faz muito tempo, só recordo mesmo deles existirem. Agora, se esse já foi fraquinho, tenho até medo dos outros.

Postar um comentário