Sinopse: Sookie Stackhouse se vê às voltas com o desaparecimento de seu namorado, o vampiro Bill Compton, supostamente sequestrado por humanos. Na sua busca, correndo perigo, a garoçonete telepata é levada até o Club Dead, bar exclusivo de vampiros e outras criaturas do além. Para ter acesso ao clube, contará com a ajuda de um charmoso lobisomem, com quem pode surgir algo mais do que a simples solidariedade... Terceiro e eletrizante livro das Crônicas de Sookie, que inspirou a terceira temporada da série True Blood, da HBO.
Livro: Clube dos Vampiros (Club Dead)
Autora: Charlaine Harris
Editora: Benvirá
Tradução: Índigo
Nº de páginas: 254
E a minha saga em meio aos livros da série Sookie Stackhouse continua., e agora começa a minha indignação com a péssima escolha de capas escolhidas pela Benvirá. Alguém pode me explicar por que usaram uma imagem da série de tv (True Blood) para ilustrar a capa do livro, quando nada corresponde com nada? Quero dizer, Jéssica (a vampira ruiva do lado direito, embaixo) não existe nos livros, Lafayette (o negro do lado direito) está morto desde o livro passado e Tara (a negra, em pé aos fundos) não é negra e sequer demonstra conhecer Sam, sem falar que tem uma participação ínfima neste livro. Aliás, mesmo Jason e Sam mal aparecem. Se querem abocanhar os fãs da série para alavancar a leitura tudo bem, mas façam de outra forma...encartes ou capa falsa, não me obriguem a olhar para essa droga toda vez que pego no livro. Principalmente porque eu não gosto da escolha dos atores na série de tv. Não acho que eles retratem bem os personagens com a personalidade e físico com o qual são descritos nos livros.
Dito isso, tentarei ser mais sucinta desta vez, pois na minha última resenha eu escrevi demais e ficou tudo muito enrolado. Também não farei muitas comparações com a série de tv, simplesmente porque apaguei essa sofrível terceira temporada da memória. Então vamos falar do livro, que é um dos meus preferidos na série dos Vampiros Sulistas.
Tudo parecia que ia bem em Bon Temps, depois dos acontecimentos em Dallas e com a conclusão da investigação da morte de Lafayette. Bill vinha ajudando financeiramente os Bellefleur por baixo dos panos (porque eles não são muito fãs de vampiros) e Sookie se ressentia levemente pela boa vontade do namorado em ajudar os descendentes que nem o aceitavam, enquanto ela beirava a miséria e ele nunca lhe ofereceu nenhum tipo de ajuda monetária. Não que ela quisesse, afinal, era sua namorada e não sua amante ou prostituta, mas seria bom que ele oferecesse alguma ajuda, pois demonstraria que estava preocupado com o bem estar dela e, principalmente, que percebia o estado de penúria no qual Sookie vivia.
Mas Bill não tinha bom senso e tampouco vinha se mostrando muito carinhoso nos últimos tempos. Até o dia que avisou que precisaria viajar para Seattle e deixou sob a responsabilidade de Sookie o seu computador e pediu que ela não o mencionasse a ninguém. Até aí tudo bem, não fosse a garota receber subitamente a visita de Pam, braço direito de Eric, dizendo que veio protegê-la a mando do vampiro louro. E depois ainda foi atacada no Merlotte's por um lobisomem (o qual foi morto por Bubba, que continuou a vigília de Sookie após a partida de Pam), o que deixaria qualquer um com a pulga atrás da orelha.
E se o livro já estava bom, começou a esquentar de vez. Eric avisa que Bill desapareceu e ele vinha fazendo algum trabalho para a rainha da Louisianna (pois é, além de Xerifes, os vampiros também tem reis e rainhas), então Eric precisava encontrá-lo com urgência, antes que descobrissem que um dos seus vampiros tinham desaparecido e ele acabasse sendo punido pela rainha. Como Eric achava que Bill havia sido capturado por alguém no Mississippi, ele precisava da ajuda de Sookie para tentar encontrá-lo. Ela só precisava saber de um pequeno detalhe antes: Bill não tinha ido para Seattle. Na verdade, o vampiro tinha 'fugido' com Lorena, uma vampira com quem manteve um relacionamento por longos anos e por quem, provavelmente, tinha abandonado Sookie.
Nada fácil para uma mulher descobrir, mas Sookie tem um coração de ouro, é apaixonada por Bill e estava disposta a resgatá-lo, mesmo que o mandasse pastar depois. E assim Sookie Stackhouse foi para o Mississippi acompanhada do lobisomem Alcide, que a auxiliava a mando de Eric, a quem devia um grande favor.
É interessante como a vida de Sookie era bastante normal até conhecer Bill. Nunca tinha ido para um hospital ou ficado doente (costumava dizer que é saudável como um cavalo), suas maiores complicações eram as cantadas dos homens no bar onde trabalhava e não tinha muitos pretendentes, já que todo mundo a achava meio louca (a telepatia e tudo o mais) e ela mesma não conseguia engatar em um relacionamento, já que ir para a cama com um homem sabendo cada coisa que ele pensava na hora H não era uma coisa muito animadora. E então Bill apareceu e junto com ele os problemas. Sam, seu chefe há 5 anos, criou coragem para declarar seus sentimentos pela garota, ela conheceu Eric - que parecia bem interessado em levá-la para a cama e provar do seu sangue, e agora o lobisomem Alcide, que embora curasse as feridas do término de um namoro complicado, sente-se inevitavelmente atraído à telepata. Como Sookie é uma mulher perfeitamente normal, ela obviamente sente-se atraída por cada um deles, mas de formas diferentes. Alguns é coisa de corpo mesmo, outros é uma mistura de sentimentos, mas a verdade é que cada um mexe com a libido da garota e eu não posso culpá-la por isso. Mas seu coração pertence a Bill, ou pelo menos pertencia até ele a trocar descaradamente pela vampira Lorena.
Mas feliz seria ela se os problemas que Bill trouxe para sua vida fossem só conflitos sentimentais. O que realmente incomodava Sookie é que ao conhecer o vampiro, um mundo completamente novo se abriu. Vampiros, lobisomens, shifters (mutantes), provavelmente bruxas e sabe Deus o que mais, e junto com eles vieram os conflitos das raças e seus governos, costumes e organizações. E assim, Sookie já foi vítima de um serial killer, mataram sua gata, sua avó, já foi caçada, espancada, quase estuprada e isso antes de Bill desaparecer. Depois vieram mais caçadas, espancamentos, foi estaqueada no lugar de uma vampira (o que lhe deu acesso à mansão do Rei do Mississippi e no final proporcionou a oportunidade de salvar Bill), viu mais cadáveres do que em toda sua vida, enterrou um, matou uma vampira, e ainda foi drenada e estuprada por Bill (mas a favor do vampiro tinha o fato dele estar fraco, fora de si e trancado com ela no porta malas de um carro). E quando achava que tudo tinha finalmente acabado, foi atacada em sua própria casa por um grupo de lobisomens e humanos foi tão espancada que mal conseguia se levantar no dia seguinte. Dá para entender sua decisão no final do livro.
Este terceiro livro traz algumas passagens que são claras alusões às dificuldades que as mulheres enfrentam com agressões e abusos domésticos (não apenas físicos, mas também psicológicos), sem terem a força para se livrarem desses relacionamentos abusivos. Sookie percebe que ficar com Bill está lhe fazendo mal, mas não consegue simplesmente largá-lo, pois não apenas o ama, mas é o primeiro homem de sua vida e quem abriu as portas para toda uma gama de sentimentos e sensações físicas que até então eram desconhecidas para ela. Mas o preço disso foram mais ferimentos do que seria normal para uma pessoa ter em toda uma vida, quem dirá em menos de um ano de namoro. Tudo bem que o próprio Bill não era responsável direto pelos machucados que Sookie sofreu, mas era a vida que ele levava (ou o monstro que era) que acabou trazendo para a garota toda uma gama de infortúnios. E por isso as decisões que a garota vai tomando no decorrer do livro tem um peso bem importante, em especial na capacidade de demonstrar que ela pode sim se livrar desta situação e que nada justifica o sofrimento que vem lhe sendo imposto contra a sua vontade.
Acho legal o caráter da garota. Ela sabia que se fosse verdade que ele a trocou, eles não poderiam ficar juntos, mas isso não significava que ela o quisesse morto e por isso foi atrás dele arriscando a própria vida para salvá-lo. E quando ele a atacou por estar muito fraco, trancafiado no porta malas de um carro, incoerente e sem conseguir distinguir muita coisa, ela lutou por sua vida, mas não o acusou de algo que ele não tinha controle. Não foi culpa de Bill que Sookie estivesse trancada no mesmo porta malas quando ele despertou (na verdade, a culpa foi da ex de Alcide), e assim que ele restabeleceu suas faculdades mentais normais, percebeu quem era que estava atacando e fez o possível para ajudá-la.
Mesmo assim, os acontecimentos em Jackson, Mississippi, foram a gota d'água para a paciência já esgotada de Sookie. Ela descobriu dentro de si uma pessoa muito mais forte do que julgava ser, mas também percebeu que era a sua própria dona e não devia nada a ninguém e portanto não precisava ficar se sujeitando aos desmandos vampíricos ou sobrenaturais. E por isso fez o que toda pessoa que sofre abuso físico ou psicológico deve fazer: mandou todos para fora. Literalmente. Rescindiu o convite tanto de Bill quanto de Eric para sua casa e ficou em paz. E o mais legal: ainda tinha o computador de Bill (com o trabalho que o levou a ser capturado) sob o seu teto, ou seja, era a única com acesso aos arquivos de todos os vampiros dos Estados Unidos. Nem mesmo Bill, Eric ou a própria Rainha da Louisiana poderiam entrar em sua casa para pegá-lo.
Confesso que foi um prazer todo especial vê-la terminar o livro rindo. Muito.
E aqui faço só um adendo em relação à tradução. No original lobisomem é werewolf, os seres sobrenaturais são chamados de super (supernatural), os mutantes como Sam ou Debbie (a ex de Alcide) são shifters. É difícil imaginar a tradução para o português. Índigo optou por chamar os were de Lobis, os super de sobre, os shifters de mutantes, mas confesso que ficou muito estranho aos meus ouvidos. Não deixa de ser correto, mas é estranho mesmo assim. E quero ver como eles farão com os werepanters e outros 'were' que ainda irão aparecer. Não dá para simplesmente chamá-los de 'lobis'.
Outro adendo: imperdível a cena em que Eric restabelece as forças de Sookie com o seu sangue (o que torna a relação do vampiro com a telepata ainda mais estreita). Assim como ele flertando com Bernard (ou 'Cachinhos') para garantir a execução do plano de Sookie para libertar Bill.
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