Sinopse: Quarto livro da série As Crônicas de Sookie Stackhouse. Depois de um ano conturbado ao lado do namorado, o vampiro Bill Compton, Sookie toma uma importante resolução: não se meter em confusões com vampiros. Considerando que seu namoro com Bill chegou ao fim, Sookie imagina que não será difícil... Porém, nesta nova aventura, ela terá de enfrentar uma legião de bruxas wiccas viciadas em sangue de vampiro, encontrar seu irmão e dar abrigo ao desmemoriado Eric Northman, o charmoso vampiro cuja cabeça foi posta a prêmio.
Livro: Procura-se um Vampiro (Dead to the World)
Autora: Charlaine Harris
Editora: Benvirá
Tradução: Índigo
Nº de páginas: 287
A quarta temporada de True Blood (HBO) estreará neste domingo, 26 de junho. Em preparação para a estréia, resolvi reler todos os livros que deram origem ao seriado. Ou pelo menos todos os que já saíram em português (foram cinco, mas o que será tratado nesta temporada da série é o quarto).
Eu sou fã dos livros e, embora os tenha conhecido depois da série, cheguei a conclusão de que são muito melhores do que sua contraparte televisiva. É claro que cada um tem o seu valor, mas os livros têm mais consistência no desenvolvimento das histórias e no caráter dos personagens. O problema é que eu digo isso há anos e ficar repetindo o mesmo discurso é apenas chover no molhado e depois de um tempo perde a graça.
Não sei quem já viu o trailer da nova temporada de True Blood, mas parece que teremos bruxas, vampiros desmemoriados, lobisomens, panteras e o terror dos terrores, fadas. O livro traz os mesmos assuntos, mas se as temporadas anteriores for uma indicação de como a coisa será conduzida, já adianto que o desenvolvimento da história será muito diferente, apesar dos temas semelhantes. E também aviso que os parágrafos a seguir estarão recheados de spoilers do livro. Sintam-se avisados.
Procura-se um Vampiro é, por enquanto, o livro menos empolgante dos quatro. Não tenho muita certeza do motivo, mas desconfio que tenha a ver com a amnésia de Eric. A idéia de um vampiro poderoso como Eric, desmemoriado e indefeso devido a um feitiço pode parecer interessantíssima, ainda mais quando ele é colocado sob os cuidados de Sookie, que recentemente terminou seu namoro com Bill. Mas infelizmente um Eric sem memória não é a mesma coisa que um Eric em seu estado normal. Vê-lo partilhando a cama da ex de Bill não traz um prazer tão grande quando ele está todo inseguro e cavalheiro. O que eu quero (e imagino que todos os fãs também) é ver Sookie ceder aos encantos da personalidade forte e dominadora do Xerife da área 5. Como foi feito, parece enganação. E isso é tão verdade que a própria Sookie abdica de ter uma vida ao lado do vampiro desmemoriado por achar que seria falso.
Mas se a história de Eric e Sookie no seu ninho de amor não é tudo aquilo que se esperava (mas não se desesperem! Ainda há muita areia para encher este caminhãozinho nos próximos livros), o restante da trama não deixa a desejar. Tudo gira em torno de um ataque de bruxas que decidiram que querem o controle de Fangtasia e de Eric. O problema é que entre as bruxas há mutantes, lobisomens, e humanos viciadas em sangue de vampiros (e, portanto, com super força e tudo o mais). O envolvimento dos lobis acaba levando Sookie a reencontrar Alcide e, por conseqüência, a conhecer mais alguns membros da comunidade sobrenatural de Shreveport.
Bill está fora da jogada, já que Sookie não o perdoou por sua traição e ele viajou para o Peru continuar seu trabalho para a Rainha. Eric está morando na casa de Sookie e a ela foi prometido um pagamento de 50 mil dólares (devidamente negociados por Jason) por cuidar do vampiro. Mas se as noites são de Eric, os dias são todos dela para tentar descobrir quem são as bruxas, onde estão reunidas, quais os lobis envolvidos na trama toda e onde foi parar o seu irmão, já que Jason desapareceu no dia seguinte ao que negociou com os vampiros o pagamento de Sookie.
Sobre as fadas pouco é dito. Na verdade, elas são mencionadas tão sutilmente através da presença de Claudine salvando Sookie em um momento e passando informações sobre as bruxas , que você quase deixa passar o fato em branco. Infelizmente o povo que assiste True Blood não terá a mesma sorte, já que a série escancara as fadas (de forma extremamente purpurinada) desde a temporada passada.
Há algumas coisas neste livro que eu gosto particularmente. Uma delas é o carinho e a preocupação que Sookie tem pelo irmão. Jason nos livros é extremamente egoísta, mas não um idiota como é feito na série de TV, e se importa de verdade com a irmã, assim como Sookie se importa com ele. O desespero da garota tentando encontrá-lo, sem saber se foi raptado pelas bruxas ou atacado por um animal na floresta (ou ainda alguma outra coisa pior e desconhecida) é bem real. E ela faz de tudo para encontrá-lo, pois se tem uma coisa a respeito da garota que não pode ser negada é a sua lealdade.
Outra coisa que vale muita a pena é Pam. A vampira é muito prática e o seu comportamento sempre arranca risadas minhas quando estou lendo. A forma como coloca Eric sob os cuidados de Sookie e como a força a entrar na batalha final contra as bruxas sem qualquer pudor ao mesmo tempo em que deixa claro que Eric só tem valia para eles se recuperar a memória diz muito sobre a personalidade da vampira. Assim como na TV, Pam é uma das melhores personagens do livro, apesar de ser totalmente coadjuvante.
Também gosto muito como Sookie age diante das situações. Muitas vezes ela é forçada a tomar algumas atitudes e decisões e o faz sem pensar duas vezes e depois lida com as conseqüências, que geralmente não são agradáveis. Foi assim quando matou Lorena para se salvar ou precisou lidar com Debbie Pelt, que não a perdoava por ter sido o motivo de Alcide renegá-la (‘renegar’ um outro lobis ou mesmo um mutante é um ato extremo e terrivelmente vergonhoso , e Alcide só o fez por descobrir que Debbie não apenas participou da tortura a Bill na mansão do Rei do Mississipi como também foi a responsável por Sookie ter ficado presa com um vampiro machucado e sedento no porta-malas de um carro). Mas o legal mesmo é ver Sookie com seus conflitos morais e religiosos. Muitas vezes ela pensa ou age completamente ao contrário do que considera ser a atitude de uma pessoa de bem (ainda mais com a criação que teve da avó) e então fica ponderando se Deus a perdoará ou não por certas coisas que faz e pensa. Eu acho muito bem feita essa dualidade da garota. Ao mesmo tempo em que ela tem um coração gigante, sempre disposta a tudo pelo bem estar dos outros, ela também consegue desligar a moral comum e dizer um ‘ainda bem que ele morreu’ sem pestanejar.
Se há uma coisa que realmente vale a pena nos livros é a mente de Sookie. Infelizmente na TV não temos a oportunidade de vermos os pensamentos da garota e ela parece apenas mais uma jovem tolinha do interior, totalmente encantada por Bill e que por acaso consegue ler mentes – quando se lembram do seu poder, é claro – mas a verdade é que Sookie tem um senso de humor bem ácido e não gosta nem um pouco de se fazer de coitadinha. Pode até cair no choro mais vezes do que considera saudável, mas nunca se faz de fraca por causa de umas míseras lágrimas. Uma das ocasiões que ilustram bem a personalidade da garota é quando faz o seu pedido de ano novo:
“Só desejo não apanhar. Não quero parar no hospital. Não quero ir a médicos”. E acrescenta só na sua mente “Também não quero ter que beber sangue de vampiro, coisa que cura a gente no ato, mas tem efeitos colaterais medonhos”. E termina o pedido com “De modo que minha resolução é não me meter em confusões”.
Se lembrarmos de tudo o que Sookie passou até agora, em especial enquanto tentava salvar Bill, dá para entender perfeitamente a resolução de ano novo da garota.
O livro ainda trás vários outros acontecimentos interessantes, mas qual a graça em se contar tudo? O que é preciso saber é que este livro pode até não ser o mais legal dos lançados até agora (embora a partir do momento que o grupo se prepara para a batalha contra as bruxas há um aumento de interesse e fluidez na leitura que é impressionante), mas o que acontece nele traz repercussões bem sérias para todos os outros que ainda virão.
Até hoje não entendo como alguém pode acompanhar True Blood e não ter começado a ler os livros da Charlaine Harris ainda...
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* Se na resenha passada eu reclamei da capa de Clube dos Vampiros, acho que tenho direito em dobro de reclamar da capa de Procura-se um Vampiro. Que coisa mais horrível! Os personagens mostrados na capa não têm nada a ver com personagem algum do livro e a fonte utilizada no título e no nome da autora são péssimas. Sem falar que dá vergonha mostrar o livro para alguém. Parece que é um estilo totalmente diferente do que ele realmente é. Onde está o bom senso desse povo das editoras!? Se eu já não tivesse lido em inglês, nunca que compraria Procura-se um Vampiro ao vê-lo nas estantes da livraria.
Um comentário:
adorei a sua resenha!! muito esclarecedora, escrevi uma pro meu blog também e linkei a sua, porque a achei muito boa
www.estranhomundinhoinsano.blogspot.com
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