Sinopse: Quando seu antigo chefe e mentor é preso por assassinato e deixado para apodrecer atrás das grades pela sua própria raça, Mercy Thompson ( mecânica e shapeshifter) decide limpar o seu nome, quer ele queira ou não. Ao mesmo tempo ela precisa escolher entre os dois lobisomens da sua vida, correndo o risco de perder o outro para sempre.
Livro: Iron Kissed
Autora: Patricia Briggs
Editora: Berkley Publishing
Nº de páginas: 287
Demorei um pouco para ler o terceiro livro da série Mercedes Thompson, o que é incompreensível. A autora escreve muito bem e os personagens são bastante cativantes, o que me força a culpar a quantidade maluca de livros que vivem caindo nas minhas mãos (sem falar nas séries de TV) para eu ter demorado tantos meses para continuar a ler a série.
Gosto de Mercy porque ela é uma heroína de pulso. Ela não se deixa dominar mesmo quando a natureza da sua espécie a instiga a se submeter ao macho dominante. Mas não é a simples rebeldia que a faz lutar, mas sim porque aprendeu o seu lugar no mundo e não quer abdicar da pessoa que é para seguir cegamente a ordem de alguém.
E se tem uma coisa que Mercy não faz neste livro é seguir ordens que não julga adequadas cumprir. As fadas deixam bem claro que ela deve se afastar dos seus negócios ou acabará com uma sentença de morte, mas a lealdade que sente por Zee, seu antigo mentor e amigo (e também uma fada que consegue manipular o ferro e é extremamente poderoso), faz com que continue sua busca pelo verdadeiro culpado pelo assassinato do agente da BFA (a agência que regula as fadas no país), já que sabe que Zee é inocente e que serve apenas como bode expiatório dos Gray Lords, a alta hierarquia das fadas.
É particularmente interessante observar como Mercy se envolveu em enrascadas no último ano da sua vida. Ela, que sempre procurou viver à margem de todos os problemas envolvendo criaturas sobrenaturais (apesar de ser uma ela mesma), se viu em um looping sem conseguir se afastar. Primeiro foram os lobisomens que a forçaram a se envolver e para salvá-los ficou devendo um favor aos vampiros das Tri-Cities (Moon Called), depois foi forçada a pagar o favor e precisou emprestar algumas relíquias das fadas para matar um vampiro possuído por um demônio (Blood Bound) e agora chegou a vez das fadas (ou melhor, Zee e Uncle Mike) cobrarem o favor e fazer Mercy usar os seus dons de coiote e farejar a pessoa que vinha matando fadas dentro da Reserva.
Como nada é fácil quando você se envolve com o mundo sobrenatural, Mercy se viu atolada até o pescoço em problemas e mais problemas. E como se não bastasse, sua indecisão para escolher entre Adam (o lobisomem Alfa) e Samuel (filho do Marok e seu primeiro amor) acabava enfraquecendo os lobisomens.
E antes de continuar, sintam-se avisados que terá spoilers da conclusão dos acontecimentos no livro.
Eu particularmente gostei da forma como lidaram com a situação da indecisão amorosa de Mercy. Nos livros de Briggs o romance nunca é o foco principal, embora ele apareça o suficiente para agradar os leitores e parecer bastante crível na vida dos personagens. Por dois livros Mercedes se viu dividida entre Adam e Samuel, pois realmente amava aos dois, mas não conseguia pensar em se submeter completamente à vontade de nenhum deles. Por isso achei legal ela perceber que havia realmente se apaixonado por Adam e que embora fosse amar Samuel pelo resto da vida, ela não suportaria viver sob as asas protetoras dele. Adam podia ser um Alfa e portanto dominante e possessivo, mas ele permitia a individualidade dela. Com Samuel ela jamais poderia ser ela mesma, pois ele não suportaria deixá-la se expor a quaisquer riscos e ela era dona demais do próprio nariz para conseguir ser feliz em um relacionamento assim. Mas o bom mesmo é que o lobo em Samuel percebeu que havia perdido esta batalha e abriu mão de Mercy e ela precisou apenas lidar com suas próprias reservas com Adam.
O livro tem uma dose suficiente de mistérios com o assassinato do agente da BFA e o motivo que o levou a matar as fadas dentro da Reserva. E não teme em mostrar que as fadas não são flor que se cheire. São criaturas que se ressentem dos humanos e que não dão muito valor a nossa vida, mas isso não quer dizer que são todos malignos e que devem ser expurgados.
O que mais me incomoda é a última parte da história. A trama não foi mal escrita ou algo parecido, mas não gosto de recorrerem a uma trama tão manjada para mostrar a fragilidade e posterior força da personagem. Mercy sempre foi forte e decidida, mas sabia quando precisava de ajuda. Não era necessário sofrer um estupro para percebermos isso. Mesmo assim foi bem escrito e crível, já que o antagonista era um rapaz com sérios problemas de auto-afirmação e a atitude dele era uma demonstração clara de como muitas pessoas agem quando sentem a necessidade de provar que são melhores do que as outras. Mas eu particularmente senti muito por Mercedes, pois um estupro quebra algo dentro da pessoa e é um dano irreparável, embora o tempo e a ajuda certa auxiliam a vítima a lidar com as consequências.
Não sei se me sinto realizada com o final do livro, onde Mercy escolhe Adam e finalmente vai para a cama com o Alfa. Era o que eu queria desde o início, mas algo em mim sente que tudo o que ela passou deixou uma mancha de dor e sofrimento que nem mesmo o amor de Adam poderá apagar. Ou talvez seja eu quem nunca conseguirá esquecer. Uma personagem passar por algo assim é algo que eu não gosto de ver.
O legal é que a série ainda tem mais três livros já lançados (e infelizmente só tenho um deles):
Outra coisa que chamou a minha atenção é que as aventuras de Mercedes Thompson ganharam uma versão em quadrinhos, mas com história inédita. Parece que virou moda.
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