Sinopse: Um experimento científico começa, e, no momento que apertam o botão, o inexplicável ocorre: todas as pessoas ao redor do mundo caem no sono por alguns instantes e a consciência de todos é lançada mais de 20 anos no futuro. Ao final desses instantes, quando o mundo acorda, toda a vida humana é transformada por esses minutos de presciência.
Livro: Flashforward
Autor: Robert J. Sawyer
Editora: Tor Books
319 páginas
Dizer que comecei a ler Flashforward porque conhecia a reputação do livro seria mentir descaradamente. Eu resolvi ler o bendito quando o encontrei por acaso na livraria, pura e simplesmente porque havia assistido a série de TV e, ao contrário da maioria, tinha gostado bastante.
Eu sabia que a série havia apenas usado o livro como inspiração, ou seja, muita coisa foi alterada, mas não imaginava que fossem tantas coisas assim. Enquanto na TV o enfoque é mais investigativo e policial, sendo os personagens principais do FBI e a razão do acontecimento que gerou a visão precognitiva desconhecida e, portanto, era esse o combustível que movimentava os personagens, no livro o tom é completamente outro.
O que temos aqui são dois cientistas do CERN (o centro de pesquisas de partículas, localizado em Genebra) que estão prestes a conseguir reproduzir o Bóson de Higgs (aqui explica melhor...física não é minha praia). O que não esperavam é que no momento exato do seu experimento toda a população mundial caísse desacordada e a consciência do agora fosse transplantada para 21 anos no futuro, mais especificamente, 23 de outubro de 2030.
Lloyd Simcoe (sim, o mesmo da série de TV, mas aqui um personagem muito mais interessante e bem construído), chefe do experimento, visualizou a si mesmo bem mais velho, casado com uma total desconhecida, que não a sua noiva Michiko. Ela, por sua vez, viu a si mesma no Japão, conversando com a filha de apenas 7 anos de idade e que obviamente ainda não foi gerada. Já Theo Procopides, o jovem grego que era o segundo cientista responsável pelo experimento, não teve visão alguma, o que levou a conclusão natural de que ele não estaria vivo em outubro de 2030.
Depois de checarem com outros grandes centros de pesquisas do mundo, o CERN chegou a conclusão de que foi o seu experimento que causou o apagão. Como (ao contrário da série de tv) não havia qualquer tipo de gravação feito no momento, já que todos os instrumentos de gravação pararam de funcionar, não tinha como afirmarem com certeza de que eram o motivo, mas as probabilidades eram muitas e por isso Lloyd veio à público.
Sendo primeiramente uma obra de ficção e não um livro de aventura, Flashforward se preocupa em mostrar
como reagem as pessoas ao tomarem conhecimento dos seus futuros. Lloyd crê na teoria de que que o passado, presente e futuro fazem todos partes do agora e que não há como qualquer presciência influenciar nos acontecimentos, e portanto tem dificuldades em avançar no seu relacionamento com Michiko, pois sabe que um dia estará casado com outra. Já Theo entende a ilusão do livre arbítrio, mas precisa acreditar que pode alterar o futuro para prevenir a própria morte. E tantos outros discutem quais as atitudes corretas a tomarem agora que conhecem o futuro. E não são apenas as decisões pessoais, mas também as negociações empresariais, a economia dos países e por aí afora.
Flashforward é um livro bem mais centrado do que foi a série de TV, mais pé no chão e ao mesmo tempo filosófico. Ele se preocupa em saber as reações humanas ao conhecer o seu futuro e é disso que ele trata. Das pessoas que usam aquele relance no tempo como uma inspiração para alcançarem seus objetivos, e aqueles que usam da mesma visão para desistirem por não se sentirem capazes de chegar onde desejavam.
Outra coisa que o livro traz à exaustão são teorias físicas, as quais já considero dificílimas de acompanhar em português, quem dirá em um livro em inglês. É uma pena, mas eu não tenho uma mente voltada para as ciências exatas.
Seja como for, o livro foi uma excelente experiência e, se tenho algo a reclamar, é dos seus momentos finais. Achei desnecessária a segunda experiência e mais ainda a visão que nos foi mostrada através de um personagem. Ficção científica sim, mas era preciso mesmo mergulhar tão fundo no universo?
Mais um pequeno defeito: o autor poderia ter passado sem discorrer sobre alguns pontos de como imagina o mundo no futuro. Quero dizer, um certo tom profético não faz mal à nenhuma obra de ficção, mas quando você mexe com coisas existentes e que obviamente não seguirão esse mesmo caminho, tira um pouco da credibilidade do texto. Ou alguém realmente precisa saber quando a Microsoft irá falir?
Entretanto não posso realmente reclamar do autor. Robert J. Sawyer é uma sumidade no universo literário da ficção científica. O homem já ganhou alguns prêmios Hugo, Nebula, Aurora e teve um sem número de livros que foram finalistas. Isso dá uma certa confiança quando você começa a ler uma história.
3 comentários:
Oba, já entrou na lista de leitura (e passou na frente de alguns outros, rsrs). Gostei da resenha!
Eu também sou dos que gostaram de Flash Forward e da estupidez daquele povo que dizia cada um faz o seu destino para logo na frase seguinte dizerem, o meu flashforward foi isso e assado. foi uma bela série com uma bela premissa, só pecaram quando quiseram fazer tua à la hollywood, com acção a rodos.
Seguindo em frente, comecei a ler o livro depois de ter visto a série e de ficar frustrado com o facto de não haver uma segunda temporada, mas como o lia online, da tradução de uma equipa de boa vontade, não cheguei a acabar.
Poxa, uma pena que não tenha terminado Pentacúspide. Confesso que achei o final meio viagem total, mas valeu a pena ler tudinho. Como eu disse, o clima é bem diferente da série de TV (que eu gostava muito, diga-se de passagem), mas é muito melhor amarrado e faz muito mais sentido.
Espero que um dia você ainda consiga termina-lo.
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