segunda-feira, 30 de maio de 2011

Livro: Morto Até o Anoitecer (série Sookie Stackhouse)

Sinopse: Esqueça tudo o que você ouviu sobre vampiros. Os mortos-vivos ganharam o direito de andar livremente. Mas a liberdade de ficar fora do caixão teve seu preço: o fim da existência sedutora e das caçadas sob o luar. Em tempos de sangue sintético é preciso esforço para se adaptar. O vampiro Bill Compton está disposto a tudo para se estabelecer em sua cidade natal - até mesmo desafiar a hierarquia dos clãs vampirescos. Mas ele não contava com uma série de assassinatos inexplicáveis, com a desconfiança dos moradores locais e com seu envolvimento com uma bela - e teimosa - garçonete telepata.

Livro: Morto Até o Anoitecer
Autora: Charlaine Harris
Editora: Ediouro
Nº de páginas: 314
Tradução: Chico Lopes

Morto Até o Anoitecer é o primeiro livro da série Sookie Stackhouse (ou Série dos Vampiros Sulistas) escrita por Charlaine Harris e que deu origem ao famoso programa da HBO, True Blood.
Eu já li todos os dez livros lançados até agora, mas com todo o furor da nova temporada de True Blood que está para iniciar, bateu aquela vontade de reler. Então aproveitei que os livros estão finalmente sendo lançados no Brasil para reler a obra.
Morto Até o Anoitecer (Dead Until Dark) é originalmente de 2001, mas só chegou ao Brasil em 2007. Traduzido por Chico Lopes e lançado no mercado brasileiro pela Editora Ediouro,  foi filho único de mãe solteira. O segundo livro da série já teve outra editora (ARX), outro tradutor e só foi lançado em 2009.
Como já faz algum tempo que li o primeiro volume em inglês, não posso fazer uma comparação muito justa, mas a sensação que eu tive é a de que a tradução para o português deste primeiro livro não foi uma das mais felizes. Não é ruim, mas também não é perfeita (se é que existe tradução perfeita). E há alguns erros de digitação que são incômodos. Nada em demasia, mas são perceptíveis.
Entretanto, se há algo em que a Ediouro acertou foi a capa. Acho belíssima e, por ser anterior a esta modinha que pegou nas capas atuais - já perceberam como todos os livros tem capas parecidas? Mal dá para distinguir uma série da outra! - ela é diferente e original. Não tem  muito a ver com a história (mar? lua? morcego? Acho que só a lua é mencionada no livro e ainda assim brevemente), mas passa o clima certo para o leitor.
Caso os fãs de True Blood se interessem (e deveriam) e resolvam ler o livro, fiquem ciente de que a primeira temporada da série segue quase fielmente Morto Até o Anoitecer. É a partir da segunda temporada que a coisa degringola e vira um balaio de gato. Mesmo assim, eu disse 'quase' fielmente. As diferenças estão ali, saltando aos olhos até do leitor/espectador mais desatento.
A maior das diferenças é a personalidade dos personagens. Eles podem parecer os mesmos, mas não são. Sookie é muito mais forte, determinada e inteligente nos livros (e muito mais solitária também). Ela sabe que está entrando em um mundo estranho, mas se adapta rápido e mesmo quando tem medo (e ela é um ser humano como qualquer outro, com medos muito reais) ele nunca é mais forte do que o seu caráter ou a sua necessidade de agir. E ela não se submete, nem a Bill nem a ninguém, a menos que isso seja do seu interesse (o que não dá para chamar realmente de submissão).
Uma coisa que eu acho interessante em Sookie é como ela é forte e ao mesmo tempo é humana. A capacidade que esta garota tem de chorar é inigualável. As vezes chega a aborrecer a facilidade com a qual ela cai em lágrimas, embora, quando paramos para pensar, qualquer um de nós choraria exatamente como ela com as coisas que tem que enfrentar. Mas sabermos que nós somos fracos e choramos até com revistas em quadrinho é uma coisa, ver esse nosso defeitinho escancarado na personagem é outra completamente diferente. E mesmo assim, isso não diminui a força da personagem. Porque Sookie chora sim, mas nunca é vencida pelas lágrimas ou se entrega à dor ou ao medo. Ela sempre reage, sempre luta, e sempre fixa um sorriso no rosto e vence. Mas o mais importante, Sookie não tem medo de pedir ajuda, o que não a impede de arregaçar as mangas e fazer o que tem que ser feito sem depender dos outros (principalmente dos homens).
O vampiro Bill é outro que sofreu grande mudança na transposição para a telinha. Aquele negócio de vampiro apático, com raiva do que é, triste e amuado não existe nos livros. Bill é sério sim, compenetrado, mas tem plena consciência de que é um monstro, que vampiros são diferentes dos seres humanos, pensam e agem diferente e não tenta esconder isso. Não fica com ares de coitado nem se desculpa pelo que é, muito pelo contrário. Bill busca a companhia de seus pares e dá umas escapadinhas de vez em quando para sugar um pescoço alheio (afinal, sangue sintético pode até sustentar, mas não é nada saboroso), o que não o impede de também tentar a normalidade da vida entre os humanos. Ele é com certeza muito mais agradável como personagem no livro do que na série (sem contar que é muito mais novo do que sua contraparte na tv, já que ele conta que foi vampirizado aos 30 anos de idade). Apesar de tudo isso, eu admito que não gosto do vampiro Bill. Não acho que ele faça bem para a Sookie. Talvez como amigo, mas não como namorado.
Já Sam é um caso à parte. Eu o amo na tv e o amo nos livros, a despeito de serem completamente diferentes. Neste primeiro livro Sam ainda está criando coragem para entrar na vida privada de Sookie e só o faz quando a concorrência (aka Bill) chega primeiro. Ele mesmo admite que foi o fato de ver como Sookie aceitou tranquilamente a um vampiro em sua vida, que lhe deu coragem para abrir o jogo e contar à garota que ele é um shifter. Tudo bem que a ocasião que ele escolheu não foi a mais apropriada...mas até que Sookie reagiu bem ao fato de dormir com um collie na cama e acordar abraçada com o seu chefe nu.
O que eu mais gosto em Sam é que ele não tem vergonha do que é ou mesmo raiva, ele apenas é e pronto. Sem confusões, nervosismos ou segredos obscuros...pelo menos até agora.
E Jason Stackhouse....pode até ser o mesmo mulherengo da série de tv, mas tem um carisma bem maior. E por mais que Sookie tenha implicância com o irmão e o ache incrivelmente egoísta (bom, ele é), ele me parece bem mais inteligente na literatura do que na tv. Talvez tenha algo a ver com o seu intérprete, não sei. Mas é por isso que eu escolhi rostos totalmente diferentes daqueles que True Blood nos apresenta para imaginar os personagens no livro.
Os assassinatos que ocorrem na série também ocorrem no livro, apenas o desfecho é diferente. Não vou comentá-lo para não tirar a graça de quem for ler, mas posso adiantar que foi bem satisfatório.
De uma forma geral, Morto Até o Anoitecer é uma leitura bem tranquila, rápida e fácil de fazer. Admito que este primeiro livro é um pouco simplório e quem não está acostumado com narrativas em primeira pessoa acaba estranhando, mas a leitura acaba engrenando e a partir do segundo livro as coisas ficam bem, bem melhores. 
Allan Ball, diretor de True Blood, disse uma frase (que está estampada na capa dos livros seguintes) que é completamente verdadeira: "Impossível de largar. Os livros de Harris são daquele tipo que você pensa: 'Vou ler só mais um capítulo antes de dormir'. E acaba lendo sete".
Eu diria que a coleção Sookie Stackhouse (ou Vampiros Sulistas) deveria ser obrigatória para todo o fã de True Blood, ou de vampiros em geral, ou simplesmente fãs de boas histórias e personagens com conteúdo. Verdade seja dita, até aqueles que abandonaram a série de tv (ou pensaram em abandonar) por conta das embrulhadas das últimas duas temporadas, deveriam dar uma chance aos livros, pois a base pode ser comum, mas o desenvolvimento é completamente diferente.

***
Em tempo, um dos achados da série dos Vampiros Sulistas é Bubba, o 'cara de Memphis'. Uma pena que ele não tenha como aparecer na telinha.


[Edit] Eu escrevi o review especialmente porque queria comentar uma coisa e acabei esquecendo. É um pouco spoiler caso você não tenha lido o livro, mas...eu preciso desopilar. É algo que, de certa forma, é essencial para o futuro da Sookie, ou pelo menos como eu vejo o futuro da garota.
O livro começa a tratar sobre a hierarquia vampírica. São pequenas pinceladas, e nós leitores somos introduzidos ao mundo que rege esses seres sobrenaturais juntamente com Sookie. E com ela somos apresentados a Eric Northman, vampiro bem mais antigo, mais forte e mais poderoso do que Bill, e que é sócio do bar Fangtasia. Ele acaba descobrindo a telepatia de Sookie e a convoca para ler a mente de seus empregados a fim de descobrir quem fez um desfalque no caixa do bar. A garota descobre que foi um dos vampiros sócio de Eric e por consequência é atacada para se manter calada. 
E aí que mora a grande diferença: enquanto em True Blood quem salva Sookie é Bill e como punição por matar um vampiro precisa criar outro (é como nasce a adorável baby-vamp Jessica), no livro quem salva Sookie é Eric e só bem mais tarde descobrimos sua punição (que eu não vou mencionar não por suspense, é porque não lembro mesmo). Pode parecer uma pequena mudança, mas muda completamente a dinâmica dos personagens nas histórias que estão por vir. Sem contar que a baby-vamp Jessica não existe nos livros.
Outra coisa é que para garantir a vida dos funcionários humanos que está interrogando, Sookie faz um acordo com Eric, onde se compromete e trabalhar para ele sempre que solicitada (usando seus dons de telepata). Não é pouca coisa, já que ela de livre e espontânea vontade se colocou nas mãos do vampirão louro. Isso ainda dará pano para manga.

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