segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Livro: City of Ashes (The Mortal Instruments - Book 2)

Sinopse: Clary Fray só queria que sua vida voltasse ao normal. Mas o que é "normal" quando você é uma Caçadora de Sombras assassina de demônios, sua mãe está em um coma magicamente induzido e você de repente descobre que criaturas como lobisomens, vampiros e fadas realmente existem? Se Clary deixasse o mundo dos Caçadores de Sombras para trás, isso significaria mais tempo com o melhor amigo, Simon, que está se tornando mais do que só um amigo. Mas o mundo dos Caçadores não está disposto a abrir mão de Clary - especialmente o belo e irritante Jace, que por acaso ela descobriu ser seu irmão. E a única chance de salvar a mãe dos dois parece ser encontrar o perverso ex-Caçador de Sombras Valentim, que com certeza é louco, mau...e também o pai de Clary e Jace.
Para complicar ainda mais, alguém da cidade de Nova York está matando jovens do Submundo. Quando o segundo dos Instrumentos Mortais, a Espada da Alma, é roubada, a aterrorizante Inquisidora chega ao Instituto para investigar, e suas suspeitas caem diretamente sobre Jace. Como Clary pode impedir os planos malignos de Valentim se Jace está disposto a trair tudo aquilo em que acredita para ajudar o pai? (Galera Record)

Livro: City of Ashes
Série: The Mortal Instruments (book 2)
Autora: Cassandra Clare
Editora: Simon & Schuster
Nº de páginas: 496

Posso dizer uma coisa sobre a série Os Instrumentos Mortais: quando você começa a ler, não consegue mais largar. Eu devorei os dois primeiros livros e estou morrendo de vontade de ler os próximos. E City of Ashes é muito bom, delicioso mesmo de ler. E ainda melhor do que o primeiro livro da série, que eu já havia gostado bastante.

Jace está bem mais palatável neste livro. Sua arrogância característica ainda está ali, e no início dá vontade de dar uma surra no garoto (embora eu entenda seus motivos), mas a autora o humaniza bastante ao longo da história. Ou fui eu que me acostumei com o seu jeito de ser (também pode ser isso). A única coisa que continua me irritando em Jace (e isso não é bem defeito dele, mas sim de como a autora resolveu escrever as coisas) é que ele está sempre por perto de Clary, é o único capaz de protegê-la etc. Quero dizer, a garota é teimosa, supostamente irmã dele, o pai é o causador de todo o mal, mas por que ele vai para a batalha com ela e deixa Alec e Izzie no Instituto? Por que nunca é um dos outros Shadowhunters que acompanham Clary? Isso me tira do sério, essa necessidade que a autora tem de sempre colocar Jace e Clary juntos em tudo quanto é situação importante.

Ainda sobre Jace, não gosto quando ele se refere ao pai como Valentine. Não importa o que o ex-Shadowhunter tenha feito, Jace passou a vida inteira chamando-o de 'pai' e só porque agora descobre que o seu nome verdadeiro é Valentine ele começa a se referir a ele desta forma? Se fosse o meu pai, eu não conseguiria começar a chamá-lo por qualquer outro nome assim, de uma hora para outra.

É bem verdade que Jace não faz isso sempre, mas mesmo nas poucas vezes eu fico incomodada.

Outra coisa que me incomoda é como Clary espera que Jace odeie o pai simplesmente porque descobriu que ele é na verdade Valentine, o tão famoso Shadowhunter que organizou o levante e desapareceu com a Taça 15 anos atrás. Clary odiá-lo é compreensível, afinal, ela nunca o conheceu e ele é o responsável por sua mãe estar em coma e ela estar metida até o pescoço no mundo sobrenatural, mas Jace? Tudo bem, Valentine foi um pai rigoroso, mas Jace o amava profundamente. Eu não conseguiria odiar o meu pai de repente, não importa o quão terrível eu descobrisse que ele na verdade era. Querendo ou não, Valentine é o homem que cuidou de Jace durante 10 anos, esteve presente nos momentos mais importantes de sua vida, e mesmo tendo forjado a própria morte, cuidou para que Jace fosse criado por pessoas que fossem cuidar dele de verdade e aceitá-lo como se fossem seus. Tudo bem, não foi totalmente altruísta a atitude de Valentine, mas o resultado foi o mesmo e isso é o que importa. Não me conformo com o egoísmo de Clary neste ponto em particular.

E já que estou discutindo Clary e Jace, vou meter o dedo na ferida. Não me desce esse amor todo que um sente pelo outro. Eles se conheceram há cerca de 3 semanas (pelo menos no início do livro é por aí o tempo que passou), ninguém ama tanto em tão pouco tempo.

Vejam bem, eu acredito em amor à 1ª vista. Ou melhor, em conexão à 1ª vista, mas creio que, se uma semana depois você descobre que a outra pessoa é seu irmão ou irmã, você consegue refrear o sentimento. O amor verdadeiro vem com a convivência, de início é só uma forte conexão, que pode abalar a sua estrutura, mas que se não criar raízes não se torna amor. Ela só fica profunda e eterna se for alimentada, se for refreada tão cedo, essa conexão é perfeitamente controlável e ajustável e não se torna amor. Não o amor de verdade.

Mesmo assim, não sou totalmente contra o relacionamento de Clary e Jace. Não é a minha preferência, mas eu consigo aceitar. É bem verdade que eu prefiro que cada um encontre a sua pessoa especial em outro lugar, mas se é para os dois ficarem juntos (o que parece ser a intenção da autora), que seja feito com coragem, para quebrar tabus, com os dois realmente irmãos. Mas algo aqui dentro de mim me diz que a autora não é assim tão desbravadora e corajosa e chegará o dia em que eles descobrirão que não são irmãos e esse dia eu muito chorarei.

Inclusive, preciso fazer uma reclamação da última cena dos dois no livro. Que cena mais cliché!! Totalmente desnecessário aquilo. Odeio quando alguém vai dizer uma coisa e o outro te corta e você desiste de abrir o seu coração. É uma das coisas mais patéticas que o povo tem mania de enfiar nos filmes e livros com romance envolvido. 

Mas não se enganem! Eu estou aqui refletindo e ponderando sobre Clary e Jace, mas isso não quer dizer que eu não tenha gostado do livro, muito pelo contrário. A autora conduziu a história com maestria, desenvolveu mais os outros personagens, tivemos a oportunidade de conhecer outros pontos de vista além de Clary e isso foi muito rico para a história em si. Sim, Clary e Jace são o foco, mas também pudemos ver um pouco do que pensam Simon, Alec, Luke e por aí afora. Tem coisa melhor do que isso?

E já que toquei no nome de Simon, eis um garoto que me levou ao desespero. Eu sou fã de vampiros, fã mesmo, mas meu coração se quebrou em mil pedacinhos quando Simon foi transformado. Primeiro porque eu não gostei dele deixar de ser humano (mas esse desconforto passou depois de um tempo, principalmente porque Simon continuou sendo Simon, apesar da transformação e isso muito me agradou), mas o maior motivo foi a forma como a autora conseguiu me deixar apavorada e triste com a transformação do garoto. Foi a primeira vez que isso aconteceu comigo. A regra é que eu adore quando alguém é vampirizado, mas ver Simon morrendo, ler o ritual do "renascimento"... nunca me senti tão triste. Achei bem forte a cena dele sendo enterrado e cavando o seu caminho para a liberdade, acordando sedento e monstruoso a ponto de atacar Clary 'e não se importar'. Não entendo como pode ter leitor que não ame Simon...

Para finalizar, vamos falar do meu casal preferido. Alec e Magnus. É interessante observar como os tempos estão mudando. Dez anos atrás não veríamos um casal homossexual em um livro juvenil (não um que fosse normal, saudável e feliz). Sim, a autora não mostrou ainda nenhuma cena mais picante entre os dois (mas escreveu a cena do primeiro beijo e postou no seu site. Recomendo a leitura), mas demonstra muito bem o carinho que um sente pelo outro, como Magnus realmente se importa com Alec, e como Alec ainda está confuso com esta situação, pois é (e sempre foi) apaixonado por Jace e agora está saindo com um warlock de mais de 300 anos de idade.

Aliás, fiquei decepcionada quando li que Magnus tem mais de três séculos de vida mas aparenta 19 anos. Desde o início eu visualizei o warlock como um homem na casa dos 28, 30 anos e não um guri de 19. Fico com a sensação de que para os americanos tudo bem o cara ter 300 anos de vida e namorar com um guri de 18 se ele aparentar 19 anos, mas Deus me livre se ele tiver 300 anos e aparentar 30, isso seria o fim! É um pouco hipócrita isso, já que o que realmente importa são as experiências que ele já teve, a maturidade que adquiriu e o quanto pode influenciar a vida e os pensamentos de alguém tão mais jovem.

Seja como for, estou com sérios problemas para mudar a minha imagem mental de Magnus...

Agora estou aqui, roendo as unhas de ansiedade para ler City of Glass. Ponto para a autora, que conseguiu criar uma série literária cheia de aventura, com pitadas de romance, desenvolvimento dos personagens e que instiga o leitor, fazendo-o desejar avidamente pelo próximo livro e não dar graças a Deus por ter conseguido terminar aquele.

***************
Em português:

Livro: Cidade das Cinzas
Série: Os Instrumentos Mortais (vol. 2)
Autora: Cassandra Clare
Tradutora: Rita Sussekind
Editora: Galera Record
Nº de Páginas: 406

Nenhum comentário:

Postar um comentário