terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Review: Terminator: The Sarah Connor Chronicles – Today is the Day (Parte 2)

Texto originalmente postado no site Teleseries (2009).





Série: Terminator: The Sarah Connor Chronicles
Episódio: Today is the Day – Parte 2
Temporada: 2ª
Número do Episódio: 28 (2×19)
Data de Exibição nos EUA: 20/3/2009
Data de Exibição no Brasil: 26/4/2009
Emissora no Brasil: Warner

Faltando apenas três episódios para o final da temporada, e infelizmente da série, Terminator: The Sarah Connor Chronicles começa a responder suas questões e criar outras tantas, sendo algumas bem desconfortáveis. As principais dizem respeito a John Connor no futuro, e Cameron em qualquer tempo de sua existência.

Talvez eu não deva dizer ‘criar’ outras dúvidas, mas sim desenvolvê-las, já que elas vem pipocando desde o início, mas nunca com tanta ênfase quanto nesse episódio.

A maior delas é sobre a existência de John no futuro. O líder da resistência ainda está vivo? Kyle o conhecia pessoalmente, o mesmo vale para Derek, mas desde que ambos foram enviados para o passado, muita coisa mudou. Kyle veio de um futuro onde a resistência estava vencendo e apenas por isso a Skynet enviou um exterminador de volta no tempo. Entretanto, Derek matou Andy Goode e mudou parte desse futuro (que já havia mudado por duas vezes, com a morte de Dyson e o pulo dos Connor mais Cameron oito anos ao futuro). Jesse (a que nunca conheceu Andy) diz que as máquinas estão em todos os lugares, em todas as bases, ocupando posições de destaque. Connor é um líder quase mítico, inacessível, e tão próximo a uma exterminadora (Cameron) que ninguém mais tem certeza se ele ainda luta pelos humanos ou se sua prioridade já mudou. Isso, se ele ainda estiver vivo, já que Cameron comenta friamente que falar com ela é o mesmo que falar com Connor.

Ou será que John tem uma visão tão ampla da coisa toda que pode se dar ao luxo de buscar tratados de colaboração com as máquinas, pois já vivenciou muito mais do que qualquer outro membro da resistência? É bem verdade que ele sabe que pode viver lado a lado com um exterminador e, querendo ou não, Connor sempre teve uma grande afinidade com máquinas. A resistência vê as máquinas apenas como os exterminadores da humanidade, mas Connor sabe por experiência própria que algumas dessas máquinas podem ser diferentes, e, creio eu, há sim uma terceira facção nessa história: máquinas que não buscam a destruição dos humanos, embora o façam se assim for preciso para alcançar seus objetivos.

Sarah perguntou a Cameron o motivo de John tê-la enviado para o passado. Embora eu tenha sentido uma grande vontade de torcer o pescoço de Sarah naquele momento, confesso que tenho a mesma dúvida. Se Cameron era tão essencial para John no futuro, seu braço direito a ponto de falar com ela ser o mesmo que falar com ele, por que ele a enviou para longe? Para conhecê-la no passado? Os seus atos no futuro dependem desse conhecimento prévio e mesmo a intimidade que os dois mantêm na juventude de Connor? Ou é porque percebeu que a influência dela é tão grande, que apenas longe da exterminadora ele pode ser livre para lutar a guerra a seu modo e vencer? Ou ainda, não foi Connor quem a enviou, mas ela veio por ordem de alguma outra pessoa/máquina com um plano desconhecido? E se assim foi, esse plano é pró-humanidade, contra-humanidade, ou uma terceira resposta, um meio termo de coexistência?

Eu confio plenamente na Cameron e no seu desejo de salvar o jovem John. Entendo que ela enfrentaria qualquer coisa, mesmo sua destruição pelo bem estar do garoto. Mas não confio, e nunca confiei, nos seus motivos mais íntimos. Eu não acredito que proteger John seja sua única missão. Ela escolheu a imagem de Allison por alguma razão específica, ela proporcionou seu encontro e captura por Connor (pelo menos assim eu entendo), ela se permitiu ficar em posição de confiança máxima do líder da resistência. Por quê? O que se esconde verdadeiramente no chip da exterminadora?

Mas volto a falar de John e Cameron mais tarde, pois sinto que preciso falar de Jesse. Eu odiei a personagem desde a sua primeira participação, mas foi impossível não me comover nesse episódio. Estou tão acostumada a ver uma Jesse inexpressiva e irritante em tela, que vê-la sorrindo, sofrendo e deixando suas emoções transparecer, fez-me perceber o quanto ela é bonita e porque Derek se apaixonou por ela. (Edit: desta vez meu ódio por Jesse não foi tão extremo quanto das outras vezes que assisti. Não sei bem se porque já sabia o que a motivava ou se é porque na época que eu vi eu lembrava demais da personagem da Stephanie Jacobsen em Battlestar Galactica, de quem eu não gostava nadinha).

Gostei muitíssimo das cenas na piscina e a menção de Riley sempre acompanhá-la. Mesmo que não tivessem os flashbacks, seria possível perceber que Jesse estava sofrendo. Matar Riley não foi fácil, o depois não estava sendo fácil, e ela só se mantinha de pé porque tirava forças das lembranças do que aconteceu no Jimmy Carter. E o interessante é que não foi vingança que motivou a mulher. Ela viajou no tempo porque sua dor foi tão profunda que ela precisava mudar esse futuro. Não impedir a Skynet, isso seria impossível, mas sim impedir que as malditas máquinas tivessem tanto controle sobre a própria resistência, que ela acabaria perdendo sua tripulação, seu submarino, o homem que amava e, pior, o filho que nem sabia que carregava.

Muito boa a trama no submarino. Já mencionei outras vezes, mas é muito interessante ver a confiança irrestrita que Jesse tinha em Queeg. E o robô era uma máquina no pior sentido da palavra. Ele não era como os exterminadores que John teve ao seu lado. Ele era tão racional que me dava nos nervos. Mesmo assim ela confiava plenamente nele, gostava do ciborgue e só o tirou do comando por não ter alternativa, porque no fundo não queria ultrapassar a autoridade do capitão. E é irônico que no fundo, os prováveis responsáveis pelo aborto que Jesse sofreu, foram seus companheiros de tripulação e não uma máquina.

Mas quem pode culpar a tripulação por sua paranóia? É bem verdade que eles desobedeceram uma ordem direta do capitão, mas eu também não gostaria de empreender uma viagem quase suicida sem ao menos saber qual o propósito, ou pelo menos ter algum humano perto de mim que o soubesse. Tudo bem, Connor sabia, mas ele estava lá longe, não havia como confirmar qualquer coisa. Nada impedia que Queeg estivesse trabalhando contra a resistência. Afinal às vezes eles se tornam maus, não?

E a metal líquido dentro da caixa não deixou uma primeira impressão muito agradável, embora eu tenha achado interessante que ela precisasse de uma base humana inicial para transmutar. A pergunta é o que ela estava fazendo trancafiada em uma caixa no meio de uma base inimiga (mas não tão inimiga já que eles pareciam estar obedecendo ordens de Connor). Porque sendo ela uma máquina, nada a impedia de estar simplesmente andando por ali, não? Ou ela foi capturada pelas máquinas ‘aliadas’?

E qual a real importância da metal líquido para a história? Até agora a única que conhecemos em Sarah Connor Chronicles é Catherine. Serão elas a mesma máquina? O que Weaver tem feito aqui no passado? Está contra ou a favor de Connor? Está cooperando com a resistência ou lutando contra ela? Ou seguindo sua própria agenda?

John Henry tem se desenvolvido a olhos nus. E eu mordi minha língua (e já falei isso antes), pois se odiava o Dillahunt como Cromartie, eu o adoro como John Henry. Não poderia estar melhor. A forma como sua moral está sendo construída, dividido entre o conhecimento supremo e as distorções tanto de Ellison quanto de Catherine, e mesmo assim captando a essência da vida, seja humana ou não. Uma hora sua história se cruzará com Connor. O que eu quero saber é o que resultará disso. A criação da Skynet? A força que a resistência precisava para ser vitoriosa? A tal terceira facção? Quem será John Henry na história da destruição da humanidade?

Mas o melhor de tudo mesmo foi ver o crescimento de John Connor. O garoto não é tolo, embora tivesse lutado contra seu futuro com unhas e dentes. Ele percebeu quem era Riley, deu a ela a chance de se explicar, compreendeu que não foi Cameron quem a matou (adorei vê-lo se desculpando com ela e não com a mãe), mas principalmente entendeu Jesse. E é verdade, ambos teriam que viver com a morte de Riley nas costas, pois no fim, a culpa era de ambos. Connor não mata por matar. Nem agora nem no futuro. Gostei da atitude do rapaz. Mostrou maturidade, decisão e força. Se preciso fosse ele enfrentaria Jesse, mas não achava necessário. Entretanto ele demonstrou que a sua mudança já começou. O garoto finalmente cresceu e o líder está nascendo.

Derek não foi tão compreensível. Ou talvez tenha sido, ninguém sabe ao certo. Jesse pode estar morta ou não, embora eu creia que esteja. O triste é que ele nunca soube a motivação da namorada. Nunca soube que ele seria pai e que essa oportunidade foi arrancada deles antes mesmo de qualquer um dos dois ter a chance de saber.

Eu senti por Jesse nesse episódio. Eu senti pelo que sofreu no Jimmy Carter, senti por sua angústia diante de Cameron no futuro, senti por sua desesperança ao ouvir John dizer que não faria diferença se tivesse sido Cameron a matar Riley, mas principalmente senti pelo seu desespero e dor ao ver Derek empunhando aquela arma. É possível alguém gostar de outra pessoa só no momento de sua morte? Porque foi o que aconteceu comigo e Jesse.

Por fim, mas não menos importante, muito forte a cena de John finalmente sucumbindo e chorando no colo da mãe. Assim como Sarah desabou alguns episódios atrás nos braços do filho, agora foi a vez do garoto tirar a máscara e se permitir sentir por completo. Só assim ele poderá ser o líder que a humanidade precisa.

Dúvida: Cameron mostrou que a mão esquerda ainda tem leves tremores. Depois segura o pombo com as duas mãos e não o mata. Qual o sentido nessa cena? A exterminadora ainda está defeituosa ou tem jogado com o psicológico de mãe e filho?

Nenhum comentário:

Postar um comentário