terça-feira, 8 de novembro de 2011

Review: Terminator: The Sarah Connor Chronicles – The Tower is Tall But the Fall is Short

Texto postado originalmente no site Teleséries (2008).



Série: Terminator: The Sarah Connor Chronicles
Episódio: The Tower is Tall But the Fall is Short
Temporada: 2ª
Número do Episódio: 15 (2×06)
Data de Exibição nos EUA: 20/10/2008
Data de Exibição no Brasil: 9/12/2008
Emissora no Brasil: Warner

The Tower is Tall But the Fall is Short foi um episódio revelador e emocionante. Não teve uma única parte que tenha me deixado cansada ou entediada. Cada segundo em tela foi importante e extremamente relevante para o desenvolvimento dos personagens e conseqüentemente dos futuros episódios.

A figura utilizada para o desenrolar dos acontecimentos no episódio foi o psiquiatra Dr. Boyd Sherman. Coincidentemente o bom doutor foi procurado por dois inimigos que ainda não se conhecem: os Connor e Catherine, cada qual por seu motivo. Os Connor querem saber porque o nome do médico está escrito em sangue na garagem da família. Já Catherine o procura na tentativa de ajudar a filha, que obviamente tem alguns problemas desde a morte do pai. 

E o mais interessante para mim foi saber que a pequena Savannah é afinal apenas uma garotinha mesmo, cuja mãe infelizmente foi ‘trocada’ por uma T1001. E Catherine pode ser a eficiência em pessoal, mas maternal ela definitivamente não é. Mas todo o esforço que ela tem feito para parecer mais humana, para se aproximar da filha e para ser aos olhos do mundo a mulher de quem ela tomou a aparência, chamou a minha atenção.

O episódio também mexeu com um ponto nevrálgico na vida dos Connor, que é a condição psicológica de John. Que o garoto sempre foi diferente da maioria ninguém questiona, mas nesta temporada ele parece ter assumido com todo vigor juvenil o seu papel de aborrecente. Mas ouvindo suas conversas com o psiquiatra dá para ter uma noção de como a vida do garoto é opressiva. Ele não se sente seguro. A mãe não o deixa sentir-se seguro. As máquinas também não. O futuro que ele sequer viveu já traçou os seus passos para o presente. Não é de se admirar as atitudes que ele toma algumas vezes.

Conversando com o Dr. Sherman podemos perceber que a pressão que a Sarah coloca sobre o filho é tamanha, que mesmo querendo ele simplesmente não consegue falar com ela. E cá entre nós, nem adiantaria, pois o sermão seria sempre o mesmo.

Talvez a cena mais importante do episódio inteiro tenha sido o suposto acidente com a arma. É engraçado como Sarah é super protetora o tempo inteiro, mas tão cega quanto quase todas as mães. Ela fecha os olhos quando não sabe lidar com uma situação e simplesmente faz de conta que a situação não existe. Infelizmente ela existe e John está se matando por dentro e se não conseguir externar a angústia que vem sentindo, é muito provável que acabe tirando a própria vida de verdade. Ou alguém ainda acha, depois de visualizarmos a cena brutal do garoto matando Sarkissian para salvar a mãe, que John realmente não tentou se matar naquela hora no quarto? Mesmo que tenha sido de forma inconsciente?

É por isso que eu gosto da Cameron. Ela não fecha os olhos. Ela quer John Connor vivo, e para isso ela jogou as informações do abalo psicológico do garoto por duas vezes de forma muito clara: a primeira ao mencionar as tentativas de suicídio que sempre começam como supostos acidentes, e depois ao dizer que talvez o nome do médico estivesse na parede porque ele ajudasse John.

O mais interessante é que ao mesmo tempo em que o Dr. Sherman ajudou John, ele também foi vital para a compreensão da inteligência artificial desenvolvida pela Zeira Corps. O que me leva a perguntar mais uma vez qual o objetivo verdadeiro de Catherine? E qual o motivo da exterminadora que lutou com Cameron (e perdeu) ter sido enviada para o Dr. Sherman? Eliminá-lo? Garantir sua segurança? Impedir que ele trabalhasse para a Zeira Corps? Haverá duas facções de máquinas no futuro?

E totalmente alheio a todos os acontecimentos opressivos na residência dos Connor, estava Derek, desfrutando a vida pré-apocalíptica, com um prazer desconhecido por nós que temos as coisas como certas e garantidas. E foi assim, sem mais nem menos que ele cruzou com uma conhecida do futuro. E não era qualquer uma, mas alguém com quem ele se importava, talvez até amasse.

Jesse contou uma historinha de deserção para explicar sua presença em 2008, mas teria algum sentido alguém que se sente sufocado pelos acontecimentos voltar no tempo justamente para um período tão próximo do Dia do Julgamento? E o que significam aquelas fotos tiradas de Derek e John? Qual é a verdade que Jesse esconde?

E é justamente a soldado do futuro que me fez pensar em algo uma vez mais. Jesse fala que tem metal em cada lugar ‘nesses dias’ e que as vezes eles surtam e foi assim que ela ganhou aquela cicatriz. Mas lembro de Kyle Reese mencionando para Sarah em O Exterminador do Futuro que a Skynet mandou o exterminador eliminá-la porque Connor havia levado a Resistência tão longe que não adiantaria mais matá-lo no futuro, pois a vitória seria dos humanos de qualquer jeito. Entretanto, pelo que Jesse contou (e mesmo pelas memórias de Derek), o futuro na série está tão desesperançado, que os humanos não parecem estar vencendo. Se for assim, por que mandar um exterminador para matar John? Qual a necessidade de matá-lo antes da guerra, se a Resistência é fraca o suficiente para sucumbir se o seu líder morrer durante a batalha?

Ou será que Catherine está em 2008 para garantir que, independente do surgimento de um líder como John Connor, a Skynet esteja tão preparada que não terá como ser vencida?

*****
Comentários aleatórios:

* A narração em off da Sarah está de volta! E, embora eu tenha amado o episódio como um todo, foi esse pequeno detalhe que mais me emocionou. Como eu senti falta da voz dela no início e no final!

* Confesso que tenho sérios problemas para compreender os títulos dos episódios da série e sua relevância. Do que exatamente este “A torre é alta, mas a queda é pequena” está falando?

* O roteiro ficou a cargo de John Enbom (Heavy Metal, The Tower…, Alpine Fields), cujos episódios me agradaram bem mais que muitos nestas duas temporadas (embora não tenha sido esta a opinião da maioria das pessoas com quem falei).

* Embora eu entenda a necessidade de segredo e cuidado, especialmente ao falar com um psiquiatra cujo nome está na lista gravada na parede com sangue, não vejo motivos para Sarah e John mentirem para o Dr. Sherman, quando uma meia verdade seria muito mais construtiva (como vimos no decorrer do episódio).

* Dá para acreditar que os Connor deixaram de saber sobre Catherine e a IA justamente porque John desligou a escuta para poder desabafar? O pior é que nem dá para culpar o coitado.

* É engraçado como eu odiei Shirley Manson no primeiro episódio por tê-la achado muito caricata. Nunca imaginei que um dia viria gostar tanto da personagem dela quanto gosto agora. Impagável aquela cena dela movendo a cabeça milimetricamente após os pedidos do fotógrafo.

* Digam o que quiserem, mas adorei terem explorado um lado um pouco mais humano de Derek. Ele não é apenas uma máquina humana de matar. Ele é um homem que pode amar e ser amado, inclusive de ser cegado pelos sentimentos. Quanto a Jesse, não gostei da moça.

* A atuação do Thomas Dekker tem me incomodado um pouco nesta temporada. Eu o adorava em Heroes e continuei gostando na primeira temporada de TSCC, mas algo mudou na sua expressão facial nos últimos episódios. A forma como ele mexe os olhos e move a boca parece muito artificial, o que dá um ar extremamente arrogante para John. Não sei se isso é intencional, se é problema de interpretação ou ainda se é o formato do rosto dele que está mudando (embora não seja mais um adolescente, Thomas ainda é bastante jovem para ter mudanças drásticas na estrutura facial).

* Aquela atriz que fez a exterminadora que lutou com Cameron só pode ser contorcionista. Meu Deus!

* E para finalizar, um dos motivos que me leva a conjecturar que a exterminadora (Edit: que nos créditos consta como Rosie) tenha sido enviada para proteger o psiquiatra é a forma como ela disfarça no elevador. As mortes anteriores foram aleatórias, mas próximo ao ambiente do médico ela precisava se misturar, por isso a interrupção súbita quando a família entrou no elevador. Ou é isto ou foi uma tentativa bizarra de serem cômicos.

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