domingo, 20 de novembro de 2011

Review: Terminator: The Sarah Connor Chronicles – Strange Things Happen at the One Two Point

Texto postado originalmente no site Teleséries (2008):



Série: Terminator: The Sarah Connor Chronicles
Episódio: Strange Things Happen at the One Two Point
Temporada: 2ª
Número do Episódio: 19 (2×10)
Data de Exibição nos EUA: 24/11/2008
Data de Exibição no Brasil: 17/2/2009
Emissora no Brasil: Warner

Eis um episódio recheado de implicações para futuros acontecimentos. Praticamente tudo teve importância em maior ou menos escala. Mas, sinceramente, o que eu realmente gostei foi da aproximação de mãe e filho. Acho que foi a primeira vez em muito tempo que John foi o personagem que eu acreditava que ele deveria ser. Inteligente, interessado, ligado à mãe e disposto a apoiá-la, e ainda assim cuidadoso para não abrir o seu futuro/passado para os outros. Uma pena que ele não seja sempre assim.

Sarah também esteve bem neste episódio. Sua loucura e obsessão (características que já conhecíamos de Sarah desde os tempos de Terminator 2) finalmente começam a dar as caras novamente. Não sei até onde essa implicância com os três pontos a levará, mas por ora rendeu um bom episódio.

Infelizmente para ela, a tal empresa Dakara não tinha qualquer importância para o desenvolvimento da Skynet, mas não deixou de ser interessante vê-la flertando com Alex ou mesmo se arrumando de forma mais feminina. E nos deu a oportunidade de ver Cameron falando japonês e principalmente, parecendo totalmente letal em salto alto e vestido.

É engraçado que mesmo após todo esse tempo, ainda não consiga enxergar Sarah em Lena Headey (Edit: Registre-se que, dois anos depois, continuo não enxergando). Não consigo ver a loucura e a força da personagem na interpretação da atriz. Quando olho para ela, tudo o que vejo é uma mulher fraca e cansada, já sobrecarregada com o destino que o futuro lhe impôs. Isso me incomoda.

Quanto aos japoneses que tentaram enganá-la, fiquei sensibilizada pelo garoto no final. Eu entendo que o pai queria o melhor para o filho, mas não deve ter sido fácil para ele ver que o próprio pai não apostava em seu sucesso. Por outro lado, é complicado para um pai perceber que o filho é brilhante, mas não ter a capacidade de acompanhá-lo ou mesmo compreendê-lo. Tenho a sensação de que Sarah sofre o mesmo dilema com John. Ou deveria, se John fosse mais como deve ser.

Talvez por este motivo eu tenha gostado particularmente deste episódio, pois tive a oportunidade de ver o verdadeiro John Connor. Até suas cenas com Riley não foram de todo mal.

E por falar em Riley, creio ter ficado bastante claro que ela e Jesse vieram juntas do futuro e que a missão dela é se aproximar de John. A dúvida é se o motivo é realmente afastar John de Cameron. Parece que no futuro John será tão próximo de Cameron que seu julgamento está sendo afetado. Imaginem como seria com o garoto vivendo 20 anos ao lado da exterminadora. Eu posso imaginar, mas os cenários sempre mudam na minha mente. O que não tira a minha ‘pulga atrás da orelha’ quando o assunto é o Connor do futuro. O que de fato move o líder da resistência? Desejo de destruir as máquinas, ou arrumar uma forma de criar uma coexistência pacífica entre humanos e inteligências artificiais? E será que podemos confiar nas coisas que Jesse diz? Porque Derek, apaixonadamente (e munido de muita estupidez) confessa ser tio de John. Mas quais verdades ocultas são reveladas pela moça? Nenhuma. O que me faz perguntar se o plano é apenas afastar John de Cameron (Edit: Na época em que a série era exibida, havia uma teoria circulando de que o objetivo de Jesse era separar mãe e filho, mas nunca conseguiram me vender a ideia).

Ainda não decidi se Jesse e Riley têm um plano pró-John do futuro, ou um plano pró-máquinas do futuro, ou ainda um plano próprio, de benefício apenas para um pequeno grupo. A única coisa que sei com certeza é que não confio em Jesse, e Derek também não deveria (Edit: mas isso não quer dizer que eu não ache lindo a forma como ele se permite amar a desertora. Todos os momentos que conseguimos enxergar a humanidade de Derek são especiais).

Quanto à Riley, neste episódio começou a queda da personagem para mim. Eu gostava da loirinha, principalmente por ela ser um sopro de vida no dia-dia tumultuado e cavernoso de John. Mas agora….

Não é por ela ser do futuro. Para ser sincera, eu gostei bastante dessa revelação. E ela trabalhar com Jesse encaixou de forma magistral para mim. O problema é a forma como sua personalidade vem mudando. Ela deu sinais depressivos desde Mr. Ferguson is Ill Today e continuou com sua trajetória rumo ao fundo neste episódio.

Eu compreendo a angústia que a garota deve sentir, não sou uma alienada incapaz de ter empatia com os personagens. Se de fato Riley veio do futuro, sua vida foi praticamente apenas lutar contra as máquinas. Ela está vivenciando o mundo como nós o conhecemos pela primeira vez, e saber que perderá tudo e voltará para a vida de batalhas diárias não é um destino que eu gostaria para qualquer pessoa. Por isso eu compreendo sua depressão, sua explosão com a mãe adotiva e fico pensando no quanto ela teve que ser forte para simular toda aquela alegria para John até agora. E é aí que as coisas começam a dar errado em minha opinião. Era daquela Riley jovial e sorridente, sempre levando John a tomar atitudes impensadas, mas inocentes que eu gostava. Não tenho certeza se eu gosto de uma Riley ferida emocionalmente e tão pra baixo quanto o próprio John ou a mãe. Sem dúvida, para mim a personagem seria mais interessante se aquele entusiasmo todo fosse o seu eu natural, alegre por estar aqui, experimentando o que jamais acreditou ser possível experimentar.

Mas nem apenas dos Connor foi feito o episódio. Ellison continua às voltas com a Zeira Corps, e agora Catherine deu o passo definitivo: usou o corpo de Cromartie para ser a interface de John Henry, o seu ‘projeto Babilônia’. E eu que pensei que tinha me livrado do Garret Dillahunt, terei que suportá-lo por mais algum tempo. A praga sempre volta!

A tristeza é que o Dr. Boyd Sherman morreu tão repentinamente quanto entrou na história. Sua morte, aparentemente pelas ‘mãos’ sem consciência de John Henry, abriu espaço para que o ex-agente se tornasse o novo mentor da Inteligência Artificial que vem sendo desenvolvida pela Zeira Corps.

Catherine continua sendo a personagem mais misteriosa do seriado. O que de fato almeja a T-1001? Cada nova informação que ela traz parece abrir um leque para inúmeras outras possibilidades.

Pergunto-me se Ellison está se dando conta do vespeiro onde entrou.

***
Comentários aleatórios:

• Para minha alegria, Cameron fez o favor de me explicar o que significa o título do episódio. Esses títulos são sempre um ponto nevrálgico para mim. Mas, segundo ela, “Estranhas coisas acontecem entre o ponto um-dois” é um provérbio do Go (jogo que eu acho infinitas vezes mais interessante que o xadrez) que significa que as regras normais nem sempre se aplicam.

• Impagável a cena de Cameron acordando Ellison enquanto furava todo o seu jardim em busca do corpo de Cromartie.

• A conversa de Derek com John (iniciando com os três pontos e finalizando no fato de todos esquecerem sobre o que tudo aquilo, toda aquela luta realmente era) é resposta direta à conversa que Reese teve com Jesse pouco antes. John estará tomando decisões equivocadas no futuro? Estará ele enredado demais com as máquinas a ponto de não conseguir mais enxergar com clareza contra quem eles lutam? Quem é o verdadeiro inimigo? (Edit: ou será que são os humanos que não conseguem compreender que mesmo as máquinas não são todas iguais e que a única forma de vencerem de verdade é uma coexistência com aquelas que não desejam eliminar a raça humana?)

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