Sinopse: Tudo que Sophie e Jayjay precisavam era de um lugar tranquilo para que pudessem descansar e esquecer as cicatrizes do passado. O pequeno principado de Glenraven parecia ser o lugar perfeito: perdida no Norte da Itália, a cidade aparentava ter uma atmosfera mágica, cercada por gargantas profundas e montanhas quase intransponíveis. O que as amigas não esperavam é que toda aquela beleza escondesse os mais terríveis perigos.
Livro: Glenraven
Autoras: Marion Zimmer Bradley e Holly Lisle
Editora: Rocco
Tradução: Alberto Lopes
Nº de páginas: 319
Eu sou fã de Marion Zimmer Bradley desde que era criança, mas nunca tinha me interessado por ler Glenraven (não sei o porquê). Foi só nesse mês de outubro que eu passei por um sebo e dei de cara com o livro e resolvi comprar. Assim, num ímpeto meio inexplicável.
Não sabia absolutamente nada sobre o livro e tampouco conhecia a autora que co-escreveu o bendito.
Marion dispensa apresentações. Ela é autora de duas das minhas séries literárias favoritas, Darkover e Avalon. E tem tanta coisa escrita que eu não conheço nem metade. Uma pena que já tenha falecido. Há inúmeros trabalhos que não conseguiu terminar (e outras autoras estão concluindo) e ideias que não teve a oportunidade de desenvolver. Nós, fãs, saímos perdendo, mas ela com certeza deu uma bela contribuição ao mundo nos seus 69 anos de vida.
Holly Lisle eu não conheço muito. Até ler Glenraven eu sequer sabia que ela existia. Mas ela parece uma autora incansável e que também gosta muito do gênero de fantasia, ficção científica e romances paranormais. E foi só pesquisando sobre ela que eu descobri que Glenraven tem um segundo livro, In the Rift, também em parceria com Marion e que, acredito, não foi traduzido para o português.
Não sou muito fã de livros escritos em parceria. Fico incomodada por não saber quem escreveu o que. Tem várias coisas que em desagradam e não sei a quem culpar. Por outro lado, também não sei a quem dar os louros pelas coisas que eu gosto. Mas Marion gostava bastante de escrever em parceria, então não sou eu quem vou criticá-la (principalmente porque foi justamente este hábito dela que permitiu que as suas cooperadoras concluíssem ou mesmo escrevessem livros completos dando sequência às sagas que ela não conseguiu finalizar por ter falecido tão cedo).
Glenraven é um livro de fantasia que se passa nos dias de hoje. Ou quase isso. As heroínas são mulheres da nossa atualidade, no entanto Glenraven é uma pedacinho da idade média mística encravada no Norte da Itália. É uma terra fora do tempo e da nossa realidade. E é lá que as protagonistas vão passar férias sem terem a menor noção que estão sendo convocadas por magia para ajudarem o país a se libertar de uma opressora governante que já domina o povo há mais de mil anos.
Esse livro me deixou com sentimentos conflitantes. As protagonistas eram inteligentes e ao mesmo tempo muito estúpidas. Eram mulheres liberadas e de mente aberta ao mesmo tempo em que eram preconceituosas e temerosas. Mas acho que a culpa seja da época que o livro foi lançado (1996). Ninguém pode acusar Marion de preconceito (seus personagens volta e meia são homossexuais - inclusive um dos seus personagens preferidos - e as pessoas são fortes e determinadas e as mulheres são muito bem representadas), mas algumas atitudes das protagonistas meio que refletem o pensamento da época (a relação entre AIDS e homossexualidade, as mulheres que sofrem abusos domésticos que se envergonham de contar e são desprezadas pela comunidade por terem feito dois divórcios e outros exemplos do estilo).
E sinto que faltaram algumas explicações e também se aprofundarem um pouco nos personagens. Demorei quase o livro inteiro para entender como funcionada Glenraven e quem eram as raças que moravam por lá (ou sou eu que sou lenta...vai ver que é isso). Mas, depois de muito penar, o que eu entendi foi:
Glenraven é uma terra mágica habitada por três raças principais (entre outras menores e subservientes): os alfkindirs (que são a elite), os aregens (agora quase extintos, mas que tem incríveis poderes mágicos e já dominaram Glenraven - com mãos de ferro - por um longo período) e os machnam (quase escravos, com uma magia fraca e que tem a aparência semelhante a dos humanos). Aidris Akalan (uma alfkindir de mais de 1000 anos de vida) é a Vigilante Suprema e tem governado com crueldade a terra, despojado os machnam de seu orgulho próprio, matado indiscriminadamente e oprimido mesmo a sua própria raça.
E é para se libertar do domínio de Aidris que os machnam unem todo o seu poder mágico e o colocam sobre um livro que deverá guiar heróis de fora de Glenraven para salvar o país. É assim que Sophie e JayJay acabam de 'férias' nesse país místico e desconhecido para os humanos normais.
O que me irrita é a desconfiança das duas. Quase tudo vai por água abaixo porque as duas são paranoicas, neuróticas e não confiam em absolutamente ninguém. Sem falar que ficam reclamando da falta de conforto em Glenraven, como se não soubessem desde antes de irem para lá, que o local era um 'pedado da idade média encravado no coração da Europa'.
Senti raiva várias vezes, xinguei as protagonistas, reclamei em voz alta com as autoras, mas tudo faz parte da emoção de ler um livro. Muitas vezes você quer matar todo o povo envolvido, mas isso não quer dizer que não está amando cada minuto que gasta lendo.
O livro poderia ser melhor? Sim, poderia. O final é corrido, os personagens, como já mencionei, não são bem desenvolvidos...é falado o que é preciso para as coisas que estão acontecendo ali no momento, mas eu queria saber muito mais.
Como Aidris Akalan se tornou Vigilante Suprema? Como ela conheceu os seus Vigilantes assassinos? Quando descobriu que podia fazer uso deles para viver eternamente? Como era sua vida antes de se tornar imortal? Sempre foi má ou isso veio com os séculos de vida? Por que os machnam perderam os poderes mágicos? Por que Yemus não se apresentou logo de cara para JayJay e falou o que esperavam delas? Por que Mathiall era diferente? Por que ele queria se rebelar? Quanto tempo viverá JayJay agora?
Terminei o livro com a sensação de que faltava algo. Ele empolgou em muitos momentos, mas eu esperava mais. Agora, se me arrependo de ter lido? É claro que não! Mas com certeza não está na minha lista de preferidos.
Um comentário:
Adoro Marion e também li Glenraven, e ao ter minar a leitura fiquei com a sensação de coisas faltando na história mas acho que nós entenderíamos melhor se pudéssemos ler o segundo livro da série In the Rift deve haver mais explicações por lá, mas infelizmente esse não veio ao Brasil simplesmente porque a editora Rocco tem o péssimo hábito de publicar séries pela metade e concordo com você existem muitos livros excelentes dessa autora que é de minhas preferidas que nunca vieram para cá as editoras só quiseram trazer os livros mais famosos dela.
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