Review originalmente postada no site Teleséries (2008)
Série: Terminator: The Sarah Connor Chronicles
Episódios: Queen’s Gambit e Dungeons & Dragons
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 5 e 6
Data de Exibição nos EUA: 11 e 18/2/2008
Data de Exibição no Brasil: 3 e 10/6/2008
Emissora no Brasil: Warner
Um homem do passado de Sarah e um do seu futuro. Um tão diferente do outro, mas ambos igualmente importantes. Queen’s Gambit introduz Derek Reese, o soldado da resistência que sobreviveu ao massacre do T-888 alguns episódios atrás, e que, não por coincidência, é irmão de Kyle Reese, o pai de John. Também traz de volta Charley Dixon, o ex-noivo de Sarah e que foi talvez a única figura paterna realmente importante para o jovem Connor.
Sarah e Derek se encontram no momento da morte de Andy Goode, o soldado é preso e Sarah o ajuda a escapar da prisão. Infelizmente para ele as coisas não são tão fáceis e o T-888 o persegue e Derek é baleado. O exterminador é eliminado e o endoesqueleto recolhido por Cameron, menos a mão que foi encontrada pelo agente Ellison. John, ao descobrir o parentesco com o soldado leva Charley até a casa para salvar o tio.
O grande momento do episódio para mim foi sem dúvida o final, quando Sarah e Charley se encontram, mas confesso que a maior dor que senti foi ao ver Andy assassinado. Eu realmente gostava do rapaz. Inocente e cheio de planos pagou pela própria genialidade. Mas a nova versão do Turk desapareceu, o que me faz perguntar se sua morte não foi em vão.
Queen’s Gambit traz algumas cenas que a princípio não parecem tão relevantes ao desenvolvimento da série, como a entrevista de Cameron pelo conselheiro da escola em relação ao suicídio da estudante no outro episódio, ou ainda a amizade que surge entre John e um dos alunos e mesmo o interesse do garoto pela problemática Cheri Westin. Qual será a importância desses eventos (se é que terá) para o futuro de John ou da série só o tempo dirá. Mesmo assim, gostei particularmente da conversa de Cameron com o Conselheiro e a lógica da máquina ao responder cada pergunta. Outra cena interessante foi na exposição de robôs, enquanto Cameron analisava-os. Ela estava tão mecânica naquele momento que quase parecia um deles.
Já o tom de Dungeons & Dragons foi completamente diferente. Sem os momentos mais leves do episódio anterior, D&D enfoca o passado de Derek e o presente de Charley, que precisa se ajustar ao conhecimento de que nada é como ele acreditava que fosse e principalmente, que a mulher que ele amava continua viva apesar de ter supostamente morrido em uma explosão oito anos atrás. Seu contato com os exterminadores só não pode ser comparado ao que a própria Sarah teve tantos anos atrás, porque ele não está sendo perseguido obsessivamente por um deles, mesmo assim, não deve ser fácil ser jogado nesse novo mundo com tanta coisa sobre o futuro da humanidade para assimilar.
Os flashbacks de Derek foram tensos, mas elucidativos. As imagens do futuro apocalíptico me agradaram bastante e passaram o desespero que é viver num mundo destruído pela guerra, onde a raça humana é perseguida apenas por ser o que é. E foram esses mesmos flashbacks que nos mostraram o motivo de Derek ter se desviado de sua missão original e dado cabo da vida de Andy Goode. Pergunto-me que tipo de tortura os soldados passaram naquele porão, pois a mudança que aqueles momentos operaram em Derek foi profunda e visível. Ele era um homem antes de ser levado àquele campo de concentração e outro completamente diferente depois. Seus olhos morreram, deixando apenas um lampejo de insanidade obstinada.
Edit: Embora, refletindo agora, acredito que o motivo real da mudança profunda em Derek foi saber que o irmão foi levado por Connor para uma missão da qual não voltou (o que levantou ainda mais desconfianças sobre a sanidade e sabedoria Connor). No fundo, Derek vinha lutando principalmente pela sobrevivência de Kyle, tendo a raça humana em si apenas como sua segunda prioridade.
O que eu gostaria de saber é o motivo das máquinas manterem alguns humanos em campos de concentração. Havia algum motivo específico ou só informação mesmo? Porque eu não vejo alguma outra utilidade para a raça humana.
E a morte de Andy trouxe mais um paradoxo: se Andy morreu no passado, Derek não deveria tê-lo conhecido no futuro e tampouco ter aquelas memórias, o que o impediria de voltar e matá-lo.
Interessante ver que Derek, apesar de seguir John, não confiava total e plenamente no líder assim como Kyle o fazia. E eu creio que foi o fato de saber que o irmão havia entrado em uma missão suicida ao lado de Connor que acabou selando o destino de Andy no passado. Derek queria a todo custo mudar o futuro e dar uma chance ao irmão de viver a vida que ele supostamente deveria ter não fosse a rebelião acontecer.
O que eu me pergunto é se Cameron de fato não se lembrava de Derek além do que contou. (Edit: Eu tenho cá comigo que ela tem um passado sombrio que esconde e que ainda lembra, apesar da reprogramação). E aquele modelo que surtou me fez perguntar mais uma vez até onde a reprogramação feita pelos humanos se sustém. Eles são inteligências artificiais, têm capacidade de raciocínio, então, o que os impede de sobrepor a reprogramação e voltarem à diretriz inicial, que é a sobrevivência das máquinas e destruição da humanidade? O que nos leva a uma das cenas que eu mais gostei em D&D: Cameron com Charley enquanto queimava o endoesqueleto do T-888. Até agora sinto calafrios ao lembrar da expressão da garota ao guardar o chip do exterminador eliminado.
Termino com pequenos pontos:
* Para Charley faz oito anos que perdeu a mulher que amava, mas para Sarah faz poucas semanas/meses. Como ela encara essa situação?
* Edit: O DVD traz uma cena excluída do episódio 06 que é uma conversa entre Charley e John logo após Charley conversar com Cameron. Acho que de uma forma geral foi bom não introduzirem a cena no episódio, mas ficou bem claro que Dixon conhece John muito bem e que acha que John vai acabar se apaixonando por Cameron (e que, talvez, seja esta a ideia dos produtores mesmo)
* Não gostei muito do Kyle que a série apresentou. Não sei se é porque eu realmente gostava muito do Michael Biehn nos filmes, mas achei que Jonathan Jackson não tem o impacto que o Bieh causou em O Exterminador do Futuro. Talvez porque o enfoque do episódio fosse o Derek e ele visse o irmão como alguém que precisasse de sua proteção, mas eu achei que o episódio diminuiu um pouco a força que o pai de John tem na história.
Edit: Após ver Anton Yelchin como Kyle em Terminator Salvation até mudei a minha opinião a respeito de Jonathan Jackson. Ele tem muito mais a aura de soldado e herói que o garoto que o interpreta no 4º filme. Ainda o acho muito doce para o Kyle (que é o personagem que mais amo na saga Terminator), principalmente em contraste com Brian Austin Green como Derek, mas acho que no final das contas ele não decepciona.
* A famosa foto de Sarah na versão da série estava muito aquém da original. Tive a sensação de estar vendo uma cópia barata e não “A Foto” que foi capaz de levar um homem a se apaixonar e ir até o passado salvar a mulher que conhecera só por um retrato.
* John Connor por ora é um garoto inteligente, bem intencionado e que confia no ser humano, apesar de tudo o que passou até agora. O John do futuro aprendeu a não confiar. O que o mudou? Entendo a necessidade de não contar a ninguém quem é o seu pai, pois é uma informação tão importante que pode destruir a sua concepção, mas eu sinto que John aprendeu a se tornar um ser humano frio e eu gostaria muito de saber o motivo disso. Não creio que tenha sido apenas a rebelião das máquinas que o levou a mudar.
* Se as máquinas voltaram no tempo para matar Sarah Connor, depois para matar John, e então para outras missões menores, o que as impede de voltar para uma época ainda anterior e adiantar a criação das IA e conseqüentemente adiantar a revolução? Agora nos resta saber como será a vida dos Connor com um Reese entre eles. Charley descobriu quem é Derek, mas e o soldado? Descobrirá a verdade sobre a paternidade de John?
Uma coisa é certa: saber que Kyle foi enviado ao passado para salvar John foi um consolo e, mesmo tendo morrido nessa missão, as palavras de John deixaram claro que se Kyle foi o escolhido para a primeira viagem, foi porque confiava nele como em nenhum outro. O quanto isso acalmará o coração destruído de Derek eu não sei, mas se há alguém capaz de provar que John Connor não é apenas um homem obstinado que não se importa com os que estão ao seu redor, é o próprio John Connor, e agora Derek conviverá com ele como jamais o fez.
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