quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Review: Terminator: The Sarah Connor Chronicles – What He Beheld


Enfim, o último episódio da 1ª temporada. Dói saber que só terei mais 22 para ver.
Por que cancelaram esta série, por que!??
O texto original foi postado no Teleséries (2008). Desta vez fiz algumas adaptações, mas nada muito extenso.



Série: Terminator: The Sarah Connor Chronicles
Episódios: What He Beheld
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 9
Data de Exibição nos EUA: 3/3/2008
Data de Exibição no Brasil: 1/7/2008
Emissora no Brasil: Warner

Quando assisti ao episódio pela primeira vez, eu o achei meio estranho para um final de temporada. Agora, passados três anos, eu o aceitei bem melhor. Talvez porque eu já saiba o que vem depois, mas muito provavelmente é porque não terei que esperar por incontáveis meses até a próxima temporada. Na época a greve dos roteiristas que abalou a tv americana aconteceu e apenas 9 dos 13 episódios inicialmente propostos chegaram a ser produzidos. Acho, inclusive, que este foi o motivo da mudança drástica nos rumos da série na 2ª temporada.
Seja como for, o que eu disse em 2008:

What He Beheld foi bom de assistir, bem conduzido e centrado, o problema é que para um encerramento de temporada ele é estranho. Não consigo ver a relevância para a história como um todo, tirando um ou outro elemento. Tudo bem, tem a busca pelo Turk, mas todo aquele jogo de gato e rato com o falso Sarkissian me parece tão fraco para um final de temporada. É claro que a culpa é da greve dos roteiristas, mas o único BOOM do episódio final é justamente o BOOM.

Descobrirmos que Sarkissian não era na verdade Sarkissian lava um pouco a nossa alma e nos faz sentir que o episódio não foi uma total falta de tempo. Fico fazendo teoria atrás de teoria e no final nem eu faço sentido para mim mesma. Há momentos que penso que alguma máquina voltou no tempo e está manipulando os humanos para que as IA sejam criadas, mas é difícil de acreditar que o homem faria conscientemente um programa para destruir toda a própria raça. Por outro lado, há momentos que penso que as máquinas não têm qualquer ligação e os Connor inadvertidamente se colocaram no meio de um jogo de espionagem industrial.
[Edit: Estava eu aqui pensando no quanto eu era ingênua. Claro que há pessoas que construiriam um sistema para destruir a humanidade se isso implicasse em lucro e vantagens pessoais. Mas acredito que não fosse esse o caso. Ao meu ver, a humanidade vem sendo conduzida pelas máquinas sem saberem do destino final, seduzidos por promessas de tecnologia, dinheiro, fama, imortalidade, enfim, tudo aquilo que move a humanidade no dia a dia. E a construção de Inteligência Artificial é um dos nossos sonhos, então dá para entender como um cientista se sentiria se aparecesse uma máquina do futuro dizendo que isso é possível e mostrando exatamente como fazer.
Agora, essas viagens no tempo me faz questionar uma vez mais a inteligência dessas máquinas. Se eles tem a oportunidade de enviar quantas máquinas julgarem necessário para suas missões, porque não enviam logo um contingente suficientemente grande para dominar a humanidade bem antes do Dia do Julgamento? Por que não retrocedem até o século XIX ou o início do século XX e constroem eles mesmo as suas bases? Por que ficam apenas enrolando nessas missões tolas e individuais? A humanidade não teria a menor chance se eles quisessem investir de verdade contra nós, e 100 anos atrás John Connor sequer existiria para tentar atrapalhar. Mas voltando à programação normal da resenha...]

O interessante é que apesar da falta de força do episódio para um final de temporada, foi muito instrutivo e tocante em algumas coisas. Posso dizer sem medo que adorei a cena em que John é tomado como refém e Derek atira no falso Sarkissian. Pergunto-me se Derek temeu em algum momento que John fosse eliminado bem ali, na sua frente. E toda a cena ganha um contorno especial quando percebemos que ele sabe que John é seu sobrinho. Importantíssima a conversa entre os dois enquanto observam os irmãos Reese jogando beisebol. Ela nos mostra um outro lado de Derek. Aliás, o episódio inteiro mostra um lado diferente dele, como se estivesse a nos provar (e a mim em especial) que apesar de completamente destruído emocionalmente, Derek continua sendo um ser humano.

É triste não? John viu o pai quando Kyle era menor que ele, no futuro o conhecerá tão bem  quanto a um irmão, mas nunca, jamais terá o prazer de chamá-lo de pai. É estranho pensar que um filho seja na verdade o mentor do pai, aquele que o cria e o faz ser quem é. Kyle Reese se torna o grande homem por quem sua mãe se apaixonará graças a John Connor, que é fruto da pessoa que Kyle se tornou e que ajudou a moldar Sarah e a personalidade do filho. Desisti de entender. Paradoxos foram feitos para serem incompreendidos.

Também foi importante o agente Ellison fazendo a conexão entre as coisas. Finalmente ele conseguiu fazer uma ligação consistente e que o FBI aceitou como plausível entre Kester/Lazlo e os crimes. O azar dele e de seu esquadrão, é que estavam justamente lidando com Cromartie e só Ellison sobreviveu para contar a história (o motivo só fui entender de verdade na 2ª temporada, mas, a despeito disso, creio que Cromartie também não o matou por ele não representar mais nenhuma ameaça).

Eu acho essa cena absolutamente fantástica. A música de fundo (The Man Comes Around, do Johnny Cash que, diga-se de passagem, não vem com legenda no DVD que foi lançado no Brasil), o tiroteio, os agentes caindo um a um na piscina, e coroando com a chegada de Charley. O futuro e presente estão tão misturados que não dá mais para saber se o homem luta contra a ameaça que está por vir, ou a ameaça que já está aqui.

E a cena da explosão. O que será da Cameron daqui para frente? Não era quente o suficiente para destruir seu endoesqueleto, mas a carne se foi, com certeza. Nós sabemos como um exterminador se reconstrói, mas como será esse processo para Cameron? E, uma dúvida pessoal: como eles se regeneram quando têm apenas estragos leves? (tiros de bala, rasgões no braço, uma ou outra parte de pele estraçalhada e endoesqueleto à mostra e afins)

Mas apesar de Cameron não estar morta, foi um final bombástico e disso eu não reclamo de forma alguma. Minha única crítica é que acabou. Maldita greve dos roteiristas!

Para terminar eu queria fazer apenas um comentário: no início do episódio, quando Sarah expulsa Dixon da porta da casa, a primeira coisa que passou pela minha mente é que ela precisa se permitir viver. Apesar de eu compreender a necessidade de segurança, afastar todas as pessoas que te amam não é uma boa política. Do que vale viver se você não se permite aproveitar a vida que custa tanto para manter? Foi uma surpresa vê-la repetindo para John no final do episódio exatamente o que eu havia pensado. Evitar a construção da Skynet é a missão, mas a vida é o aqui e o agora. E isso vale para todos nós.

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