Resumo: Segundo as 'Belas e Precisas Profecias' de Agnes Nutter, Bruxa (o único livro do mundo de profecias completamente preciso, escrito em 1655, antes que ela explodisse), o mundo vai acabar num sábado. No próximo sábado, e ainda por cima antes do jantar. O que é um grande problema para os anjos Aziraphale, emissário do Céu, e seu colega Crowley, que na época de Adão ocupava o posto de Serpente do Paraíso. Eles precisam impedir o Apocalipse, porque a Terra é um ótimo lugar para se viver, pelo menos na opinião deles. Portanto, eles não têm outra alternativa senão encontrar e matar o Anticristo, a mais poderosa criatura do planeta. Mas parece que alguém perdeu o Anticristo...
Livro: Good Omens - The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter, Witch (Belas Maldições - Belas e Precisas Profecias de Anges Nutter, Bruxa)
Autor(es): Neil Gaiman & Terry Pratchett
Editora: Harpertorch
(em português, Bertrand Brasil - Tradução: Fabio Fernandes)
nº de páginas: 412 (edição em inglês, paperback)
"Bringing about the Armageddon can be dangerous.
Do not attempt it in your own home"
Terminei de ler Good Omens há cerca de um mês. Queria ter escrito algo a respeito logo em seguida, mas a vida, esta bandida, como sempre se interpôs no caminho e não consegui sentar e colocar algo no papel antes de hoje. Ou seja, não lembro mais qualquer coisa remotamente relevante que queria comentar.
Antes de qualquer coisa eu preciso dizer que queria muito, mas muito mesmo gostar de Good Omens. O livro é praticamente unanimidade de qualidade entre todas as pessoas que eu considero muito em questão de gosto literário, mas infelizmente ele não me tocou. Assim como aconteceu com O Guia dos Mochileiros das Galáxias (de Douglas Adams), acabei finalizando a leitura mais por obrigação do que por prazer. Acho que tem a ver com o estilo, meio lúdico, cínico, um tantinho esdrúxulo e que faz do absurdo coisa séria. Não consigo criar empatia com esse tipo de texto. Eu reconheço a qualidade da escrita, salta aos meus olhos o quanto os dois são bons no que fazem, mas meu reconhecimento é técnico e não apaixonado.
Nunca tinha lido nada do Neil Gaiman e nem do Terry Pratchet, só os conhecia de ouvir falar (bem) e dos roteiros para cinema e tv que o Neil Gaiman fez, o que significa dizer que não conseguia identificar quando era um ou outro que escrevia o texto. Quero dizer, dá para perceber a diferença (mas não tão claramente quanto se imagina) quando é um autor ou outro (um deles tem o péssimo hábito de ficar falando trivialidades que só enrolam e não levam a lugar algum), mas eu não saberia dizer o que foi Neil ou Terry que escreveu.
O que eu sei é que teve partes que eu adorei, de verdade, alguns personagens conseguiram me conquistar desde o início (Aziraphale, Crowley, Anathema Device e Newt Pulsifer), enquanto outros eu odiava cada cena em que apareciam (Adam, os Eles, Shadwell...)
Acho que minha maior dificuldade foi o idioma. Li praticamente 70% do livro em inglês e percebi claramente o quão difícil foi acompanhar algumas coisas. Gaiman e Pratchett usam muitos jogos de palavras, piadas específicas para o público inglês e um sem número de expressões que me enlouqueciam tentando entender (sem falar do próprio absurdo das situações descritas, o que por si só dificultavam a compreensão). Depois que passei a alternar o livro com a versão em português (que eu tinha no computador e lia nas horas que não tinha o paperback por perto) muita coisa ficou mais compreensível e principalmente a leitura fluiu com mais rapidez (e talvez por isso tenha ficado mais agradável).
É bem verdade que também chegou a um ponto da história que a coisa estava tão cheia de adrenalina (afinal, o Armagedon estava a pleno vapor!) que eu me vi grudada às páginas, querendo ou não.
Algumas coisas no livro são um pouco datadas, já que foi escrito no final da década de 80, mas ao mesmo tempo mostram bem o tipo de preocupação e pensamento que permeava a mente da população naquela época (em especial a angústia com o meio ambiente, como seríamos vistos diante de nações alienígenas e essas coisas todas).
Mas o melhor do livro todo é o apêndice, ou melhor, 'Belas Maldições, os Fatos' (ou, ao menos, as mentiras que têm sido consagradas pelo tempo), que conta um pouco sobre como foi para os autores escrever o livro, o que os motivou, como era o procedimento (e escrever em parceria em uma época que não havia internet e o único contato era pelo telefone não era nem de longe tão fácil como hoje) e algumas anedotas interessantes.
"The point they both realized the text had wandered into its own world was in the basement of the old Gollancz books, where they'd got together to proofread the final copy, and Neil congratulated Terry on a line that Terry knew he hadn't written, and Neil was certain he hadn't written either. They both privately suspect that at some point the book had started to generate text on its own, but neither of them will actually admit this publicly for fear of being thought odd".
E é claro, Neil Gaiman on Terry Pratchett, e Terry Pratchett on Neil Gaiman, onde os autores dizem como se conheceram, a amizade que perdura por anos e como veem um ao outro.
O apêndice por si só vale o livro todo.
Outra coisa legal são as capas diferenciadas. A de cor branca, traz o demônio Crowley na capa (é a que eu tenho), enquanto a de cor preta traz o anjo Aziraphale (a que meu amigo comprou e eu fiquei babando).
Pesando pós e contras, não me arrependo de ter lido o livro e de forma alguma me desestimulou a ler outros títulos com os autores. American Gods, inclusive, está na minha lista de 'precisam ser lidos' (e de preferência adquiridos...tem até em Português! A preço de ouro, mas tem). Só me chateia um pouco não ter gostado de um livro que eu esperava de todo coração gostar. Mas assim é a vida, cheia de surpresas.
2 comentários:
Somos dois então: O Guia do Mochileiros é a pior coisa que li desde o 1o. capítulo de O Segredo, da Byrne. E, para mim, são totalmente equiparáveis: "licso"
Bom saber que eu não sou a única a não gostar de O Guia dos Mochileiros das Galáxias :D
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